
Um Cadillac DeVille 1957, totalmente envolto por concreto, tem chamado atenção no estacionamento do campus North da Universidade de Chicago. O valor do veículo pode girar em torno de R$ 100 mil.
À primeira vista, parece uma escultura feita por uma criança com blocos de cimento. Mas ali dentro há um carro de verdade — selado sob 16 toneladas de material desde 1970.
Projeto artístico?
A obra, chamada Concrete Traffic, foi idealizada pelo artista alemão Wolf Vostell. Conhecido por intervenções urbanas, escultor já havia feito algo parecido um ano antes em Colônia, na Alemanha, ao despejar concreto sobre um Opel Kapitän com o motor ainda ligado e o rádio funcionando.
O ato era uma forma de protesto contra a velocidade do consumo e o colapso entre tecnologia e cotidiano.
O impacto da ação chamou a atenção do recém-fundado Museu de Arte Contemporânea de Chicago, que convidou Vostell para repetir o projeto nos Estados Unidos.
Em vez de um protesto improvisado, o artista contou com apoio técnico: um molde foi montado ao redor do Cadillac, reforçada com malha de aço, e o concreto foi despejado de forma planejada.
A obra foi instalada em um estacionamento público na região de River North e, depois, doada à Universidade de Chicago.
Durante mais de 40 anos, o Cadillac de concreto permaneceu ao ar livre. Ao longo do tempo, infiltrações e reformas mal executadas causaram danos à estrutura. O concreto rachou, os pneus murcharam, a ferrugem tomou conta da suspensão, e o para-brisa cedeu.
Restauração

Nos quatro anos seguintes, uma equipe formada por engenheiros, restauradores e mecânicos atuou na recuperação da peça.
O objetivo era preservar a aparência original, corrigir danos estruturais e garantir que o carro e o concreto pudessem resistir ao tempo.
Hoje, o Concrete Traffic está de volta à rua. Quem passa pelo local vê um carro que parece esculpido em pedra, mas que um dia rodou pelas avenidas com motor V8.