Passagem do Fiat Marea pela Mongólia
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Passagem do Fiat Marea pela Mongólia

Na lista de veículos ideais para cruzar continentes, o Fiat Marea dificilmente estaria no topo.  Com fama de problemático desde seu lançamento no Brasil em 1998, o sedã italiano é lembrado por custos altos de manutenção e por ser alvo frequente de piadas automotivas.

Mesmo assim, foi justamente ele que levou o criador de conteúdo espanhol Fábio Belnome em uma jornada de 25 mil quilômetros, da Espanha ao Japão, atravessando 36 países em três meses.

A aventura começou com um orçamento apertado – menos de mil euros (cerca de R$ 6 mil) para comprar o carro. Entre as opções disponíveis, o Marea parecia improvável, mas confiável o suficiente.

Equipado com motor 1.9 a diesel e histórico de único dono desde 1998, passou por revisão básica e ganhou adaptações simples: galões extras de combustível, colchão improvisado no lugar do banco do passageiro e espaço para ferramentas.

Fiat Marea durante travessia entre a Coreia do Sul e Japão
Reprodução/Instagram
Fiat Marea durante travessia entre a Coreia do Sul e Japão

O destino era ousado: cruzar a Europa e a Ásia até o Japão, enfrentando estradas congeladas, regiões de infraestrutura precária e até áreas próximas à fronteira com a Coreia do Norte.

Com isso, ele viajou pela Espanha, França, Itália, Alemanha, Polônia, Ucrânia, Rússia, Irã e Coreia do Sul e Japão

A cada dia de viagem, Belnome registrava trechos e imprevistos para mais de 1,2 milhão de seguidores no Instagram e no TikTok, transformando um carro desacreditado em protagonista de uma saga.

Estradas, fronteiras e noites na Sibéria

O trajeto colocou à prova a resistência do Marea e a criatividade de seu condutor. Na Sibéria, temperaturas negativas exigiram isolamento improvisado e um sistema de aquecimento rudimentar para dormir no carro.

Fiat Marea que viajou da Espanha ao Japão durante passagem no Quirquistão
Reprodução/Instagram
Fiat Marea que viajou da Espanha ao Japão durante passagem no Quirquistão

Em outros países, como o Irã, o desafio era encontrar diesel de qualidade – combustível pouco usado por automóveis na região.

Nem sempre foi possível evitar oficinas. O carro apresentou falhas mecânicas ao longo do caminho, incluindo um cárter rachado e a troca de óleo feita às pressas em regiões onde peças eram praticamente inexistentes. Em algumas cidades, mecânicos admitiam nunca ter visto um Fiat antes.

Apesar dos perrengues, o espanhol manteve a rota original.

“Mesmo quando o carro quebrou ou eu precisava dormir em postos de gasolina, nunca pensei em desistir”, contou ao portal Motor.es.

O objetivo era registrar cada quilômetro e provar que um carro simples poderia enfrentar uma expedição digna de expedições profissionais.

Um resgate de imagem pelas redes sociais

Curiosamente, o Marea usado nessa jornada quase não viveu essa história. Após uma viagem anterior à Noruega, Belnome chegou a rifá-lo entre seguidores, mas ninguém apareceu para buscar o prêmio.

O carro ficou parado por meses até que o criador decidiu dar a ele uma “última missão” – que acabou mudando seu destino.

Os vídeos da viagem viralizaram, ajudando a reverter a imagem negativa do modelo. No Brasil, onde foi produzido até 2007, o Marea carrega o estigma de “carro-bomba”.

Especialistas, no entanto, afirmam que grande parte dos problemas veio da manutenção inadequada para um veículo mais sofisticado que a média nacional da época.

No fim, o que poderia ser apenas mais um relato de pane mecânica se transformou em um exemplo de resiliência.

Um carro visto por anos como piada nas oficinas voltou à cena como símbolo de superação – e talvez, para alguns, como prova de que a má fama nem sempre conta toda a história.

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