O Edit Self driving é o estudo sobre um modelo autônomo modular entre marcas de carro
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O Edit Self driving é o estudo sobre um modelo autônomo modular entre marcas de carro

Bob Lutz, ex-chefe de produto da GM, com passagens por marcas de carro como Chrysler, BMW e Opel, é um dos gurus mais respeitados do setor automotivo, do alto de seus 86 anos. Estudioso da mobilidade, ele acredita que em 20 anos as ruas serão dominadas por módulos autônomos de condução. Antes disso, muitos optarão por não ter carro próprio, usando Uber e afins, ou no máximo aplicativos de compartilhamento.

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No caso dos módulos autônomos, pouco importará a marca do veículo que estiver estampada na grade dianteira (se é que haverá grade nesses carros do futuro). O alerta dele é válido: o que será das marcas automotivas num mundo sem motoristas? Para Lutz, as marcas de carro do segmento premium, associadas ao desempenho do modelo, serão as mais afetadas.

Audi A8 tem nível três de tecnologia autônoma entre as marcas de carro
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Audi A8 tem nível três de tecnologia autônoma entre as marcas de carro

Levei essa questão ao CEO da Audi Brasil, Johannes Roscheck, um engenheiro apaixonado por direção, mas que está à frente da marca do Grupo VW que mais investe em automação. Ele reconhece que o modelo de negócio mudará radicalmente nas próximas décadas, porém manterá uma lógica parecida com a de hoje. “Haverá os veículos autônomos mais simples, de uso urbano, mas também os mais sofisticados. É como na aviação. Muitas pessoas procuram companhias melhores e assentos mais confortáveis. Com carros autônomos, muitos vão preferir marcas que oferecem uma experiência premium, seja na rodagem, seja nos serviços a bordo, seja nos aspectos sensoriais”, explica.

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O raciocínio do executivo da Audi faz sentido. Mesmo em smartphones, o cliente mais exigente procura grifes como Apple, Samsung ou Motorola, e paga mais por isso. Outros, mais práticos ou econômicos, compram celulares de menor custo, de marcas não tão conhecidas. É provável que a lógica funcione também com os futuros módulos de condução autônoma, sejam eles de propriedade particular, sejam de aplicativos de mobilidade. As marcas automotivas tentarão impor seu estilo aos robôs-móveis. Mais acessíveis, mais luxuosos, mais hi-tech, mais retrô, mais adaptados a pisos irregulares...

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O futuro das marcas de carro

A Jaguar Land Rover está entre as marcas de carros que irão focar em modelos híbridos e elétricos
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A Jaguar Land Rover está entre as marcas de carros que irão focar em modelos híbridos e elétricos

Nesse desafio de manter valor de marca, muitas empresas já trabalham com um olho no passado, outro no futuro. A britânica Jaguar Land Rover , controlada pela indiana Tata, talvez seja o melhor exemplo dessa percepção. Ela já anunciou que só lançará produtos híbridos ou elétricos a partir de 2020, como o Jaguar i-Pace. E ainda trabalha no Projeto Cortex, que desenvolve tecnologia de condução sem motorista em condições de terreno das mais adversas, numa parceria com a Universidade de Birmingham, líder em pesquisas sobre radar e sensores, e também a empresa Myrtle AI, especializada em inteligência artificial. Sim, estamos falando de veículos off-road autônomos!

Futurista esses ingleses, não? Por outro lado, eles investem no legado histórico das duas marcas. A ponto de terem criado recentemente o Jaguar Land Rover Classic, canal oficial de serviços especializados, peças genuínas e experiências para os entusiastas clássicos da Jaguar e da Land Rover. Ele só atende veículos que estejam fora de produção há mais de 10 anos. O primeiro Jaguar Land Rover Classic foi criado na Inglaterra, no ano passado. Neste ano foi inaugurado outro centro na Alemanha, e no ano que vem será a vez dos EUA.

Entre as marcas de carros, a Aston Martin terá 25 unidades do emblemático DB5 este ano
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Entre as marcas de carros, a Aston Martin terá 25 unidades do emblemático DB5 este ano

Quer outro exemplo? A também inglesa Aston Martin acaba de anunciar que fará uma série limitada de 25 unidades do clássico DB5 utilizado por James Bond (Sean Connery) nos primeiros filmes da franquia 007, nos anos 1960. Inclusive com as adaptações de espionagem usadas no cinema. Para quem acha que ela só olha para o passado, saiba que no ano que vem chega às lojas o Aston Martin RapidE, esportivo elétrico que pretende rivalizar com os modelos da Tesla.

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Mantendo aceso seu legado, e sem medo de acelerar para as novas tendências de mobilidade, essas marcas de carro tentam garantir seu lugar na preferência de clientes das próximas gerações, que não farão questão nenhuma de dirigir (exceto em pistas temáticas para esse fim), mas que escolherão módulos de condução que lhes proporcionem uma experiência diferenciada a bordo.

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