Pátio Carros
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A manutenção da Selic em 15% ao ano, que deve ser anunciada nesta quarta-feira (17) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), coloca o mercado automotivo em compasso de espera.

O economista Luis Ricardo Melo explicou ao  Portal iG Carros que o setor é um dos primeiros a sentir os efeitos da política monetária: com crédito caro, a produção encolhe e os consumidores recuam.

Nos últimos meses, segundo Melo, o volume de emplacamentos já reflete o aperto monetário.

Ele observa que o financiamento é o principal canal de compra no Brasil, e com a Selic nesse patamar o preço do crédito dispara.

“A Selic é o preço do dinheiro na economia. Nesse sentido, é importante destacar que, com a taxa em 15% ao ano, o ‘preço’ do financiamento dispara”, afirmou.

O consumidor que pensa duas vezes

A pressão dos juros não atinge apenas quem depende de parcelas. Até quem poderia pagar à vista reavalia as escolhas.

“Com a taxa de juros nesse patamar, quem teria interesse em comprar um veículo à vista passa a considerar aplicar o dinheiro no Tesouro Direto, com risco mínimo", explicou o economista.

O especialista ainda diz que, em termos simples, o consumidor "pensa duas vezes" antes de realizar a compra. 

Esse movimento leva a um efeito indireto no mercado de usados. Como o crédito encarece os carros novos, parte da demanda migra para os seminovos, sustentando preços mesmo em cenário de retração.

Impacto nos custos da indústria

Melo lembra que a Selic mexe também com a operação das montadoras.

“Juros mais altos elevam o custo do capital de giro e do financiamento de estoques, além de encarecerem as operações ligadas à logística e à distribuição”, disse.

Ele acrescenta que a taxa básica ainda influencia o câmbio, barateando insumos quando valoriza o real, mas pressionando custos em caso de desvalorização.

Peças e serviços também são afetados, embora de forma indireta. A renda das famílias diminui, o que reduziu o orçamento para manutenções.

No caso de componentes importados, as variações cambiais ligadas à Selic completam a equação.

Perspectivas para a frota

Apesar das dificuldades atuais, o economista projeta melhora adiante.

“Uma Selic mais baixa tende a beneficiar o mercado automotivo. Quando o ciclo de cortes se concretizar — e as expectativas apontam para depois do 1º trimestre de 2026", afirma.

Luis ainda explica que o crédito, nesse cenário, ficará mais acessível, devolvendo aos consumidores um incentivo maior para a compra de veículos novos.

Para quem avalia comprar agora, Melo sugere cautela.

“Nem todos podem esperar um ciclo de cortes na Selic para adquirir um carro, mas, com os juros em patamar tão restritivo, o financiamento se torna pouco viável", alerta.

Por isso, ele sugere que muitas vezes a melhor alternativa é aguardar e manter o dinheiro investido, embora, tudo dependa da necessidade de cada consumidor.

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