Novo Toyota RAV4: agora na quinta geração, só tem versões híbridas, por isso venderá pouco no Brasil
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Novo Toyota RAV4: agora na quinta geração, só tem versões híbridas, por isso venderá pouco no Brasil

O Toyota RAV4 e o Peugeot 5008 desfilam seus atributos pelas ruas e estradas brasileiras já há algum tempo. Agora, com a chegada do novo RAV4 Hybrid, da quinta geração, podemos dizer que temos nesses carros dois exemplos do que há de melhor no mundo dos SUVs. Primeiro, uma ressalva: nem o Toyota RAV4 nem o Peugeot 5008 exibem aquele caráter aventureiro que um dia marcou a presença dos SUVs e hoje resiste em raros modelos da Land Rover e da Jeep, além dos superados Toyota SW4, Chevrolet Trailblazer e Mitsubishi Pajero Sport (os últimos SUVs raiz sobreviventes).

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Pois bem: apesar de serem muito bons naquilo que propõem, o Toyota RAV4 e o Peugeot 5008 não são carros muito vendidos ou sequer cobiçados pelos brasileiros. Se fossem, venderiam mais. São caros? Depende do bolso do consumidor, pois quem considera a compra de um RAV4 Hybrid por R$ 168 mil ou de um 5008 por R$ 179 mil também acaba comprando carros dessa faixa de preço. É por isso que não gosto de dar “nota” para preço quando faço avaliação de um automóvel, pois o que é caro para mim pode ser barato para outra pessoa, ou vice-versa. Se julgarmos o preço, deixamos de avaliar o produto em si e passamos a avaliar a compra – se é um bom ou um mau negócio.

Peugeot 5008: irmão maior do 3008, o modelo de sete lugares foi o SUV que menos perdeu valor em 2019
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Peugeot 5008: irmão maior do 3008, o modelo de sete lugares foi o SUV que menos perdeu valor em 2019

Portanto, independentemente da questão dos preços, quero falar de outro aspecto desses dois carros. E esses aspectos têm a ver com estratégia, sonho e preconceito.

A estratégia do Toyota RAV4

O Toyota RAV4 é simplesmente o SUV mais vendido do mundo. De vez em quando aparece um Honda CR-V, um Volkswagen Tiguan ou um Nissan X-Trail para incomodá-lo, mas o RAV4 sempre está lá, firme e forte. Aqui no Brasil, ele nunca foi um carro de volume. Por uma questão de estratégia, a Toyota decidiu apostar no SW4, o seu SUV raiz, como dissemos. E durante muito tempo funcionou bem. Na verdade, apesar de as vendas não serem altas, funciona até hoje, do ponto de vista do negócio, pois o SW4 é um carro altamente lucrativo.

Porém, enquanto a Toyota patinava com o RAV4 e ocupava apenas um nicho do segmento de SUVs com o SW4, outras marcas começaram a fazer volume (e dinheiro) investindo em SUVs menores e mais acessíveis. Não por outro motivo, quando surgiu o protótipo do Toyota C-HR, com seu design ousadíssimo e porte do Honda HR-V, não faltou quem apostasse no lançamento desse carro no mercado brasileiro. Entretanto, muitas vezes, alguns especialistas analisam o mercado muito mais em função de seus próprios desejos, como entusiastas que são, do que do ponto de vista do fabricante.

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Acontece que o C-HR é um carro caro, foi projetado para ser híbrido. E, como sabemos, o Brasil está apenas engatinhando na eletrificação. Não faz sentido, sob o ponto de vista econômico, a Toyota investir em dois híbridos ao mesmo tempo à espera de que um dia haja um mercado robusto para esse tipo de carro no Brasil. Ora, a Toyota já investe há anos no Prius, que é bem acessível e tem uma relação custo-benefício interessante. Então, entre lançar o CH-R e investir no RAV4, a Toyota não fez (por enquanto) nem uma coisa em outra. Afinal, o novo RAV4 Hybrid é um carro muito bom, mas continuará sendo um peixe fora do mar do mercado. O que é uma pena.

