
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na quinta-feira (12) que considera aumentar as tarifas sobre veículos importados.
A medida, segundo ele, teria como objetivo estimular fabricantes globais a estabelecerem unidades produtivas em território norte-americano.
“Posso aumentar essa tarifa num futuro não muito distante”, declarou Trump durante evento na Casa Branca. “Quanto mais alto, maior a probabilidade de construírem uma usina aqui.”
A declaração reacende o debate sobre a política tarifária adotada por Washington desde o início do mandato republicano, que elevou impostos sobre diversos setores industriais, com especial foco na indústria automotiva.
Atualmente, a alíquota imposta por Trump sobre carros importados está em 25%.
Como isso afeta as marcas?

Fabricantes têm pressionado o governo para reavaliar a medida. As chamadas “Três Grandes” de Detroit — General Motors, Ford e Stellantis — manifestaram descontentamento com acordos comerciais que beneficiam o Reino Unido, sem alterar as condições tarifárias aplicadas a veículos produzidos no Canadá ou no México.
Trump usou como justificativa para a política protecionista uma série de investimentos anunciados recentemente no setor automotivo.
A General Motors, por exemplo, revelou nesta semana planos de aplicar US$ 4 bilhões — R$ 22,275 bilhões — em três fábricas nos EUA e transferir parte da produção de SUVs que hoje ocorre no México.
O presidente também citou o investimento de US$ 21 bilhões — quase R$ 117 bilhões — anunciado pela Hyundai em março, que inclui a construção de uma nova siderúrgica em solo americano.
“Eles não teriam investido 10 centavos se não tivéssemos tarifas, inclusive para a fabricação de aço americano, que está indo muito bem”, afirmou.
No mês passado, o governo mexicano comunicou que os veículos produzidos no país e exportados para os Estados Unidos estarão sujeitos a uma tarifa média de 15%.
Impactos financeiros
As montadoras enfrentam crescentes pressões financeiras em função da atual estrutura tarifária.
Nas últimas semanas, Ford e Subaru anunciaram aumentos no preço de determinados modelos, o que reflete o repasse dos custos adicionais ao consumidor final.
Em maio, a Ford estimou que as tarifas representariam um impacto de aproximadamente US$ 1,5 bilhão — cerca de R$ 83 bilhões — em seu lucro ajustado.
A General Motors informou recentemente que a exposição tarifária da companhia varia entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões — entre R$ 22 e 27 bilhões.
Desse total, cerca de US$ 2 bilhões — equivalente a R$ 11 bilhões — se referem a veículos populares importados da Coreia do Sul, onde a empresa mantém produção de modelos básicos das marcas Chevrolet e Buick.
O panorama sugere que a política comercial da Casa Branca continuará sendo fator determinante na definição das estratégias industriais do setor automotivo nos próximos meses.