
De carro de luxo a queridinho de frotistas e táxis, o Volkswagen Santana atravessou mais de duas décadas nas ruas brasileiras.
Derivado da segunda geração do Passat europeu, o sedã ganhou versões, motores e reestilizações que acompanharam mudanças de gosto, economia e concorrência.
Apresentado por aqui em junho de 1984, nasceu com as versões CS, CG e CD e motor 1.8, câmbio manual de cinco marchas (automático opcional) e itens que elevavam o patamar do usuário da marca, como vidros e travas elétricas e rádio toca-fitas.
Nesta reportagem, o Portal iG Carros lança mais um capítulo da série “Geração sobre rodas”, em que conta a história dos modelos mais icônicos do Brasil e do mundo, da primeira à última geração.
1ª Geração (1984–1990) | A estreia do sedã médio de luxo
Apresentado em 1984, o Santana foi a resposta da Volkswagen ao avanço de rivais como Chevrolet Monza e Ford Del Rey.

Além do sedã de quatro portas, o Brasil teve a exclusividade da carroceria de duas portas — uma exigência de mercado na época.
Em 1985, chegou a perua Quantum, então única station wagon com quatro portas do país.
O 1.8 recebeu ajustes e passou a render 90 cv (gasolina) e 96 cv (álcool), com mais torque para uso familiar e de estrada.
A linha 1987 trouxe para-choques plásticos integrados e nova nomenclatura: C, CL, GL e GLS. Em 1988, veio o motor AP-2000 para GL e GLS, ampliando desempenho e fôlego em viagens.
O acabamento era superior ao padrão da época. A opção de câmbio automático e ampla lista de equipamentos mostravam que era uma verdadeira potência, aliada ao conjunto mecânico robusto (AP 1.8)
Como contrapontos, a primeira geração tinha um desempenho discreto nas versões 1.8 iniciais. A concorrência forte em conforto e freios ventilados impediu um número ainda mais expressivo de vendas.
2ª Geração (1991–2006) | Reestilização, tecnologia e longa vida
No início dos anos 1990, o Brasil reabriu o mercado a importados e acirrou a disputa entre sedãs.

Em resposta, a Volkswagen aplicou uma reestilização profunda ao Santana em 1991, com desenho alinhado ao Passat B3 e a adoção de novidades importantes.
Nesse ano, o modelo se tornou pioneiro entre nacionais ao oferecer freios ABS como opcional e passou a contar com catalisador.
A família evoluiu em injeção eletrônica: a série Executive (1990) estreou o sistema multiponto Bosch LE-Jetronic; em 1991, a injeção chegou aos 1.8 e 2.0; em 1993, vieram CLi e GLi (monoponto no 1.8 e multiponto no 2.0i); em 1994, o 2.0 adotou multiponto EEC-IV e o 1.8 ganhou opção a álcool; em 1997, a Magneti Marelli passou a equipar 1.8 e 2.0.
A despedida definitiva da carroceria de duas portas se deu na "Série Única" (2000i 2p), ainda em 1995.
No ano seguinte, o modelo ganhou as versões 1.8 Mi, 2000 Mi, Evidence e Exclusiv.
No final da década, em 1998, houve a última reestilização do modelo e marcou o fim do quebra-vento e interior revisto.
Os pacotes Comfortline e Sportline chegaram em 2001; em 2003, rodas do Gol Turbo e novo volante.
Após anos de vendas oscilantes, 2006 marcou o fim da produção, de uma trajetória cada vez mais apoiada em vendas para frotas.
Séries e versões marcantes
- Evidence (1989): GLS 2.0 com visual exclusivo (lanternas fumê, rodas “pingo d’água”) e cor Preto Ônix.
- Executive (1990): estreou a injeção eletrônica multiponto; pacote de luxo.
- Sport (1993): duas portas, branco ou preto, com 2.0i e ABS.
- Série Única (1995–1996): despedida das 2 portas, visual com viés esportivo e amplo pacote de opcionais.
- Comfortline (2001) e Sportline (2001): organização da gama na fase final.
A perua Santana Quantum

Lançada em 1985, acompanhou as evoluções visuais e mecânicas do sedã, mantendo quatro portas e foco familiar.
Teve vida mais curta: saiu de linha em 2003. Conquistou espaço com porta-malas amplo e a mesma robustez do sedã.
Legado e despedida
De vitrine tecnológica da Volkswagen nos anos 1980 a solução de frota no fim da carreira, o Santana cumpriu diferentes papéis.
Foi eleito “Carro do Ano” (1989) e, com o tempo, cedeu espaço a rivais mais modernos — e ao reposicionamento da própria marca, que trouxe o Passat de geração nova para o topo e, depois, apostou no Jetta como sedã médio de volume.
A produção brasileira terminou em 2006. Ainda assim, o Santana permaneceu nas ruas por sua robustez mecânica e manutenção simples.
Na memória, fica como um dos sedãs mais conhecidos do país — do preto “Evidence” ao táxi de praça, do Executive com injeção à última leva Comfortline.