Afinal, os sedãs compactos estão acabando ou não estão? Sim e não. Por que sim: somente quatro modelos aparecem entre os 20 carros mais vendidos do Brasil. Por que não: somados, os sedãs ainda vendem mais do que os badalados SUVs em nosso mercado. Portanto, trata-se de olhar para o “copo” pela metade e enxergá-lo meio cheio ou meio vazio.
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Antes de focar nos sedãs compactos - com a devida licença dos entendidos - quero primeiro explicar o que é um sedã, pois nem todos têm obrigação de saber. Para simplificar, podemos dizer que sedã é uma carroceria de três volumes, com o porta-malas saliente na traseira. Mundialmente, os carros mais famosos dessa categoria são o Mercedes Classe C, o BMW Série 3, o Toyota Corolla e o Honda Civic – para citar apenas quatro modelos de porte médio. Por sua configuração, são carros indicados para uma família média, para executivos ou para táxi.
Muito antigamente, porém, qualquer veículo que acomodasse uma pessoa sentada era chamado de sedã, mesmo que não tivesse rodas e fosse movimentado por dois homens, segurando-o pela frente e por trás. Além disso, o nome sedã não é utilizado em todos os países. Em Portugal, por exemplo, é berlina – um nome derivado da carruagem. Na Alemanha, é limousine, o que explica em parte o fato de o Fusca ter sido batizado oficialmente como Volkswagen Sedan.
Mas isso não é o mais importante e sim o mercado de sedãs no Brasil. Como dissemos, os carros de três volumes ainda vendem mais do que os SUVs: são 26,1% contra 22,4% a favor dos sedãs, que perdem apenas para o hatches (48,9%). A questão, então, é que tipo de sedã ainda vende bem. No mercado brasileiro, considerando os licenciamentos de janeiro a setembro deste ano, a venda desses carros “familiares” está estável. Há uma ligeira queda no subsegmento de sedãs pequenos (-2,2%), mas os desvios dos outros três são irrisórios: -0,3% nos compactos e médios e -0,1% nos grandes. Porém, só os sedãs pequenos (201 mil emplacamentos) e os médios (115 mil) possuem grandes volumes. O de compactos (30 mil) e o de grandes (6 mil) são bem inexpressivos.
Atualmente, o sedã mais vendido é o Chevrolet Prisma, de porte pequeno (51 mil emplacamentos). Entretanto, tanto a Volkswagen quanto a Fiat já estão bem servidas com seus sedãs pequenos – a montadora alemã com o Voyage (30 mil vendas acumuladas) e a italiana com o Siena (19 mil). Por outro lado, ambas já descobriram que é impossível brigar com as marcas japonesas no segundo subsegmento mais atraente, o de médios. Nele, o Toyota Corolla simplesmente esmaga a concorrência (tem 41,9% de participação) e o Honda Civic barra qualquer tentativa de quebra dessa hegemonia (segue em segundo, com seus 17,6%). A única montadora que tenta fazer alguma coisa é a GM, que merece muito mais que os 12,4% do bolo que cabe ao Chevrolet Cruze, por sua boa relação custo/benefício. Depois desses, é um desfile de carros ótimos de guiar e de usar, mas mercadologicamente fracassados no Brasil: VW Jetta, Ford Focus, Nissan Sentra etc.
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Para emplacar de vez
Resta, portanto, o subsegmento de sedãs compactos, aquele que, somado, vende a mesma coisa que o Voyage sozinho. É aqui que a Volks tentará emplacar o Virtus, versão três volumes do Polo, e a Fiat vai encaixar o projeto X6S, sedã do Argo, que deve se chamar Cronos, segundo os colegas do Jornal do Carro. Afinal, esse é um pedacinho do mercado praticamente abandonado pelas montadoras. Dele fazem parte o Ford Fiesta Sedan (com pífios 90 emplacamentos em 2017) e dois chineses sem futuro, o Lifan 530 e o JAC J3 Turin, que juntos convenceram somente 728 clientes a comprá-los este ano.
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Para se ter uma ideia, apenas dois carros dominam 97,3% desse nicho: Chevrolet Cobalt (17 mil vendas) e Honda City (12 mil). São dois bons carros, mas ambos têm vida fácil, pois estão sozinhos como opção para quem acha Voyage/Siena pequenos e considera um Jetta ou um Cruze caros. O Cobalt tem duas versões 1.4 e três 1.8, com preços que variam de R$ 57.990 a R$ 72.490. O City tem cinco versões 1.5 com preços de R$ 60.900 a R$ 81.400. Parece que a Volks e a Fiat acharam um buraquinho no mercado para lançar seus sedãs compactos Virtus e Cronos.