O Jeep Compass está muito além de ser um carro “modinha”. Ele é mais do que isso. É desejado por muitos brasileiros que sonham com um carro alto, bonito, moderno, seguro e com bom custo/benefício. O Compass não é perfeito nem barato. Poderia ter um motor mais forte e aquela versão de R$ 99.990 só existiu para ganhar o prêmio de uma revista especializada. Meses depois sumiu. O preço de entrada agora é R$ 109.990.
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No final do ano passado, pedi ao site Mercado Livre uma pesquisa exclusiva sobre o comportamento dos carros mais procurados pelos brasileiros. A pesquisa ficou pronta e aponta o Jeep Compass com um impressionante crescimento de 295% no segundo semestre, em relação à primeira metade do ano passado. Com isso, ele passou a ser o décimo carro mais acessado nas buscas eletrônicas.
O Jeep Compass conseguiu o que seu irmão Renegade não conseguiu: derrotar o adorado Honda HR-V do posto de SUV mais vendido do Brasil. Segundo a Fenabrave, o Compass terminou a temporada passada com 49.187 licenciamentos, contra 47.775 do HR-V. Dessas vendas, o Compass obteve 31.009 por meio das concessionárias. Todo o restante foram vendas diretas para frotistas, o que demonstra o interesse das locadoras de automóveis em ter o Jeep disponível para seus clientes. O HR-V continua sendo o preferido no varejo, com 42.693 emplacamentos.
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Faz sentido. Por ser caro para o padrão dos salários aqui no Brasil, o Compass é mais desejado do que comprado. Se fosse mais barato, venderia muito mais. Assim, quem não pode comprar o SUV médio da Jeep, pelo menos tem a chance de dirigi-lo quando viaja de férias. Daí que todo mundo procura esse carro e as locadoras vão atrás da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) para comprá-lo. Mesmo não sendo barato, seu custo/benefício é bom para quem tem bala para comprá-lo.
Salvando a casa da FCA
O Jeep Compass é estrategicamente importantíssimo para a FCA. Quando ele nasceu, os executivos da marca disseram que o objetivo era muito claro: ser líder da venda de SUVs em toda a América Latina. A dobradinha Renegade/Compass mostrou que isso era muito mais do que um sonho, e sim um objetivo alcançável. Porém, a importância do Jeep Compass vai muito além do Brasil ou da América Latina.
Esta semana, durante o Salão de Detroit, o CEO da marca, Sergio Marchionne, desmentiu todos os boatos de que a Jeep esteja à venda. Ou que a FCA quer um parceiro para continuar sobrevivendo. Claro! Marchionne não é bobo. Por que ele venderia justamente a Jeep, que é a joia da coroa da FCA? O potencial de vendas do Compass nos mercados que compram SUVs médios é muito maior do que parecia.
Quanto à desistência de fazer uma parceria, talvez Marchionne esteja apenas despistando. Ele quer, sim, ter uma associação estratégica para ficar mais forte no mercado global. E essa parceria virá obrigatoriamente da Ásia (pode considerar aí a China, a Coreia e até o Japão).
Uma viagem de Compass
Quando o Jeep Compass foi lançado, fiz uma viagem de família com ele entre São Paulo e Monte Verde (MG). Dividi o volante com minha mulher e, assim como eu, ela rapidamente gostou das atribuições do carro. Afinal, o Compass tinha todas as boas características do Renegade (estilo, robustez, suspensão e segurança) e mais duas vantagens: porta-malas de 410 litros (contra 260) e motor 2.0 flex de 166 cavalos (contra 1.8 de 132 cv). O motor a diesel é o mesmo: 2.0 de 170 cv.
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A sogra, o cachorro, os gatos e o papagaio não foram nessa viagem. Mas caberiam. E o sogro – que é mineiro – também. Mas vamos ao carro. O Compass tem um navegador por GPS muito bom. Nem precisei usar Waze ou Google Maps. Já na saída ele me ofereceu três opções de caminho: o mais rápido, o mais curto e o mais econômico. Mesmo com o navegador ligado, pudemos utilizar tranquilamente o sistema bluetooth para ouvir nossas músicas preferidas por streaming de áudio. Foi uma viagem bem tranquila, pois os bancos são confortáveis, a posição de dirigir é alta, o ar-condicionado digital tem duas zonas e o câmbio automático de nove marchas contribui para um nível de ruído surpreendentemente baixo.
Cristiane “descobriu” um compartimento escondido debaixo do banco do passageiro. Dá para guardar bolsa ou alguma coisa que não se quer deixar à vista. Ela reclamou, entretanto, do tamanho dos porta-trecos do console. Eu dirigi na estrada e ela na cidade. Segue então o depoimento feminino: “O carro é alto, mas não exagerado, então é fácil de dirigir e de estacionar. O volante e os bancos são bem macios. Também achei o motor muito silencioso e gostei do painel que mostrava a velocidade em números grandes. Sem contar que coube tudo no porta-malas!”
Nas subidas íngremes em piso de terra com pedras soltas, muito comuns em Monte Verde, bastou apertar o botão “4Lock”, que bloqueia a tração 4×4, para que o Compass desse um show em todos os outros carros que se arrastavam na rua. Na chuva, o sistema 4×4 também deu mais segurança. Entretanto, esse sistema só está disponível nas versões a diesel.
Rodamos 405 km com o Jeep Compass Trailhaw 4×4. No total, ele fez 11,5 km/l de diesel. No consumo só de estrada, a marca foi melhor: 13,3 km/l. Tudo isso mostra por que o Compass se tornou o carro mais desejado do Brasil. No futuro, quem sabe não ganha também o motor 2.4.