Número de chassi
Divulgação/Só Barroso
Número de chassi

O chassi de um carro pode parecer apenas uma sequência de números e letras gravada na lataria. Mas, na prática, ele funciona como um verdadeiro “RG do veículo”, acompanhando o automóvel desde a sua fabricação até o fim da vida útil.

É essa numeração, oficialmente chamada de VIN (Vehicle Identification Number), que garante a identidade do carro e ajuda a contar sua história, inclusive quando há troca de proprietários.

Sérgio Gabriel Sousa, diretor de tecnologia da Infocar, explica que o chassi é como uma impressão digital: único, permanente e impossível de repetir em outro veículo legalmente produzido.

Foi justamente essa característica que fez a indústria automotiva e os órgãos de trânsito adotarem o padrão internacional de 17 dígitos, ainda nos anos 1980, para unificar registros em todo o mundo.

Onde encontrar e o que observar

A numeração está gravada em pontos estratégicos da carroceria, como próximo ao motor, na coluna da porta do motorista e na base do para-brisa. Também aparece no documento oficial, o CRLV.

"Ao verificar, o consumidor deve ter atenção se a gravação é uniforme, se não há sinais de raspagem, solda ou remarcação, e se todos os dígitos estão íntegros e correspondem ao registrado no documento", diz Sérgio. 

Diferenças entre o número do carro e o do documento são indícios claros de irregularidade.

O chassi como chave de consulta

Mais do que identificar, o chassi conecta o veículo a um grande banco de dados. Por meio dele, é possível checar se o carro já foi roubado, se passou por leilão, se tem débitos em aberto ou se foi alvo de recall.

Placa de identificação do motor confirma que o Miura é “matching numbers”, com motor e chassi originais
Reprodução/Discovery Channel/YouTube
Placa de identificação do motor confirma que o Miura é “matching numbers”, com motor e chassi originais

Essa verificação pode ser feita tanto em plataformas públicas, como os Detrans e a Senatran, quanto em relatórios privados, como os oferecidos pela Infocar, que cruzam informações de várias bases para detalhar o histórico.

"Serviços cruzam dados de múltiplas bases nacionais e estaduais, entregando uma visão clara sobre restrições, débitos, leilões, recall, precificação, entre outras soluções que juntas dão o relatório completo do histórico do veículo", afirma o especialista. 

Num mercado que movimentou mais de 15 milhões de veículos usados apenas em 2024, segundo a Fenabrave, a conferência do chassi se torna fundamental.

É ele que protege comprador e vendedor de golpes e garante que a negociação ocorra com segurança.

Como evitar fraudes

As tentativas de adulteração do chassi são variadas. Entre os sinais mais comuns estão o desalinhamento dos dígitos, gravações em profundidades diferentes e soldas ao redor da numeração.

Outro alerta é quando a plaqueta de identificação usa rebites que não parecem originais de fábrica.

Segundo Sousa, “Solicitar uma vistoria cautelar garante a integridade do chassi e identifica possíveis adulterações”.

Do passado ao futuro

Se hoje o chassi é indispensável para investigações e negociações, no futuro ele deve ganhar reforço tecnológico.

Chips de rastreamento, registros em blockchain e até soluções de biometria veicular já são testados como complementos à identificação tradicional.

“O futuro aponta para uma identificação híbrida, em que o chassi mantém seu papel tradicional, mas passa a ser reforçado por soluções digitais que ampliam a segurança e dificultam fraudes”, afirma Sérgio.

Dicas rápidas para o consumidor

  • Compare sempre a numeração física com a do documento.
  • Consulte bases públicas e relatórios privados para checar histórico.
  • Prefira negociar após vistoria cautelar em empresa credenciada.
  • Em caso de desgaste natural, a remarcação só pode ser feita pelo Detran.
  • Sinais de adulteração tornam o carro irregular e podem levar à apreensão.

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