Cinco SUVs até o início da próxima década! Em todos os eventos recentes da Volkswagen, esse mantra é repetido pelos principais executivos da marca. E isso ocorreu novamente ontem (3/4), durante o anúncio que conformou a produção do inédito T-Cross a partir de janeiro de 2019, com pré-estreia em outubro no Salão do Automóvel.
Feito sobre a base da dupla Polo e Virtus, o modelo virá para colocar a VW na briga mais disputada do momento, a dos SUVs compactos, hoje liderada pelo quarteto Honda HR-V, Nissan Kicks, Hyundai Creta e Jeep Renegade.
LEIA MAIS: Depois da guerra dos SUVs, vem ai a batalha das picapes no Brasil
O novo modelo é fruto de um investimento de R$ 2 bilhões na fábrica de São José dos Pinhais (PR), uma importante fração dos R$ 7 bilhões que a VW investirá no Brasil até 2020. Você deve estar se perguntando: mas e os outros quatro SUVs? Dois já existem e em breve serão totalmente renovados: o médio Tiguan e o grandalhão Touareg. Isso indica que haverá espaço para outros dois modelos: um menor que o T-Cross, numa categoria inédita (para o lugar do CrossFox), e outro um pouco maior, para enfrentar o líder de vendas Jeep Compass.
Quem poderia imaginar que a VW, que chegou bastante atrasada a esse segmento, poderia montar em poucos anos uma gama com cinco tamanhos, numa ampla faixa de preços? Estaria ela exagerando na dose? Superestimando o potencial desse tipo de veículo? Na opinião deste blog, ela falhou na demora de percepção, mas foi rápida ao ver que essa onda está só começando.
Pense em quantos hatches a VW tem hoje: Up, Gol, Fox, Polo e Golf. Cinco, e tudo indica que essa gama será enxugada para quatro, se tanto. A líder GM se vira muito bem com três hatches (as duas gerações do Onix e o Cruze). A Fiat tem três: Mobi, Uno e Argo. A Ford, três: Ka, Fiesta e Focus. Isso pensando apenas nas quatro marcas líderes do mercado nacional.
E os sedãs? A VW tem quatro, incluindo os importados (Voyage, Virtus, Jetta e Passat). A Chevrolet, três (Prisma, Cobalt e Cruze), a Fiat dois (Grand Siena e Cronos) e a Ford quatro (Ka, Fiesta, Focus e Fusion). A categoria de picapes comporta no máximo três configurações. Monovolumes, uma, e olhe lá. Peruas, esqueçam.
Portanto, nenhuma marca tem tantos hatches ou sedãs como a VW terá SUVs. Cinco é o número mágico? Tudo indica que sim, pois esse tipo de veículo tem uma versatilidade para agradar consumidores numa faixa que pode ir de R$ 50 mil (futuros mini-SUVs) a preços exorbitantes dos modelos de alto luxo (lembre-se que até as marcas de superesportivos se renderam à tendência off-road).
Onda de SUVs ainda vai durar
Já falamos neste blog, há quase um ano, que essa onda não era modinha. Hoje os SUVs representam quase 25% do mercado nacional; só perdem para os hatches compactos em volume de vendas. E tendem a chegar a um terço do mercado geral num prazo de poucos anos.
Vale destacar que a margem de lucro desses SUVs de maior valor agregado é maior que a de carros de passeio comuns. Portanto, eles se tornaram mais importantes que qualquer outro tipo de carro na estratégia das grandes montadoras, tanto em termos de volume quanto em termos de lucratividade.
LEIA MAIS: Confira seis tendência que vão ditar as regras do setor automotivo em 2018
A VW demorou, mas vai chegar com apetite a este segmento, com cinco bocas mordendo fatias importantes do mercado. Como reagirão as outras marcas? Pode apostar que elas vão reagir. A FCA terá um modelo menor que o Jeep Renegade, certamente, assim como a GM terá um menor que o Tracker. A Ford, especialista neste tipo de veículo (e pioneira com o EcoSport), está ainda mais lenta do que foi a VW. Já deveria estar preenchendo sua gama, mas só traz de fora o caríssimo Edge.
A Hyundai, nesse aspecto, deu exemplo ao oferecer uma ampla gama de SUVs, sem falar na Mitsubishi, que sempre foi especialista nesse assunto. O fenômeno também atingirá as marcas japonesas, francesas e chinesas. Goste-se ou não, a era dos SUVs já é uma realidade global.
Escreva para a coluna: [email protected] ou acesse o site autobuzz.com.br