Benê Gomes

Transição energética: vem aí o biocombustível de coco verde

Biocombustível produzido a partir da biomassa da fruta é nova alternativa sustentável para a transição energética

Coco verde
Foto: BG/BI
Coco verde


O coco verde pode se tornar uma fonte valiosa de biocombustível dentro do processo de transição energética no país, e assim ajudar a reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A iniciativa de transformar a biomassa do coco em energia é liderada pelo Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), vinculado ao Grupo Tiradentes, e conta com o aval da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Como Funciona a Produção do Biocombustível de Coco

O projeto utiliza tecnologias avançadas para converter a biomassa do coco verde em um combustível sustentável. O processo de produção envolve três etapas principais:

1. Secagem e Trituração: a fibra do coco é coletada, seca e triturada para facilitar o processamento.

2. Conversão Térmica: o material passa por processos como pirólise, gaseificação ou fermentação, gerando bio-óleo, biocarvão e gases combustíveis.

3. Refino e Aproveitamento: o bio-óleo pode ser refinado para uso em motores e geradores, enquanto o biocarvão pode ser utilizado como fonte de energia.

Além disso, a tecnologia empregada no projeto também foca na redução de solventes orgânicos, o que também gera um processo mais limpo e seguro.

Biocombustível
Foto: BG/BI
Biocombustível


Sustentabilidade e Economia Circular

O biocombustível de coco verde não apenas oferece uma alternativa renovável aos combustíveis fósseis, mas também contribui para a destinação adequada das cascas descartadas. Em Aracaju, por exemplo, existem cerca de 90 pontos de venda de coco, sendo que 30 deles são considerados grandes geradores de resíduos, pois chegam a descartar até 400 kg de cascas de coco verde diariamente. Essa quantidade sobrecarrega a coleta domiciliar e gera um custo anual de aproximadamente R$ 900 mil para a limpeza pública. Quando não enviados para um aterro sanitário, muitos desses resíduos são descartados de forma inadequada, agravando problemas ambientais.

Coco e Cana-de-Açúcar na Produção de Biocombustíveis

O projeto do biocombustível de coco verde tem semelhanças com a utilização da cana-de-açúcar para produção de energia. Embora a cana seja mais comumente usada para fabricar etanol, seus subprodutos também podem ser aproveitados para a produção de biodiesel e bio-óleo. O etanol, por sua vez, é amplamente utilizado no Brasil como alternativa à gasolina e pode ser combinado com o diesel para formar o diesel verde (HVO), que possui propriedades semelhantes ao biodiesel.

Perspectivas para o Futuro

Com o crescimento da demanda por energias limpas, a pesquisa do ITP surge como um exemplo de como a inovação pode transformar resíduos em soluções sustentáveis. Além de reduzir o impacto ambiental do descarte das cascas do coco, o projeto pode abrir caminho para novas fontes de biocombustíveis no Brasil, impulsionando a economia circular e promovendo a transição para um setor energético mais sustentável.