
A Volkswagen informou na sexta-feira (29) que teve impacto de € 1,3 bilhão (R$ 8,37 bilhões) no primeiro semestre de 2025 devido às tarifas dos Estados Unidos e reduziu suas previsões de vendas e margem de lucro para o ano inteiro.
O anúncio é a primeira avaliação oficial da empresa sobre os efeitos da guerra comercial iniciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e reflete as dificuldades adicionais enfrentadas pelo setor automotivo europeu.
A montadora agora espera margem operacional entre 4% e 5% em 2025, abaixo da estimativa anterior de 5,5% a 6,5%. As vendas, antes projetadas para crescer até 5%, devem ficar estáveis.
As ações da companhia caíram 4,6% no pregão inicial, mas se recuperaram e subiram 1% às 13h05 GMT (10h05, horário de Brasília).
O resultado operacional no segundo trimestre foi de € 3,8 bilhões (R$ 24,47 bilhões), queda de 29% em relação a 2024, afetado por tarifas, custos de reestruturação e menor margem dos veículos elétricos.
Contexto e resposta
As tarifas impostas pelos Estados Unidos levaram a indústria automotiva a perdas bilionárias.
A União Europeia negocia reduzir a tarifa de 25% aplicada desde abril, diante da ameaça de elevação para 30% a partir de 1º de agosto.
Oliver Blume, CEO da Volkswagen, disse que a empresa “precisa intensificar os esforços de corte de custos”, enquanto o diretor financeiro Arno Antlitz alertou que a margem dependerá de um acordo comercial semelhante ao firmado entre Estados Unidos e Japão, que reduziu tarifas para 15%.
Audi e Porsche, que dependem de exportações para os Estados Unidos, foram as mais afetadas.
No segundo trimestre, o lucro operacional da Porsche caiu mais de 90%, para € 154 milhões (R$ 992 milhões), e o da Audi recuou 64%, para € 550 milhões (R$ 3,54 bilhões).
Blume afirmou que ambas devem “atingir o fundo do poço em 2025” e recuperar resultados a partir de 2026.
Apesar de aumento de 1,5% nas entregas globais no semestre, as vendas nos Estados Unidos caíram quase 10%, representando 18,5% da receita global.
A desaceleração no mercado europeu pressiona o plano de reestruturação que prevê corte de mais de 35 mil postos até o fim da década.