Na minha infância, museu era sinônimo de coisa chata. O Museu do Ipiranga, por exemplo, hoje chamado de Museu Paulista da Universidade de São Paulo, era o rei dos museus, mas sua visita estava ligada a coisas de escola e de estudo. Nada contra estudar, pelo contrário, mas uma criança ainda não tem a visão que deveria ter sobre o seu futuro relacionado aos estudos. Museu é história, bem como o novo museu da Honda.
Da mesma forma, estudar história era quase como decorar a lista telefônica, pois deveríamos saber de cor nomes, lugares e datas, sem que alguém se preocupasse em explicar a ligação que existia entre todos aqueles acontecimentos, que me pareciam totalmente aleatórios. Mas no museu da Honda
, a história é diferente.
O tempo, no entanto, se encarrega de consertar as coisas. Já sem me favorecer na escola, mas a tempo de me ajudar bastante na vida, aprendi a gostar da história. Só que aquela história bem contada, quando um fato desencadeia outro e assim por diante. Por consequência, os museus passaram a ser alguns dos melhores lugares do mundo para mim.
Em 42 anos de jornalismo especializado em automóveis e motocicletas, confesso que visitei mais museus de veículos do que museus de história, mas é que essa se tornou a minha ocupação principal: conhecer e escrever sobre automóveis e motocicletas.
E foi exatamente em 1976 que comecei oficialmente minha carreira como jornalista especializado, quando fui chamado para produzir a capa da edição de agosto da Revista Auto Esporte. Desde então, passei a colaborar nos testes de motocicletas, passando por diversas outras revistas como Duas Rodas, Motociclismo e Moto Max.
O museu da Honda, no entanto, tem uma importância especial para mim. Eu sempre soube que os funcionários da fábrica de motocicletas da Honda, lá em Manaus, guardavam alguns dos modelos lá produzidos com um carinho especial.
Até que um dia eles resolveram mostrá-las aos jornalistas que participaram de um lançamento na pista de teste da fábrica, há cerca de cinco anos. Lá estavam enfileiradas as motocicletas escolhidas por aqueles que as montaram, desde os anos 70. Não pude deixar de imaginar, na hora, um museu mais ou menos parecido com aquele que eu conheci em Motegi, no Japão, que conta a história mundial da Honda.