Hoje o blog AutoBuzz completa um ano de vida, sempre hospedado aqui no portal IG Carros. Por coincidência, em plena abertura do Salão de Genebra, o preferido deste blogueiro. Com este, são 51 posts que, a cada quarta- feira, analisam o futuro dos carros, das marcas e do setor automotivo a curto, médio e longo prazos. Graças ao sucesso neste ano de vida, AutoBuzz.com.br passa a ser também um site de notícias e análises diárias, muitas
vezes remetendo aos temas discutidos aqui semanalmente.
LEIA MAIS: 2018, o ano em que a CES ofuscou totalmente o Salão de Detroit
Dois dos posts que mais repercutiram neste primeiro ano discutiam a razão de ser dos salões automotivos (muitos deles perderam o foco na estratégia e no entretenimento). O mais recente, de janeiro, mostrou o quanto a feira de tecnologia CES 2018 ofuscou o Salão de
Detroit. Pois bem, nesta semana os organizadores do mais tradicional evento norte-americano anunciaram a intenção de mudar o Salão de Detroit de janeiro para outubro, para fugir da CES. Desse problema o Salão de Genebra
, na Suíça não padece. E agora você entenderá por que ele se firma a cada ano como o salão de carros mais bacana do planeta. São seis motivos:
1 – A neutralidade
A Suíça não tem marcas automotivas. Até tem a Rinspeed e a Sbarro, marcas artesanais de carros esportivos, mas não pode ser considerada um país produtor de carros. O negócio deles é fazer bons relógios, queijos, canivetes e chocolates. E ser um campo neutro para as potências econômicas que o rodeiam. Por isso, o espaço no pavilhão de exposições é democrático. Não há o privilégio às marcas alemãs ou francesas, como nos gigantescos
salões de Frankfurt e Paris. Ou como há em São Paulo às quatro marcas mais tradicionais (GM, VW, Fiat e Ford) em termos de tamanho do estande. Com espaços parecidos e
uma atenção internacional de mídia e de público, as montadoras de todo o mundo marcam presença no Salão de Genebra, quase sempre com boas novidades.
2 – A época do ano
Há um acúmulo de salões entre setembro e novembro, e ainda os de começo de ano, como o de Detroit. Em março, só o de Genebra. E qual a vantagem? É uma época perfeita para apresentar as novidades que chegam em meados do ano, já como modelo do ano seguinte. E
também para aqueles que chegam no começo do segundo semestre, antes dos grandes salões do fim do ano. Na edição que abre as portas ao público amanhã (8/3), mesmo com muitos protótipos, há importantes lançamentos comerciais, como Jaguar i-Pace, novo Audi A6, Lexus UX, Mercedes-AMG GT, Hyundai Santa Fe, Peugeot 508, Volvo V60, entre outros.
3 – O segundo andar dos sonhos
Ao contrário de Frankfurt e Paris, com seus múltiplos e labirínticos pavilhões, o Salão de Genebra tem um formato enxuto. Seu pavilhão inferior tem quase o mesmo tamanho do Anhembi. E há um pavilhão superior, da metade do tamanho do de baixo, onde se concentram
as marcas de carros mais exóticas do planeta, em estandes compactos. Para quem gosta de superesportivos é um prato cheio. Lado a lado, máquinas de marcas artesanais como Pagani, Koenigsegg, Bugatti, McLaren, Lamborghini, Zenvo e Hennessey disputam flashes dos
aficionados.
LEIA MAIS: Salão de Frankfurt mostra que perdemos o bonde das tendências automotivas
4 – Estúdios de estilo, preparadores e foras-de- série
Genebra é também o Salão preferido para os delírios estilísticos de estúdios italianos como Italdesign, Pininfarina, Giugiaro, IED e tantos outros, órfãos do saudoso Salão de Turim. E também de fabricantes de modelos fora-de- série e de réplicas, sobretudo os ingleses, também órfãos dos finados salões britânicos de Londres e Birmingham. A inglesa Morgan, por exemplo, está lá todos os anos com seus modelos de estilo retrô. E há ainda os grandes preparadores europeus, como Brabus, Mansory, Abarth, AMG e tantos outros.
5 – Direto ao que interessa
Por ser um salão compacto e com presença maciça não só de fabricantes europeus, mas de outros continentes (até a indiana Tata deu as caras), os estandes não são dos maiores. E isso traz suas vantagens. Não há espaço para mostrar toda a gama ou fazer firulas. Cada marca só tem espaço para mostrar o que é realmente novidade. Dessa forma, ninguém está lá só para demarcar território.
Grandes lançamentos são apresentados no salão suíço. E muitos (muitos mesmo) carros conceito são exibidos a cada ano, numa demonstração de força de cada fabricante aos grandes investidores que vão em peso ao show, pela posição central da Suíça na geopolítica
europeia. Basta ver a quantidade de conceitos elétricos e autônomos apresentados por quase todas as grandes marcas. Ou ainda excentricidades como o Lagonda Vision Concept, elétrico ultraluxuoso desenvolvido pela Aston Martin para desafiar as rivais inglesas Bentley e Rolls
Royce.
6 – A “bíblia” do fã de carros
A cada ano, no Salão de Genebra, é lançada uma versão atualizada do famoso catálogo da Revue Automobile, uma publicação suíça. Trata-se de um “tijolo” de mais de 500 páginas, com textos em francês e alemão, onde se encontram as fotos e as fichas técnicas de todos (todosmesmo!) os carros atualmente em produção no planeta.
Quem preferir, pode comprar a versão digital em CD, em barraquinhas estrategicamente espalhadas pelo pavilhão. Horas de diversão garantidas na volta da viagem, pode ter
certeza.
LEIA MAIS: Os salões de automóveis estão perdendo a razão de ser
A cobertura das novidades de Genebra você acompanha aqui no IG Carros. Mas fica a recomendação do blog: se você é fã de carros de todos os tipos, dos mais comuns
aos mais exóticos, e sonha em visitar uma exposição internacional, o Salão de Genebra é o que merece seu investimento em algum momento da vida. Com mais de 100 anos de tradição (o primeiro foi em 1905), ele consegue ser ao mesmo tempo divertido e antenado.
Nenhum outro no mundo reúne tanta variedade e qualidade por metro quadrado de exposição.
Comente abaixo e escreva para a coluna: [email protected]. Ou acesse autobuzz.com.br