
Mais de três décadas separam o primeiro Twingo, que encantou nos anos 1990 com linhas arredondadas e cores vivas, do modelo elétrico que a Renault lança agora na Europa.
O novo E-Tech é mais tecnológico e silencioso, mas mantém a missão original: ser pequeno, prático e acessível.
O antigo tinha criatividade com baixo custo; o novo tenta repetir a receita em plena era da eletrificação. Ambos foram e são apostas da marca em carros urbanos simples e cheios de personalidade.
Apresentado no Salão de Paris de 1992, o Twingo original ganhou fama instantânea. Era o oposto dos carros sérios e quadrados da época.
O painel no centro do carro, o desenho com formas mais "orgânicas" e o banco traseiro deslizante (um truque de engenharia que dava mais espaço interno) chamavam atenção.

No Brasil, ele chegou em 1994 com motor 1.2 de 55 cavalos e logo ganhou fama de econômico e fácil de estacionar.
Com o tempo, o modelo foi perdendo espaço diante dos compactos nacionais mais baratos, mas deixou uma legião de fãs.
Foram cerca de 12 mil unidades vendidas no país até 2002 e mais de 2 milhões em todo o mundo. Para muita gente, o Twingo foi o primeiro carro que parecia ter “personalidade”.
Vale ressaltar que em outros mercados o modelo foi fabricado até o fim do ano passado.
Conceitos "requentados"
O novo Twingo E-Tech parte dessa lembrança, mas vive em outro "planeta". Agora, o motor é elétrico, de 60 kW (82 cv), alimentado por bateria LFP que garante até 263 km de autonomia.

O preço, abaixo de € 20 mil (R$ 118,4 mil), é uma aposta da Renault para colocar ele entre os elétricos mais acessíveis da Europa.
Embora modernizado, o carro repete ideias antigas. Continua compacto, com boa visibilidade e interior versátil. Os bancos correm, rebatem e ajudam a transformar o pequeno hatch em algo maior do que parece.

No lugar do painel analógico, há uma tela digital com o sistema OpenR Link, que usa o Google como base. É o mesmo espírito de antes, mas falado em outra língua.
Entre o Twingo lá dos anos 2000 e o deste ano há um abismo tecnológico, mas a lógica é parecida. O primeiro mostrou que design e inteligência podiam valer mais que potência.
O novo quer provar que um elétrico pode ser prático e barato sem parecer um carro experimental.
O Brasil, que recebeu o Twingo original, não está nos planos da Renault para esta nova fase. A marca aposta no Megane E-Tech e no Kwid como suas principais ofertas no país.
Mesmo assim, a volta do nome é uma boa lembrança de um carro que ousou ser diferente em uma época de Gol's "quadrados", e que, três décadas depois, quer ser aquele modelo lembrado pela simplicidade e tecnologia.