Restando menos de uma semana para o fechamento do ano, já dá para dizer quem surfou e quem decepcionou no mercado automotivo em 2017. O balanço revela algumas surpresas e também a confirmação de algumas tendências que já vinham desde a metade da década, como o predomínio dos SUVs. Vamos aos cinco destaques negativos.
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1 – Honda Civic toma volta do Corolla
A nova geração do Civic chegou com pompa e circunstância na metade do ano passado. Ganhou prêmios de Carro do Ano, venceu comparativos. Mas a coisa foi mais complicada nas lojas. A média mensal de vendas do Civic no ano é de 2 mil unidades. O Corolla emplaca mais de 5 mil, e vai fechar o ano com cerca de 64 mil emplacamentos, mais que o dobro do Civic (26 mil). A briga do Honda no mercado foi mais acirrada com o Chevrolet Cruze, que fechará com quase 20 mil. Verdade que as fábricas da Honda estão no limite de produção. Mas o Civic, com suas gordas margens, teria a preferência caso a procura fosse maior. O esperado duelo ficará para a próxima geração.
2 – A decadência dos hatches médios e familiares
A ascensão dos SUVs tirou compradores de todos os segmentos. E praticamente dizimou os que já estavam cambaleantes. Os hatches médios (Golf, Focus, etc) foram as maiores vítimas. Todos somados, liderados pelo Cruze, fecharão o ano com 20 mil emplacamentos, menos da metade do Hyundai Creta. Peruas? Só 7 mil. Os monovolumes vão um pouco melhor, com 57 mil no ano, sendo 25 mil Honda Fit e 25 mil Chevrolet Spin, este um dos preferidos dos taxistas. Juntos, alcançam o que se vendeu de Jeep Compass no ano.
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3 – A apatia da Ford
A Ford viu a Fiat e a VW lançarem o Argo e o Polo, respectivamente. O que ela fez? Deu um tapa bem sutil no Ford Fiesta, que já não vinha vendendo grande coisa. Com o EcoSport ela foi um pouco mais ousada, ao menos aposentando o câmbio Powershift. Mas manteve o superado estepe traseiro. Resultado: não está ameaçando os modelos que lhe roubaram a histórica liderança (HR-V, Renegade, Creta e Kicks). O Focus definha, a Ranger não embala e a marca não parece se mobilizar para ter um concorrente nacional para o promissor segmento do Jeep Compass, como já fazem GM, VW, Hyundai e Renault (e ela é especialista nisso nos EUA). Sobra para a rede vender o pequeno Ka, com margens bem tímidas. Afinal, o que quer a Ford no Brasil?
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4 – Pouco caso com a segurança
Este foi o ano em que dois dos três carros mais vendidos do Brasil zeraram no teste de impacto do Latin NCAP, para ocupantes da frente: o supercampeão de vendas Chevrolet Onix e o terceiro colocado Ford Ka. Para a proteção às crianças, ambos tiveram 3 estrelas. O Fiat Mobi teve uma estrela para adultos e duas para crianças. Mas o fato é que as vendas de todos eles vão muito bem, o que mostra que o aspecto segurança ainda não figura nem entre os 10 quesitos mais valorizados pelos consumidores brasileiros na hora de escolher um carro 0 km.
5 – Velhas e novas confusões dos políticos
Além de problemas no mercado, ano foi marcado por confusões governamentais em vários níveis. O atual governo federal ainda não conseguiu definir as regras do Rota 2030, novo regime automotivo que estreará capenga em 1º de janeiro. Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior não se entendem sobre os incentivos. O governo federal anterior passou vexame póstumo ao ter as regras protecionistas do Inovar-Auto condenadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Isso sem falar de tentativas esdrúxulas de alguns deputados, como ressuscitar os extintores de incêndio, proibir as vendas de carros em recall, ou do prefeito paulistano João Doria que planejava multar por velocidade média, o que é vetado pelo Código de Trânsito Brasileiro. Vexames em série, como tem sido normal em nossa cena política.
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Feliz ano novo!