
A forte neblina que cobria a BR-101, em Sangão (SC), na manhã desta terça-feira (15), foi o pano de fundo para um engavetamento que envolveu cerca de 15 veículos.
O caso, que interditou a rodovia e deixou quatro pessoas feridas, reacende um alerta frequente em rodovias brasileiras: os riscos de dirigir sob visibilidade reduzida, especialmente nos meses de inverno.
Apesar de não haver confirmação oficial sobre a causa do acidente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a concessionária ViaCosteira apontam a densa neblina como fator determinante.
A colisão em cadeia escancarou um cenário recorrente e muitas vezes subestimado pelos motoristas: a dificuldade de reação em trechos encobertos.
A visibilidade como fator crítico
Dirigir em meio à neblina é uma das situações mais perigosas para quem está ao volante.
Ao limitar o campo de visão e distorcer a percepção de distância, o nevoeiro cria armadilhas silenciosas: exige frenagens mais longas, reduz o tempo de reação e aumenta exponencialmente o risco de colisões em série, como o que ocorreu no km 365 da BR-101, em Sangão.
Especialistas alertam que a neblina, por si só, raramente é a única causa de acidentes. O fator determinante, quase sempre, é a manutenção da velocidade em condições inseguras, além da distância inadequada entre veículos.
- VEJA ORIENTAÇÕES: Farol de neblina: quando e como usar para dirigir com segurança
Em situações extremas, como a registrada nesta terça, o engavetamento é consequência direta de um efeito dominó: o primeiro impacto, seguido de uma sequência inevitável de colisões.
Como dirigir com segurança na neblina
A neblina é mais comum no inverno, em especial nas primeiras horas da manhã.
Ainda assim, muitos motoristas ignoram os riscos e mantêm o padrão de direção como se o tempo estivesse claro. A PRF recomenda algumas medidas básicas:
- Reduzir a velocidade de forma progressiva
- Aumentar a distância entre os veículos
- Usar farol baixo e farol de neblina, se disponível
- Evitar ultrapassagens
- Acionar o pisca-alerta apenas com o carro parado
Se a visibilidade estiver muito comprometida, o ideal é parar em local seguro, fora da pista, e aguardar a melhora das condições.
O papel do farol de neblina
Apesar de ser opcional, o farol de neblina é um importante aliado em situações como a enfrentada na BR-101.
Posicionado na parte inferior do veículo, ele emite um feixe de luz mais curto e baixo, ideal para iluminar o chão e as laterais da pista sem refletir nas partículas de água em suspensão.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) permite seu uso somente em caso de neblina, chuva intensa ou fumaça.
Usá-lo fora dessas condições pode gerar multa de R$ 88,38 e três pontos na CNH. Já trafegar apenas com ele ligado, sem o farol baixo, configura infração média (R$ 130,16 e quatro pontos).
O caso de Sangão não é isolado. Todo inverno, acidentes similares são registrados no Sul e Sudeste do país.
Em muitos deles, o padrão se repete: formação de neblina nas primeiras horas da manhã, tráfego intenso e motoristas despreparados para a mudança repentina das condições da estrada.
Rodovias federais e estaduais têm reforçado campanhas de orientação, mas o número de ocorrências segue elevado.
A falta de sinalização adequada em alguns trechos, combinada à imprudência, transforma fenômenos naturais em ameaças previsíveis e evitáveis.
O que aconteceu em Sangão
O acidente foi registrado às 7h13 (horário de Brasília), no sentido sul da rodovia. Se envolveram no caso cerca de 15 veículos, entre carros de passeio e caminhões.
Das vítimas, duas tiveram ferimentos leves, uma está em estado moderado e outra em estado grave. Outras 12 saíram ilesas.
A rodovia chegou a ficar totalmente interditada até as 10h, quando uma faixa foi liberada. O congestionamento, segundo a concessionária ViaCosteira, atingiu 6 km no sentido sul e 4 km no norte.
A ocorrência foi tratada como “atípica”, mas não inédita: episódios semelhantes já ocorreram na mesma região, em anos anteriores, quase sempre associados a neblina densa.