Chegando aos Estados Unidos, foram a Miami buscar a encomenda de uma Yamaha TZ 250 e alugaram uma pista particular para os primeiros treinos com a nova motocicleta
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Chegando aos Estados Unidos, foram a Miami buscar a encomenda de uma Yamaha TZ 250 e alugaram uma pista particular para os primeiros treinos com a nova motocicleta

O fato ocorreu no dia 12 de março de 1983, em Daytona, na Flórida, Estados Unidos, exatamente 40 anos depois, no último 12 de março de 2023, data que fui assistir um documentário que já conhecia, mas que precisava relembrar alguns detalhes.

É a história de um piloto brasileiro de motovelocidade que se aventurou, sozinho, em uma das pistas mais icônicas do circuito motociclístico mundial, o Daytona International Speedway. E em uma das mais importantes provas motociclísticas do calendário mundial, as 100 Milhas de Daytona.

Antônio Jorge Neto, o Netinho , começou a correr de motocicleta em fins dos anos 70 e, com apenas 17 anos, em 1980, foi campeão paulista e brasileiro na categoria de 50 cm3. No ano seguinte, sagrou-se campeão sul-americano na categoria de 350 cm3. Em 1982, já bicampeão latino-americano e seis vezes campeão brasileiro em diversas categorias, se inscreveu nas 100 Milhas de Daytona, com apoio oficial da Equipe Shell/Yamaha. Essa prova, assim como as 200 Milhas, dentro do mesmo evento, era considerada a porta de entrada para o Mundial de Motovelocidade , e lá foi Netinho.

Nessa primeira aventura, Netinho não foi bem, pois caiu quando estava em quarto lugar e não pôde voltar à pista devido a uma fratura na mão. Mas participou de alguns campeonatos do mundial de motovelocidade na categoria de 250 cm3, conseguindo um quarto lugar no GP da Itália daquele ano.


Para 1983, a Yamaha não o apoiou, como no ano anterior, e daí veio a decisão: “Vamos assim mesmo! ”, disse o seu pai, o Seu Jorge. O grande time resumia-se a ele, o piloto, seu pai, seu cunhado Pato e o mecânico e preparador Jacinto Sarachú, que depois viria a se tornar um excelente fabricante de escapamentos especiais. Chegando aos Estados Unidos, foram a Miami buscar a encomenda de uma Yamaha TZ 250 e alugaram uma pista particular para os primeiros treinos com a nova motocicleta. No dia seguinte, Daytona!

No dia da classificação das 100 Milhas de Daytona, Netinho saiu para suas quatro voltas, achando que, como aqui, deveria fazer apenas uma “boa”. Assim, “tirou a mão” na última curva, vindo a saber, depois, que o tempo de classificação era a média das quatro voltas. Fez a melhor, sem dúvida, mas teve que largar em 12o lugar.

Sábado, 12 de março de 1983, dia da s 100 Milhas de Daytona . Largando no “bolo”, Netinho, de sua décima segunda posição, caiu para a décima oitava, devido à grande fumaça causada pela queima do óleo dos motores dois tempos das motocicletas à frente. Mas logo começou a ultrapassar a todos com uma incrível facilidade, até chegar no líder e favorito, o americano Jim Filice.

Pensou em ficar atrás dele até o fim da prova, para poupar sua moto, mas não se conteve e “roubou” o primeiro lugar logo no início da corrida. E não olhou mais atrás. Na 20a volta, bateu o recorde da pista de ninguém menos que Freddie Spencer, vencendo espetacularmente as 100 Milhas de Daytona de 1983!

Netinho terminou a exatos 27 segundos à frente do segundo colocado, o favorito e ídolo americano Jim Filice, e bateu o recorde da pista 16 vezes! Nesse grande evento anual em Daytona há ainda uma prova de Superbike, que em 1983 foi vencida por Freddie Spencer, a “200 Milhas de Daytona” , conquistada por Kenny Roberts, e as 100 Milhas, ganha por um brasileiro completamente desconhecido daquele público. Glória total!

Se essa história é bacana de ser conhecida, melhor ainda se a ouvirmos diretamente da boca do protagonista, Antônio Jorge Neto. Neste último fim de semana, fui a Socorro (SP), onde nosso visionário amigo Carlãozinho montou o seu museu – Centro Cultural Movimento –, para assistir à pré-estreia do documentário “Aconteceu em Daytona” , no cinema local. Deixei de contar aqui alguns detalhes muito interessantes dessa epopeia; assim vocês os descubram assistindo o filme. Como o que o cunhado Pato fez para aumentar a capacidade do tanque de combustível (sem essa loucura, provavelmente Netinho não terminaria a prova, por pane seca). Sem spoilers, certo? Apesar dos 40 anos passados…

Incentivados por essa vitória, no ano seguinte outros quatro amigos pilotos brasileiros foram correr em Daytona. E eu vou cobrar deles para que comentem as suas versões, aí conto a vocês.

Serviço:

Onde assistir: Cine Cavaliere Orlandi (o mais antigo cinema de rua do Brasil ainda em operação)

Endereço: Rua Campos Sales, 63 - Centro - Socorro - SP

De 16 a 22 de março de 2023 - 16h00 - Sala 02

Sessão Gratuita

Patrocínios:  

Governo Federal - Ministério da Cultura - Lei de Incentivo à Cultura - @leideincentivo

Yamaha Motor do Brasil - @yamahabrasil

Moto Remaza - @motoremaza

Estando em Socorro não deixe de visitar o Centro Cultural Movimento

Ingresso para museu: R$ 20 (vinte reais) inteira e meia entrada R$ 10 (dez reais) para os estudantes, professores da rede pública, menores de 12 anos e 60+.

Horário de funcionamento do museu: quartas, quintas e sextas, das 10h00 às 20h00, sábados, das 10h00 às 20h00 e aos domingos, das 9h00 às 17h00.

Acesse o site e saiba mais:  www.centroculturalmovimento.com.br

No Instagram: @centroculturalmovimento

Sobre o Centro Cultural Movimento - O CCM é um espaço criado na Antiga Estação Ferroviária de Socorro, prédio histórico construído em 1909. Inaugurado em novembro de 2021, o museu dedica seu trabalho ao resgate da história do motociclismo - Motostory - e do ciclismo Bikestory -  brasileiro, e trabalha para fomentar o turismo de experiência em Socorro e no Circuito das Águas Paulista. Com foco na história de personagens e suas motocicletas, bicicletas, troféus, capacetes e diferentes itens de mobiliário, o Centro Cultural Movimento oferece uma luz sobre a história do mercado de duas rodas no país. 

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