
A Nissan confirmou nesta quinta-feira (18) alterações em cargos de alto escalão, válidas a partir de 1º de outubro de 2025, em Paris e Tóquio, para reforçar a autonomia regional e alinhar sua estratégia financeira global.
A decisão busca acelerar o plano de recuperação Re:Nissan, enquanto a empresa enfrenta forte crise financeira.
As mudanças ocorrem após um prejuízo líquido de 670 bilhões de ienes (R$ 26,3 bilhões) no último exercício fiscal e a previsão de 20 mil demissões até 2027.
Embora a direção aposte na nova estrutura, analistas avaliam que o redesenho pode não ser suficiente diante da queda nas vendas e do avanço das montadoras chinesas.
Reforço na região AMIEO
Massimiliano Messina foi nomeado presidente do Comitê de Gestão da região AMIEO (África, Oriente Médio, Índia, Europa e Oceania).
Já Victorino Esnaola assumirá como vice-presidente sênior de Finanças e TI. Ambos ficarão baseados em Paris e terão papel central para ampliar a autonomia regional.
A mudança busca liberar o diretor de desempenho global, Guillaume Cartier, para se dedicar a funções estratégicas da companhia.
A Nissan aposta que a clareza de responsabilidades permitirá decisões mais rápidas em mercados competitivos.
Porém, a região europeia foi uma das mais afetadas pela retração da marca, que perdeu espaço em segmentos dominados por Toyota e fabricantes chinesas.
Reorganização financeira global
George Leondis terá escopo ampliado e passará a comandar também fusões e aquisições, além de liderar a estratégia de custos.
Roberto Delgado será o novo executivo corporativo do Controlador Central de Receita e Custos, enquanto Takahiko Ikushima continuará como controlador global e fiscal.
A Nissan afirma que a reformulação dará maior eficiência às operações, com foco em colaboração multifuncional.
O anúncio ocorre semanas após a empresa confirmar o fechamento de sete fábricas no mundo, reduzindo sua estrutura industrial de 17 para 10 unidades.
O novo presidente global, Ivan Espinosa, já havia destacado que a prioridade é “diminuir a dependência de volume e buscar uma lucratividade sustentável”, após o fracasso da fusão com a Honda.
Impacto da crise recente
A reestruturação acontece em meio a um cenário de urgência. Em novembro de 2024, um executivo admitiu ao Financial Times que a Nissan teria apenas 14 meses para encontrar um investidor-âncora e evitar risco de colapso.
Em maio deste ano, a empresa anunciou o corte de 20 mil postos de trabalho até 2027.
Já em maio, veículos japoneses noticiaram a possibilidade de venda da sede em Yokohama, avaliada em cerca de R$ 4 bilhões, para aliviar o caixa.
Apesar do novo plano de gestão, a expectativa do mercado é cautelosa. O objetivo oficial da Nissan é voltar à lucratividade operacional até o exercício fiscal de 2026.