Por que o campeão Chevrolet Onix vende tanto mais que o vice-líder Hyundai HB20? Num mercado tão concorrido como o brasileiro, é estranha a diferença do dobro de carros entre o primeiro e o segundo colocados. Isso não acontece nos principais mercados mundiais.
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Antes de analisar o fenômeno e tentar entendê-lo, vamos aos números. No acumulado de janeiro a julho, o Chevrolet Onix emplacou quase 137 mil unidades. É o líder rumando para mais um título de campeão brasileiro de vendas, o quinto consecutivo. O Hyundai HB20, por seu lado, emplacou 62,2 mil carros. A diferença atual entre eles é de quase 75 mil carros.
Projetando os números do Chevrolet Onix e do Hyundai HB20 para o ano inteiro, podemos prever uma venda de quase 235 mil carros para o Onix e de 106,6 mil para o HB20. Diferença projetada: mais de 128 mil carros. É muita coisa! Principalmente porque a versão de entrada do HB20 é mais barata do que a do Onix.
Enquanto o Hyundai começa em R$ 44.490, na versão Unique 1.0, o Chevrolet parte de R$ 46.590 com o Onix Joy 1.0. Na prática, sabemos que a GM é muito mais agressiva do que a Hyundai nos descontos, por isso essa diferença soma ou até mesmo fica mais em conta em determinadas regiões.
De onde vêm as vendas do Chevrolet Onix e do Hyundai HB20? Nas vendas de varejo, para o público que compra carro nas concessionárias, o Onix abre uma vantagem de 4,1 mil carros/mês. Hoje essa diferença já encosta na casa dos 29 mil carros: 77,6 mil para o Chevrolet; 48,6 mil para o HB20. No ranking das concessionárias, Onix e HB20 mantêm as posições do ranking geral: primeiro e segundo.
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Nas vendas diretas (para frotistas, por exemplo), o Onix abre uma vantagem de 6,5 mil carros/mês. Nas contas de julho, a diferença já encosta nos 46 mil carros: 59,3 mil para o Chevrolet; 13,5 mil para o Hyundai. Aqui está uma diferença importante, pois o Hyundai HB20 desaba para 12º lugar no ranking de vendas diretas, enquanto o Chevrolet Onix permanece em primeiro lugar. Só isso mostra que a GM é muito mais competitiva do que a Hyundai nas negociações com frotistas (locadoras, por exemplo), pois tem mais capacidade produtiva, portanto consegue entregar mais carros.
Onix herda a memória afetiva de antigos Chevrolet
Outros fatores também devem ser considerados. Um deles é que a rede Chevrolet tem cerca de 370 concessionárias em todo o país e sua marca é muito mais conhecida pelos brasileiros. Existe uma memória afetiva importante que o Onix herdou de antigos e queridos carros da Chevrolet, como Opala, Monza, Corsa e Vectra. A rede Hyundai não é tão grande, mas também não é minúscula: são mais de 200 concessionárias espalhadas pelo Brasil.
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Sua capilaridade é muito menor, mesmo sendo mais que a metade da rede Chevrolet. Quando vemos a força industrial da GM no Brasil perante a da Hyundai, que se instalou no país somente nesta década, novamente a vantagem pende para o Onix, pois seus carros provavelmente têm um custo menor, considerando a escala de produção.
Todos esses elementos juntos podem explicar o fato de o Chevrolet Onix ter uma venda projetada de 235 mil carros/ano, enquanto o Hyundai HB20 não chega nem a 107 mil carros/ano. Mas uma coisa não tem explicação: por que nenhuma outra montadora consegue ocupar o imenso vazio que existe entre o Onix e o HB20? Ambos parecem estar no limite da produção, por isso existe espaço para um, dois ou até três modelos estarem entre eles.
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Mas ninguém consegue sequer superar o HB20. Os mais próximos são o Ford Ka e o Renault Kwid. Porém, são dois carros que também têm limitação produtiva por parte dos fabricantes. Por isso, somente a Volkswagen e a Fiat – ambas com poder industrial do nível da GM – podem ameaçar o Onix.
Entretanto, ao que parece, nem a Volks nem a Fiat estão interessadas nisso. A Volkswagen poderia reagir com uma nova geração do Gol, uma vez que o atual modelo já passou por três facelifts e o Polo é um automóvel caro para ser produzido. Da mesma forma, a Fiat apostou no Mobi, por um lado, e no Argo, por outro. Mas nenhum deles têm a performance vencedora que já tiveram um dia os Fiat Uno e Palio.
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O Mobi por ser muito pequeno e não atender às necessidades de uma família; o Argo, por ser quase tão custoso como o Polo. É muito provável que as montadoras tenham perdido o interesse por esse nicho que representa a liderança do mercado. Preferem investir em modelos mais caros para obter lucros maiores. No atual cenário econômico e social, é possível que o Onix complete uma década na liderança.