A Toyota é um mistério. De todas as marcas de automóveis, talvez seja a mais cautelosa. Talvez esse seja o segredo de seu sucesso, pois continua na liderança do ranking global com 2,811 milhões de carros vendidos até abril, ou seja, 504 mil carros a mais do que a Volkswagen. No Brasil não é diferente. O Toyota Yaris (com anos de atraso) para preencher a lacuna que existe em sua linha de produtos entre o Etios e o Corolla.
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E fez um lançamento impecável, oferecendo várias opções do Toyota Yaris com motores 1.3 ou 1.5, câmbio manual ou CVT, na faixa de R$ 59.590 a R$ 77.590 nas versões hatch e de R$ 63.990 a R$ 79.990 nas configurações sedã. Mas as projeções de venda são muito cautelosas.
O Yaris não é barato, mas é competitivo. E isso basta, em se tratando de Toyota. Por isso, a projeção feita de vender apenas 16,7 mil Yaris em 2018 é decepcionante. Isso não dá nem 2,4 mil carros/mês. Vejamos os números. O Volkswagen Polo (rival do Yaris Hatchback) já vende 5,5 mil carros/mês e deverá fechar o ano com 67 mil emplacamentos. Já o VW Virtus (rival do Yaris Sedã) vende cerca de 4 mil carros/mês e tem uma projeção de 40 mil licenciamentos para este ano. Com os números do Yaris, pela primeira vez a Toyota romperá a barreira dos 200 mil carros vendidos no Brasil em um ano.
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Até o final de maio, a Toyota vendeu 76,4 mil veículos leves (automóveis de passeio e comerciais). Sem o Yaris, terminaria a temporada com 183,3 mil carros. Por isso, a projeção de crescimento de apenas 5%, num ano em que o mercado deve crescer pelo menos 11%, e ainda com um lançamento novo, nos parece pouco. E aí está o xis da questão.
A verdade é que a operação da Toyota no Brasil está esmagada. As duas fábricas de automóveis já trabalham em regime de dois turnos. Mais do que a Honda, que tem uma fábrica prontinha sem operar, a Toyota precisa ampliar sua capacidade de produção, pois é uma marca na qual os brasileiros confiam muito. Segundo a fabricante, o terceiro turno na unidade de produção em Sorocaba (SP) começará em novembro.
Posição da Toyota no Brasil
Atualmente, a Toyota ocupa a sexta posição no Brasil, considerando todos os veículos leves. Com 76,4 mil licenciamentos até maio, ela é dona de 8,2% do mercado. Sua posição no segmento de automóveis de passeio é um pouco pior (sétimo lugar), pois, com 61,9 mil vendas e 7,8% de participação, ainda perde para a Renault. Com o Yaris nas ruas, deve ultrapassar a marca francesa. Já no segmento de comerciais leves, a Toyota sobe para a quarta posição, com 14,4 mil emplacamentos e 10,5% de participação.
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Curiosamente, aqui no Brasil, a Toyota mostra fragilidade num segmento importantíssimo, o de SUVs. Seus dois carros vendem muito mal. O SW4 (talvez o último SUV-raiz) emplacou apenas 4,9 mil unidades este ano e ocupa a 11ª posição. Para se ter uma ideia, no ano passado, com o mercado recessivo, o SW4 tinha vendido mais nessa época do ano. Estava em oitavo lugar com 5,1 mil, emplacamentos. A participação do SW4 no segmento caiu de 3,5% para 2,6%.
Além do Toyota Yaris , recentemente a montadora passou a oferecer uma versão mais acessível para o RAV4 e as vendas subiram bastante. Porém, ocupar apenas a 20ª posição no ranking com 1,7 mil carros vendidos é muito pouco para o RAV4, um carro que até março ocupava o posto de SUV mais vendido do mundo. Ele foi ultrapassado em abril pelo Volkswagen Tiguan. São 261,7 mil vendas do Tiguan contra 260,6 mil do RAV4.