O Citroën Xsara chegou ao Brasil no fim da década de 1990 como uma aposta ousada da marca francesa no concorrido segmento de médios.
Com visual diferente, boa oferta de motores e versões esportivas, o modelo se destacou entre Golf, Astra e Focus e ajudou a preparar o terreno para a instalação definitiva da Citroën no país.
Entre 1998 e meados dos anos 2000, o Xsara figurou repetidas vezes entre os mais vendidos da categoria, combinando conforto, acerto dinâmico elogiado e uma identidade que fugia do padrão alemão dominante no mercado brasileiro da época.
Nesta edição da série “Geração sobre rodas”, o Portal iG Carros revisita a trajetória do Citroën Xsara no Brasil, da estreia às versões finais, passando por reestilizações, motores e seu impacto no mercado.
Primeira geração (1998–2000) | A chegada do francês diferente
O Citroën Xsara desembarcou no Brasil em 1998, importado da Europa, inicialmente nas carrocerias hatchback de cinco portas e cupê de duas portas; esta última, uma raridade no segmento médio nacional.
Posteriormente, a gama ganhou também a versão perua (Break), voltada ao público familiar.
As opções de motorização incluíam o 1.6 16V de 110 cv, o 1.8 8V de 98 cv e o 2.0 16V de 137 cv, sempre associados ao câmbio manual de cinco marchas.
O foco era entregar desempenho equilibrado e conforto, com suspensão mais macia que a dos rivais alemães.
Desde o início, o Xsara se destacou pelo nível de equipamentos, oferecendo airbags frontais, ar-condicionado, direção hidráulica e acabamento acima da média em versões como GLX e Exclusive.
Reestilização (2000–2003) | Segurança e maturidade
Em 2000, o Xsara passou por um facelift global que chegou rapidamente ao Brasil.
As mudanças incluíram novos para-choques, grade redesenhada e ajustes nos faróis e lanternas. O interior recebeu melhorias de acabamento e ergonomia.
Mais importante, a linha evoluiu em segurança. Dependendo da versão, o modelo passou a oferecer freios ABS e airbags adicionais, itens ainda pouco comuns no segmento médio nacional no início dos anos 2000.
Nesse período, o Xsara consolidou sua imagem como uma alternativa mais confortável e sofisticada frente a rivais como Chevrolet Astra e Volkswagen Golf, ainda que enfrentasse resistência do consumidor brasileiro em relação à manutenção de carros franceses.
Xsara VTS (2001–2003) | A face esportiva
O ápice da linha no Brasil foi o Xsara VTS, versão esportiva equipada com motor 2.0 16V de até 167 cv. Com aceleração consistente, suspensão mais firme e visual diferenciado, o VTS dialogava diretamente com entusiastas.
Além do desempenho, trazia rodas exclusivas, bancos esportivos e ajustes específicos de chassi.
Não era um esportivo extremo, mas entregava uma condução envolvente, característica reforçada pela boa reputação dinâmica da plataforma compartilhada com o Peugeot 306.
Xsara WRC | O peso do rali na imagem do modelo
Embora distante da realidade do carro de rua, o Xsara ganhou projeção internacional com sua versão de competição.
O Citroën Xsara WRC tornou-se um dos carros mais vencedores da história do Campeonato Mundial de Rali.
Entre 2004 e 2006, o modelo conquistou títulos consecutivos de construtores e pilotos, com destaque para Sébastien Loeb.
No Brasil, esse sucesso ajudou a fortalecer a imagem esportiva da Citroën e deu visibilidade adicional ao Xsara nas concessionárias.
Despedida e substituição (2004–2006) | Fim de ciclo
Com a evolução do mercado e a chegada de projetos mais modernos, o Xsara começou a perder espaço.
Em 2006, o modelo saiu de linha globalmente, sendo substituído pelo Citroën C4, que assumiu o papel de hatch médio da marca.
No Brasil, o Xsara deixou como herança uma base fiel de admiradores e um papel estratégico: foi um dos modelos que ajudaram a consolidar a Citroën antes da inauguração da fábrica de Porto Real (RJ), em 2001, que começaria a produção nacional com o Xsara Picasso.