Nissan anuncia fechamento de 7 fábricas e 20 mil demissões

Montadora japonesa intensifica plano de reestruturação global para enfrentar crise financeira e recuperar lucratividade até 2026

Nissan fará cortes para tentar voltar a ter lucro
Foto: Divulgação
Nissan fará cortes para tentar voltar a ter lucro

Nissan revelou esta semana um plano drástico de reestruturação que prevê o fechamento de sete  fábricas em todo o mundo e o corte de aproximadamente 20 mil postos de trabalho até 2027, número bem superior às 9 mil  demissões previstas há poucos meses.

O programa de recuperação, batizado de "Re:Nissan", reduzirá o número de plantas industriais da empresa de 17 para apenas 10. Atualmente, a montadora opera três fábricas nos Estados Unidos, que empregam cerca de 16 mil trabalhadores, além de uma unidade no México.

Como parte do plano, a empresa designará uma equipe de 300 pessoas dedicadas exclusivamente a iniciativas de redução de custos. A reestruturação também prevê uma reformulação na cadeia de fornecedores para garantir maior volume com menos parceiros.

A Nissan pretende diminuir a complexidade de peças em 70% e racionalizar sua estratégia de motores, o que inclui o cancelamento da construção planejada de uma fábrica de baterias de fosfato de ferro-lítio em Kyushu, no Japão.

Outro objetivo é encurtar o tempo de desenvolvimento de veículos de 37 para 30 meses. Até 2035, a montadora planeja utilizar apenas sete plataformas globais, uma redução significativa em comparação com as 13 atuais.

Raízes da crise e estratégia de recuperação

O novo presidente e CEO da Nissan, Ivan Espinosa, afirmou que a empresa precisa priorizar melhorias internas com maior urgência, buscando uma lucratividade menos dependente de volume, sinalizando um afastamento da estratégia anterior focada em vendas de modelos mais acessíveis.

A montadora japonesa enfrenta um declínio gradual em mercados importantes ao longo da última década. A empresa respondeu lentamente a novos concorrentes e demorou a expandir sua oferta de veículos elétricos após o lançamento da primeira geração do Leaf.

Nos Estados Unidos, a Nissan não reagiu rapidamente à queda na popularidade dos sedãs, segmento que dominou por muito tempo junto com Honda e Toyota, enquanto também não atualizou seus crossovers com a agilidade necessária.

A marca de luxo Infiniti não recebeu atenção suficiente na última década após alguns sucessos no início dos anos 2000, e agora enfrenta um futuro cada vez mais incerto no competitivo mercado premium.

Recentemente, a Nissan viu as negociações de fusão com a Honda fracassarem rapidamente, perdendo o que poderia ter sido uma aliança estratégica importante diante da crescente concorrência de fabricantes sul-coreanos e chineses.

Para o mercado americano, a estratégia inclui abordar segmentos em rápida expansão, como o de veículos híbridos, além de revitalizar a marca Infiniti através de sinergias com a marca principal Nissan.

Com o plano de recuperação, a montadora espera retornar à lucratividade operacional até o ano fiscal de 2026, enquanto enfrenta a crescente pressão de fabricantes chineses que têm conquistado participação de mercado em diversas regiões-chave.

A ascensão contínua das montadoras chinesas provavelmente definirá a segunda metade desta década para a Nissan e outras fabricantes japonesas que lutam para manter suas posições em vários mercados estratégicos ao redor do mundo.