Luca De Meo ocupou o cargo de CEO da Renault por cinco anos
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Luca De Meo ocupou o cargo de CEO da Renault por cinco anos

O CEO da Renault, Luca de Meo, deixará o comando da montadora francesa em meados de julho para assumir o cargo de presidente-executivo da Kering, grupo que controla marcas de luxo como Gucci, Yves Saint Laurent e Balenciaga.

A informação foi confirmada pela empresa francesa ao anunciar a decisão do italiano. 

"Luca de Meo expressou sua decisão de renunciar para assumir novos desafios fora do setor automotivo", declarou a Renault em nota oficial. A Kering não comentou sobre o assunto.

A possível nomeação de De Meo marca um movimento inesperado tanto no setor automotivo quanto na indústria do luxo.

Ele substituiria François-Henri Pinault, que lidera a Kering há duas décadas. A família Pinault, que mantém o controle acionário do grupo, continuaria na presidência do conselho da empresa.

5 anos como CEO

De Meo assumiu a Renault em 2020, após passagem pelo Grupo Volkswagen. Enfrentou uma montadora abalada pela crise da pandemia e prejuízos históricos.

De Meo sai em momento de instabilidade para empresas europeias
Divulgação
De Meo sai em momento de instabilidade para empresas europeias

Implementou cortes de custos, enxugou a capacidade industrial global e reformulou a aliança estratégica com a japonesa Nissan, encerrando décadas de conflitos internos.

Sob sua gestão, a Renault voltou à lucratividade e se tornou a montadora de melhor desempenho na Europa nos últimos cinco anos, com valorização de 90% nas ações. No mesmo período, Stellantis avançou 15% e a Volkswagen recuou 38%.

A saída de De Meo, anunciada no domingo (15), representa a segunda mudança relevante em montadoras europeias em menos de seis meses.

No início do ano, Carlos Tavares renunciou à presidência da Stellantis, ampliando a instabilidade no setor diante da concorrência chinesa e das barreiras comerciais impulsionadas pelo governo dos Estados Unidos.

Como está o setor de luxo?

A possível ida de De Meo à Kering ocorre em um momento delicado para o conglomerado de luxo.

A companhia acumula mais de 10 bilhões de euros em dívidas e enfrenta dificuldades para reverter a perda de valor de suas ações, que caíram mais de 60% nos últimos dois anos.

A instabilidade na Gucci, sua principal marca, com frequentes trocas de estilistas e resultados abaixo do esperado, acentuou a pressão por mudanças estratégicas.

Fontes próximas ao grupo afirmaram à Reuters que Pinault já vinha trabalhando em um plano de sucessão, que incluiria a separação dos cargos de presidente do conselho e CEO.

Nesta segunda-feira (16), a Kering cancelou de forma inesperada um evento com analistas, sem informar o motivo.

A Nissan em meio ao caos

Enquanto isso, a aliança Renault-Nissan continua sob observação. O jornal Nikkei revelou que a Nissan avalia vender parte de sua participação na Renault.

Sede da Nissan no Japão
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Sede da Nissan no Japão

Em comunicado, a empresa japonesa afirmou que "não houve nenhuma mudança no relacionamento cooperativo de longa data entre a Nissan e a Renault" e que nenhuma "decisão definitiva" foi tomada quanto à venda de ações.

Apesar dos ventos externos desfavoráveis que atingem as montadoras europeias, a Renault evitou emitir alertas de lucros no último semestre.

O foco no mercado europeu contribuiu para blindar a empresa dos efeitos das medidas tarifárias dos EUA, que têm afetado especialmente grupos como BMW e Mercedes-Benz.

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