Artista desenha carros da Peugeot durante Salão do Automóvel de São Paulo
Divulgação/Agência Deadline
Artista desenha carros da Peugeot durante Salão do Automóvel de São Paulo

A rotina de lançamentos do Salão do Automóvel 2025 foi interrompida no estande da Peugeot, onde uma tela gigante passou a exibir, em tempo real, a construção de uma ilustração digital.

O desenho, feito pelo artista Lito diretamente no iPad, tornou o espaço um ateliê improvisado dentro da feira.

A ação acompanha o desenvolvimento de um carro-conceito, mas se afasta da lógica promocional ao expor etapas que costumam ficar restritas a estúdios: esboços, ajustes, erros, correções e escolhas visuais.

O processo, visível para quem circula pelo pavilhão, cria um ponto de observação raro em eventos do setor.

Um ateliê improvisado

A cena destoava do padrão: enquanto a maior parte dos estandes exibia carros girando em plataformas e vídeos de apresentação, a Peugeot projetava pinceladas digitais ainda inacabadas.

Artista desenha carros da Peugeot durante Salão do Automóvel de São Paulo
Divulgação/Agência Deadline
Artista desenha carros da Peugeot durante Salão do Automóvel de São Paulo

Cada traço surgia diante do público, inclusive os que o artista refazia, em um contraste com a previsibilidade habitual de grandes eventos automotivos e os famosos salões.

Lito desenhava sem isolamento, com visitantes passando a poucos centímetros, assistindo às idas e vindas da construção da imagem.

O método expunha detalhes que geralmente desaparecem no produto final, como mudanças bruscas de paleta e redefinição de volumes. A transparência transformava o processo em atração própria.

Para um público acostumado a ver carros prontos, a abertura do processo funciona como contraponto ao segredo que costuma cercar modelos conceituais.

Aqui, o inacabado deixava de ser descartado e virava parte da experiência, algo bem legal se parar para pensar que ser designer de carros pode ser o sonho de muitos.

Realidade aumentada como extensão do desenho

A ação não terminava na tela. Um QR Code disponibilizado no estande liberava a obra recém-finalizada em realidade aumentada, o que permitia aos visitantes projetarem o modelo em 3D no próprio celular, com animações e efeitos sobrepostos.

A tecnologia criava uma espécie de segunda camada de leitura do desenho.

Artista desenha carros da Peugeot durante Salão do Automóvel de São Paulo
Divulgação/Agência Deadline
Artista desenha carros da Peugeot durante Salão do Automóvel de São Paulo

A realidade aumentada, restrita à duração do evento, ampliava o caráter experimental da performance: o público podia gravar fotos e vídeos da projeção, mas dependia da instalação física para acessar o conteúdo.

O recurso também conectava arte e design ao cotidiano da feira, ao contrário de ativações que permanecem isoladas do fluxo principal do evento.

“Desenhar ao vivo um carro que simboliza o futuro é quase como materializar ideias na frente das pessoas”, disse Lito. “A Peugeot trouxe uma visão tecnológica e ousada, e meu papel foi traduzir isso em arte.”

O artista inserido no contexto

Embora conhecido por unir grafite, cultura pop e tecnologia, Lito participou do evento em posição pouco comum para artistas visuais: atuando como peça ativa da dinâmica do estande, não como autor de uma obra exibida posteriormente.

A atuação apoiava o movimento de aproximar linguagens artísticas de ambientes industriais e corporativos.

O uso de realidade aumentada, prática que ele desenvolve em exposições no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, aparecia ali sob outro propósito menos contemplativo e mais voltado à fricção entre criação e produto.

Em contraste com galerias ou museus, a feira impunha interrupções, deslocamentos e observadores casuais.

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