
Em crise, a montadora japonesa Nissan estuda vender sua sede corporativa em Yokohama como parte de um plano agressivo de reestruturação global.
Avaliado em cerca de 100 bilhões de ienes — o equivalente a aproximadamente R$ 3,926 milhões — o edifício pode ser incluído entre os ativos a serem alienados até o fim do ano fiscal de 2025.
A possibilidade foi noticiada pela emissora NHK e pelo jornal Nikkei Asia, segundo os quais a empresa permaneceria no local por meio de contrato de arrendamento com o futuro proprietário.
O modelo segue precedentes no setor automotivo, como o adotado pela britânica McLaren, que negociou sua sede em Woking e continuou operando no espaço.
A sede da Nissan foi inaugurada em 2009, após a transferência da companhia da tradicional região de Ginza, em Tóquio, para Yokohama — cidade onde a empresa foi originalmente fundada.
Crise enfrentada pela Nissan
A possível venda reflete o agravamento da crise enfrentada pela empresa. No exercício fiscal encerrado em março, a Nissan registrou prejuízo líquido de 670 bilhões de ienes (R$ 26,321 bilhões).
O resultado negativo motivou a adoção de um plano de reestruturação radical, batizado de “Re:Nissan”.
A estratégia prevê o fechamento de sete fábricas até 2027, reduzindo o número total de plantas de 17 para 10. Também está prevista a eliminação de cerca de 20 mil postos de trabalho em diversas regiões, o que representa mais que o dobro das demissões inicialmente planejadas.
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O plano contempla ainda a racionalização da cadeia de suprimentos, com redução de fornecedores, e a simplificação da linha de produção.
A montadora pretende diminuir em 70% a complexidade de peças e limitar o número de plataformas globais de 13 para sete.
Segundo a própria Nissan, cerca de 3 mil engenheiros foram realocados para projetos voltados exclusivamente à contenção de despesas. A construção de uma fábrica de baterias de ferro-lítio em Kyushu, por exemplo, foi cancelada.
A reestruturação também busca corrigir deficiências estratégicas observadas na última década.
Nos Estados Unidos, a empresa perdeu espaço ao não responder à queda na demanda por sedãs e atrasou a atualização de seus crossovers.
A marca de luxo Infiniti, por sua vez, não recebeu investimentos significativos nos últimos anos e enfrenta perda de competitividade no segmento premium.

A Nissan pretende lançar dez novos modelos para o continente americano nos próximos anos, incluindo a nova geração do Sentra, um SUV baseado no Leaf e o crossover Rogue com motorização híbrida. A meta é atingir lucratividade operacional até o exercício fiscal de 2026.
Em paralelo ao reposicionamento estratégico, a alienação de ativos como a sede de Yokohama desponta como medida necessária para equilibrar o caixa.
A venda ainda não foi confirmada oficialmente, mas fontes próximas à administração, segundo a imprensa japonesa, indicam que a proposta está sob avaliação e poderá ser formalizada até março de 2026.
Se concretizada, a operação marcará um dos episódios mais simbólicos da fase mais desafiadora da história recente da Nissan.