Fiat Strada: apesar de estar entre os carros mais vendidos da 1ª quinzena, só 12,5% de duas vendas são em concessionárias
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Fiat Strada: apesar de estar entre os carros mais vendidos da 1ª quinzena, só 12,5% de duas vendas são em concessionárias

Tão surpreendente quantos os resultados de alguns jogos de futebol da Copa do Mundo foi a presença de duas picapes na lista dos 10 carros mais vendidos da primeira quinzena de junho. E as duas da Fiat: Toro em quarto lugar (2.519 vendas) e Fiat Strada em sexto (2.372). Mas para tudo existe uma explicação. Não vamos falar da Copa, mas sim da venda de carros. O segredo da ótima posição das duas picapes está na força que estão ganhando as vendas diretas, conforme já dissemos na última coluna de maio.

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Fiat Toro: a Fiat aumentou o foco no trabalho para suas vendas, por isso ela vai bem nas vendas diretas e ficou em 4º lugar
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Fiat Toro: a Fiat aumentou o foco no trabalho para suas vendas, por isso ela vai bem nas vendas diretas e ficou em 4º lugar

Se as vendas para frotistas já foi suficiente para turbinar os emplacamentos dos SUVs Compass e Renegade, da Jeep, imagina quando estamos falando de picapes. No segmento de comerciais leves, onde estão a Toro e a Fiat  Strada , as vendas diretas chegam a representar 62% do mercado (valor de janeiro a maio).

Quando olhamos as vendas da Toro e da Strada com lupa, vemos que a primeira (por ser maior) é mais forte entre os consumidores comuns e que a picapinha (mais indicada para o trabalho) tem sua fortaleza nas vendas diretas mesmo.

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Chevrolet Onix: o carro mais vendido também tem um alto índice de vendas para frotistas e taxistas, com 30% dos negócios
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Chevrolet Onix: o carro mais vendido também tem um alto índice de vendas para frotistas e taxistas, com 30% dos negócios

De janeiro a maio, a Toro teve 11.400 vendas diretas e 7.708 nas concessionárias. No caso da Strada, foram 17.496 vendas diretas e apenas 2.507 nas revendas. Para se ter uma ideia, até o Chevrolet Onix, líder na preferência do consumidor brasileiro, tem alto índice de vendas diretas (20.430) em comparação com as vendas de varejo, ou seja, nas concessionárias (47.888).

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Quais são as explicações para isso? São muitas – e tem a ver até com uma mudança no perfil do consumidor. Atualmente, jovens não querem mais saber de comprar carros. Em outros tempos, fazer 18 anos era sinônimo de tirar carteira de motorista e comprar um passaporte para a liberdade.

Hoje em dia, os jovens preferem investir seu suado dinheiro (ou uma eventual mesada) em outras coisas, como aparelhos eletrônicos, roupas e acessórios ou mesmo em viagens pelo mundo. Para se locomover, preferem usar os serviços dos aplicativos (como Uber, 99 e Cabify) ou transporte público.

Onde está o dinheiro?

Desemprego, dívidas e baixos salários compõem o cenário econômico do Brasil nos dias de hoje. Logo, quem tem para pagar?
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Desemprego, dívidas e baixos salários compõem o cenário econômico do Brasil nos dias de hoje. Logo, quem tem para pagar?

Outra explicação é que são pouquíssimas as pessoas que ainda têm dinheiro sobrando nesse país. Assim, o custo de propriedade de um carro está cada vez mais sendo considerado pelos consumidores. E como os preços dos carros não param de subir, muitas pessoas estão desistindo de trocar de carro para alugar um.

É um dinheiro perdido? Talvez não, pois pelo menos a pessoa não se descapitaliza, como ocorre quando compra um veículo. Se for um zero km, então, já perde dinheiro ao tirá-lo da concessionária, devido à desvalorização.

Nesse ambiente, sobram as empresas, os taxistas, as prefeituras, os órgãos públicos, os governos estaduais e, principalmente, as locadoras. Esse mercado também mudou. As frotas dessas empresas ficaram muito mais atraentes.

Tanto que só em maio foram emplacados 6.500 carros da dupla Compass/Renegade só nas vendas diretas. Hoje é possível rodar de Compass, um dos melhores SUVs do mercado, sem ter que desembolsar mais de R$ 100 mil.

Esse movimento do mercado acaba provocando novidades. Uma delas é a presença das picapes Toro e Fiat Strada entre os seis carros mais vendidos da primeira quinzena de junho. Daqui até o fim do ano, é possível que novas surpresas aconteçam. Como as vendas no varejo estão baixas, qualquer grande negociação de venda direta pode alterar o ranking. Cabe a nós, jornalistas do setor, estarmos atentos a isso. E cabe aos consumidores não se deixarem levar por notícias que fazem crer que está todo mundo correndo atrás de uma Toro, uma Strada, um Compass ou um Renegade. O buraco é bem mais embaixo.

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