
Volvo Cars confirmou nesta segunda-feira (26) a eliminação de 3.000 postos de trabalho em sua operação global.
A medida, classificada pela companhia como “uma ação estrutural necessária”, reflete o impacto da desaceleração na demanda por veículos elétricos, o aumento dos custos operacionais e o agravamento das tensões comerciais internacionais.
O plano de ajuste atinge majoritariamente profissionais de funções administrativas, com foco na sede, em Gotemburgo, na Suécia.
Segundo Reuters, a própria montadora diz que os cortes representam cerca de 15% do quadro de funcionários corporativos, que totaliza 43.500 pessoas.
“É um trabalho de colarinho branco em quase todas as áreas, incluindo pesquisa e desenvolvimento, comunicação e recursos humanos”, afirmou Håkan Samuelsson, CEO da Volvo Cars, em entrevista.
Crise avança no mercado de elétricos
O movimento integra um programa robusto de redução de custos, anunciado em abril, que visa economizar 18 bilhões de coroas suecas — equivalente a aproximadamente R$ 10,8 bilhões na cotação atual.
A iniciativa também inclui a revisão de investimentos estratégicos e a otimização dos processos internos.
A Volvo estima um custo extraordinário de 1,5 bilhão de coroas suecas — R$ 900 milhões, valor que impactará diretamente o balanço financeiro do segundo trimestre e continuará refletindo nos resultados até 2026.

De acordo com Fredrik Hansson, diretor financeiro da companhia, “todos os departamentos e locais são afetados, mas Gotemburgo concentra a maioria das demissões”.
O executivo destacou que “o redesenho da estrutura busca elevar a eficiência operacional de maneira permanente”.
A montadora atribui parte das dificuldades à desaceleração global na venda de veículos elétricos, segmento que até então sustentava sua estratégia de transição energética.
A Volvo revisou recentemente as metas de eletrificação. Originalmente, o compromisso era tornar toda a frota 100% elétrica até 2030. Agora, a meta contempla uma frota entre 90% e 100% eletrificada, incluindo modelos híbridos.
Guerra comercial
O ambiente externo também pressiona. Com unidades produtivas na Europa e na China, a Volvo se vê mais exposta às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre veículos importados, superando até mesmo o impacto sentido por rivais europeus.

A empresa reconheceu que, dependendo da evolução desse cenário, poderá ser inviável exportar alguns modelos para o mercado norte-americano.
A decisão surge em meio à escalada protecionista global. Na última sexta-feira (23), o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de 50% sobre produtos da União Europeia.
Embora tenha recuado na data inicial de 1º de junho, o novo prazo, fixado em 9 de julho, mantém acesa a tensão entre Washington e Bruxelas.
O mercado reagiu com volatilidade. As ações da Volvo Cars chegaram a subir 3,6% no início da sessão, mas acumulam queda de 24% no ano, refletindo o pessimismo dos investidores sobre os desafios do setor.