
Fenômenos climáticos cada vez mais intensos, como o ciclone extratropical previsto para esta semana, ampliam a exposição dos veículos a granizo, ventos fortes e chuvas ácidas.
Para motoristas, a consequência vai além do transtorno imediato: arranhões, amassados e fissuras na pintura podem transformar-se em prejuízos altos quando não tratados.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o sistema atinge principalmente a Região Sul, mas terá reflexos em parte do Sudeste e Centro-Oeste.
Rajadas de até 100 km/h e risco de granizo já acionam alertas da Defesa Civil, que recomenda evitar áreas abertas e reforçar estruturas.
Para especialistas em reparo automotivo, adiar o conserto dos danos pode dobrar custos e acelerar processos de corrosão.
Condições climáticas em evolução
O ciclone extratropical, que se forma a partir da interação entre massas de ar frio e quente, potencializa temporais, rajadas de vento e granizo. A instabilidade é mais forte no Rio Grande do Sul, onde o litoral deve registrar ventos próximos a 100 km/h.
Em Santa Catarina e no Paraná, a previsão é de rajadas entre 50 km/h e 80 km/h, enquanto no Sudeste as rajadas chegam a 70 km/h em áreas costeiras.
De acordo com o Inmet, a intensidade da chuva pode variar em cada região, mas o risco de queda de árvores e interrupções no fornecimento de energia é considerado elevado.
Nesse cenário, os veículos estacionados em locais abertos tornam-se alvos diretos de pedras de gelo e objetos arremessados pelo vento.
Pintura e corrosão: danos invisíveis

O pintor automotivo Rafael Luiz Oliveira, da oficina Tico e Teco, explica que os impactos do clima vão além dos arranhões visíveis.
“O tipo mais comum de dano são os riscos causados por galhos e partículas levadas pela ventania. Já o granizo forma pequenos amassados, proporcionais ao tamanho da pedra de gelo”, disse.
Oliveira alerta também para os efeitos menos imediatos da chuva, um deles, a água em centros urbanos que já vêm carregadas de dióxido de carbono.
“Quando secam sob o sol, aquecem e provocam microfissuras no verniz. É uma queima lenta da pintura”, explicou.
O risco de adiar reparos

Muitos motoristas preferem conviver com pequenos danos para só depois buscar assistência. Para Oliveira, a decisão pode sair cara, e por isso indica sempre que os afetados procurem corrigir os problemas o quanto antes:
“Já vi casos em que o ‘deixar para depois’ ocasiona até a substituição da peça”.
No caso da lataria, Nicolas Paiva, especialista em martelinho de ouro, reforça o alerta:
“O ideal é procurar um profissional de confiança logo que o dano for verificado. Assim é possível avaliar se o reparo precisa ser imediato ou se pode esperar”.
Granizo ou vento: o que causa mais estragos
Paiva destaca que as quedas de árvores e objetos pesados podem causar prejuízos graves, mas pontuais.
“Grande parte dos estragos vem de telhas, tampas de caixa d’água ou mesmo árvores arrancadas pelo vento”, afirmou.
Ainda assim, considera o granizo o maior inimigo. Segundo o especialista, o gelo atinge o carro várias vezes ao mesmo tempo, o que amplia a área comprometida.
Nos casos mais extremos, a estrutura metálica exposta pode iniciar processos de ferrugem.
Como reduzir prejuízos

Os especialistas destacam que não existem soluções definitivas contra amassados de granizo, mas algumas medidas ajudam a reduzir os riscos.
“Sempre vale a pena investir em proteção. [...] a película não terá grande relevância [contra a chuva de granizo], porém evitará em muito os arranhões”, disse Oliveira.
Já Paiva recomenda medidas emergenciais:
“Infelizmente não há produto que evite amassados. A saída é colocar uma cobertura ou tecido grosso sobre o carro durante a tempestade”.
Após a chuva, o cuidado inicial deve ser simples.
“O indicado é lavar o carro sem esfregar, removendo os resíduos sólidos antes da lavagem padrão”, aconselhou Oliveira.