O preconceito contra o Peugeot 5008

Ana Theresa Borsari e o Peugeot 3008: coube a uma mulher empoderada liderar a reviravolta da marca no Brasil.
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Ana Theresa Borsari e o Peugeot 3008: coube a uma mulher empoderada liderar a reviravolta da marca no Brasil.

O brasileiro é um povo bastante preconceituoso. Não sei se é mais ou se é menos do que outros povos, mas o preconceito é grande. Se existe preconceito, é porque existe uma razão. No mundo dos carros, a marca que mais sofre preconceito por parte dos brasileiros é a Peugeot. A razão, obviamente, está nos péssimos serviços prestados pela rede francesa na década passada (2001 a 2010). Sem contar algumas escolhas erradas, como “dar um tapa” no 206 e chamá-lo de 207 e lançar o simpático 2008 sem câmbio automático na versão topo de linha. Tais escolhas tiveram um preço e a marca ainda paga por elas.

Todavia, o preconceito não pode ser eterno. Muitos consumidores ainda torcem o nariz quando falamos do Peugeot 5008 ou do 3008. Isso para não dizer do 2008, que agora só tem câmbio automático. O 5008 nada mais é do que o 3008 alongado. E o 3008 é a cara de uma Peugeot que passou a fazer SUVs de excelência. O antigo 3008 já era muito bom, porém tinha o conceito de crossover. Agora, o novo 3008 e o 5008 são mais utilitários, assumiram o caráter SUV que o público deseja, mas com soluções interessantíssimas de design, conforto e prazer ao dirigir.

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A rede Peugeot também foi totalmente modificada, num trabalho que vem de anos e tem na figura de Ana Theresa Borsari uma executiva de respeito. Sim, no país dos preconceitos é uma mulher empoderada que está colocando a Peugeot num patamar superior. Já há algum tempo, participando de uma pesquisa anual que envolveu mais de 5.000 itens de 280 carros, publiquei na revista Motor Show e nas minhas colunas que o Peugeot 2008 tinha baixo índice de desvalorização. Mesmo assim, o preconceito persistia. Porém, esta semana, o site KBB Brasil – braço brasileiro do site americano especializado em classificados digitais – divulgou um ranking no qual o Peugeot 5008 aparece como o SUV menos depreciado no primeiro semestre de 2019.

Toyota SW4: apesar de ser um dos últimos SUVs raiz, ocupa uma ótima colocação no ranking de depreciação
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Toyota SW4: apesar de ser um dos últimos SUVs raiz, ocupa uma ótima colocação no ranking de depreciação

O estudo do KBB Brasil envolveu 400 versões e está publicado na íntegra no Guia do Carro (www.guiadocarro.net). Segundo o levantamento, o Peugeot 5008 perdeu apenas 0,59% de seu valor de janeiro a junho deste ano. Em seguida aparece um carro de uma marca premium, o Volvo XC60, com depreciação de 2,72%. A Peugeot volta a aparecer entre os top5 do ranking com o 3008, que perdeu 4,01% de valor no período analisado. Esse resultado mostra que, enquanto muitos consumidores compram baseados em preconceitos, outros fazem negócios de forma racional. Além de terem um bom carro, conseguem perder menos dinheiro na compra de um carro zero km. Olham para a Peugeot e enxergam o que ela é, não o que ela foi.

Os Peugeot 5008 e 3008 estão muito mais à frente no ranking, por exemplo, do que o badaladíssimo Honda HR-V (décimo colocado), ou do que a dupla líder da Jeep, Renegade e Compass, que estão em 24º e 28º lugar, respectivamente. A pior colocação, entre os 36 carros pesquisados, foi do Ford EcoSport, que depreciou 13,57% nos seis primeiros meses do ano. Curiosamente, o Toyota RAV4 não aparece na pesquisa do KBB Brasil, mas o SUV raiz da Toyota, o SW4, ocupa uma ótima terceira posição, com 3,60% de perda de seu valor de compra.

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