O Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe (Latin NCAP) divulgou o terceiro resultado de 2025 com desempenho abaixo do esperado para o Peugeot 2008.
O modelo produzido na Argentina, e comercializado para o Brasil, obteve apenas uma estrela nos testes de segurança.
Desde a adoção do novo protocolo em 2020, nove modelos da Stellantis avaliados pela entidade não ultrapassaram a marca de duas estrelas.
A unidade testada do 2008, equipada com quatro airbags (dois frontais e dois laterais para o tórax), Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC) de série e Sistemas Avançados de Assistência à Condução (ADAS) como opcionais, alcançou os seguintes percentuais:
- 42,16% em proteção para ocupantes adultos;
- 59,21% para ocupantes infantis;
- 54,48% em proteção a pedestres e usuários vulneráveis;
- e 55,81% em sistemas de assistência à segurança.
Detalhes sobre a análise
O teste de impacto lateral de poste resultou em pontuação zero devido à ausência de proteção lateral para a cabeça nas fileiras dianteira e traseira das versões mais acessíveis. Essa falha limitou a nota final a uma estrela.
O Latin NCAP avaliou o modelo nos quesitos de impacto frontal, impacto lateral, efeito chicote (whiplash), proteção a pedestres, ESC e sistema de assistência de velocidade (SAS).
No impacto frontal, a estrutura do veículo foi considerada instável. No teste de impacto lateral, a proteção foi classificada como boa para todas as regiões corporais.
No entanto, a proteção ao peito da criança de 1 ano e meio foi considerada deficiente. Já a proteção à cabeça e ao peito da criança de 3 anos poderia apresentar melhor desempenho, segundo o programa.
Na proteção a pedestres, os resultados foram mistos: bom desempenho geral, mas com alto risco de lesões nas áreas próximas ao para-brisa e aos pilares A.
As partes superior e inferior das pernas receberam avaliação de adequada a boa.
O veículo não atingiu a pontuação mínima de segurança passiva exigida para obter nota no quesito ADAS, tampouco cumpriu as taxas mínimas de disponibilidade.
Airbags laterais de cortina e o interruptor de desativação do airbag do passageiro dianteiro — item essencial para transportar crianças de costas — são oferecidos apenas nas versões mais caras.
De acordo com os protocolos vigentes da associação, os fabricantes podem solicitar a avaliação dos itens de segurança opcionais, mas a Peugeot não formalizou esse pedido para o modelo 2008.
Desde 2010, o Latin NCAP testa as versões com o menor nível de equipamento de segurança passiva.
A entidade recomenda a consumidores que optem por veículos equipados com proteção lateral para a cabeça e tecnologias ADAS eficazes, como frenagem autônoma de emergência.
O que dizem os especialistas?
Para o secretário-geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, o resultado do Peugeot 2008 representa mais um sinal de descaso da Stellantis com os padrões de segurança na América Latina.
Furas destacou que há concorrentes no mercado regional que oferecem melhores equipamentos de série, como o Nissan Kicks Play, o Hyundai Creta e o Volkswagen T-Cross, este último com classificação máxima em segurança.
"É preocupante ver que fabricantes de veículos líderes continuem oferecendo modelos com desempenho de segurança tão baixo, como se as vidas na América Latina e no Caribe não importassem tanto quanto as da Europa", afirmou.
Stephan Brodziak, presidente do Conselho de Administração da entidade, classificou a nota de uma estrela como "inaceitável" e atribuiu o desempenho inferior à estratégia comercial da montadora.
Segundo ele, não se trata de uma limitação técnica, mas de uma decisão deliberada de cortar custos, deixando de incluir itens que estão disponíveis em mercados mais exigentes.
Para Brodziak, “é alarmante que tecnologias e níveis de proteção que o mesmo modelo oferece em outros mercados não sejam incluídos como equipamento padrão na América Latina e no Caribe”.
Ele defendeu ainda a criação de uma rotulagem obrigatória de segurança veicular, com o objetivo de garantir mais transparência e possibilitar que consumidores tomem decisões informadas.
A Stellantis não se manifestou até o momento.