Manhã foi marcada por manifestações em todo país contra mudanças na obtenção da CNH
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Manhã foi marcada por manifestações em todo país contra mudanças na obtenção da CNH

Empresas e instrutores de autoescolas realizam protestos em várias cidades brasileiras contra a proposta do governo federal que pode acabar com a obrigatoriedade das aulas em Centros de Formação de Condutores (CFCs) para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Os atos, que começaram na noite de quarta-feira (22) e persistem nesta quinta (23) foram organizados por entidades do setor, como a Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto) e sindicatos estaduais.

As mobilizações se concentram nas principais capitais, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza  e Recife.

Em todo o país, o movimento busca pressionar o Ministério dos Transportes a suspender a consulta pública que discute o novo modelo de formação de condutores — aberta até o dia 2 de novembro.

A categoria afirma que a mudança ameaça a segurança no trânsito e pode causar o fechamento de milhares de autoescolas.

Protestos tomam ruas e pontes nas capitais

Em São Paulo, cerca de 200 carros de autoescolas ocuparam desde a noite de quarta (22) a Ponte Estaiada, na Zona Sul da capital.

O grupo seguiu em carreata pela manhã em direção à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em um percurso de cerca de 8 km.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) acompanhou o ato e isolou uma das faixas, sem bloqueio total.

No Rio de Janeiro, instrutores estacionaram veículos de aprendizagem na região central e realizaram um buzinaço em frente ao edifício do Detran.

Em Belo Horizonte, uma carreata percorreu a Avenida Antônio Carlos, uma das principais vias da cidade, enquanto em Recife e Curitiba houve atos simbólicos em frente às sedes estaduais do Detran.

Os organizadores afirmam que novas mobilizações estão previstas para os próximos dias, caso o governo não recue da proposta.

Em declarações feitas nas redes sociais, o presidente da Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto), Ygor Valença, classificou as manifestações como “legítimas e pacíficas”, destacando que o movimento representa “ é uma luta pela dignidade e pela vida”.

Ainda de acordo com o presidente, a federação não foi ouvida para elaborar uma mudança. 

O que prevê a proposta do governo

O Ministério dos Transportes defende que o novo modelo permitirá liberdade de escolha ao candidato, que poderá continuar usando os serviços das autoescolas ou optar por instrutores autônomos credenciados. As provas teórica e prática seguirão obrigatórias.

Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
Divulgação/Agência de Notícias do Acre
Carteira Nacional de Habilitação (CNH)

Segundo a minuta em análise, o custo médio para tirar a CNH — hoje entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — pode cair até 80%, chegando a cerca de R$ 700.

As aulas teóricas poderão ser presenciais, à distância ou híbridas, e as práticas poderão ocorrer com instrutores independentes, desde que credenciados pelo Detran e com veículos identificados.

O governo afirma que o objetivo é “democratizar o acesso à habilitação”, citando que 54% dos brasileiros em idade para dirigir ainda não têm carteira.

O texto final deve ser encaminhado ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran) após o fim da consulta pública, com previsão de publicação em novembro.

Reação do setor e debate técnico

A Feneauto e os sindicatos estaduais afirmam que o projeto ameaça a qualidade da formação e a segurança viária.

As entidades argumentam que as autoescolas representam o primeiro contato formal dos futuros motoristas com a legislação de trânsito e direção defensiva.

Os empresários também relatam queda nas matrículas desde o anúncio da proposta. 

A consulta pública segue aberta até o dia 2 de novembro, no portal Participa + Brasil. Depois dessa etapa, o texto deve passar por análise técnica da Senatran e da Casa Civil antes de chegar ao Contran.

Se aprovado, o novo modelo de habilitação poderá entrar em vigor ainda em dezembro.

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