Fala, galera. Beleza? Como algumas pessoas que acompanham a minha coluna devem ter notado, eu escrevo muito mais sobre minha opinião e experiências do que sobre dados, informações técnicas e expectativas do mercado. Dessa vez não será diferente, inclusive. Acredito que falarei muito mais sobre mim do que sobre a mobilidade elétrica.
Semana passada, fui surpreendido por um comentário em uma publicação que fiz no Instagram. O comentário foi mais ou menos assim: “Afinal, quanto você está ganhando para falar sobre mobilidade elétrica, já tá ficando chato”.
Em um primeiro momento, fiquei surpreso com o comentário. Respondi que não ganhava nada para falar bem, mesmo porque eu falo o que vivo, não faço um marketing sem vivência. Depois comentei: “Meu perfil do Instagram se chama carroeletricomeu e meu canal no YouTube é Meu Carro Elétrico , sobre o que mais eu falaria?”
Não foi a primeira vez que esse mesmo usuário já fez comentários semelhantes, mas nunca tão incisivo. Alguns considerariam um hater. Eu considero que seja uma pessoa que ainda não foi convencida, mas busca informações sobre o assunto. Não sei com qual objetivo, só sei que rola uma troca de ideias.
Não diria que ele é o único antielétrico que cruzei pelas redes sociais da vida. Diria que a maioria são menos educados e com ainda menos embasamento para criticar a mobilidade elétrica. Grande parte das críticas possuem três argumentos: o preço dos veículos, o tempo de recarga e a vida útil da bateria. Alguns que se consideram mais técnicos, jogam aquela velha pergunta do impacto ambiental da mineração e o descarte das baterias.
Acredito que já falei desses assuntos algumas vezes na coluna do Portal iG e em outras publicações no YouTube . Entretanto, é fato que a informação não chegou, não foi compreendida ou não foi aceita pela grande maioria das pessoas. Por isso que não devemos nos cansar de falar sobre mobilidade elétrica.
Eu nunca falaria sobre algo com tanto ímpeto se realmente não acreditasse. Lógico que não sou louco, ou mesmo hipócrita, de não avaliar outras opções para a mobilidade. O ponto é que o motor elétrico já provou ter eficiência superior em comparação aos motores à combustão. Acredito que o preconceito que precisa ser derrotado é contra a forma de acumular energia em baterias.
As baterias de alta voltagem podem não ser perfeitas, porém são a melhor opção de armazenamento de energia na atualidade. Até temos outras opções, como tanques de combustível que alimentam motores a combustão interna usados para geração de energia; células de combustível a hidrogênio ou etanol e até mesmo a transmissão de energia de fonte externa, que vemos em trens, trólebus e bondes.
Mas se avaliarmos de forma lógica, veremos que a primeira opção possui pouca eficiência energética, a segunda é extremamente cara e pouco viável em um bom período e a terceira não é aplicável em grande volume, principalmente em veículos particulares.
Um fato curioso é que muitas pessoas possuem pequenos powerbanks e nobreacks em suas casas, mas poucos possuem geradores para fornecimento de energia em caso de corte de fornecimento. E digo mais: os geradores de energia são sistemas secundários para geração de eletricidade, não os principais. Até mesmo nos países que possuem maior uso de termelétricas, elas são utilizadas porque não conseguem gerar eletricidade de outra forma mais limpa.
Para ser sincero, minha vida junto à mobilidade elétrica foi por conveniência. Busquei um carro híbrido para evitar o rodízio de veículos. Muitos diriam que foi por coincidência, outros que o universo convergiu a favor. Eu diria que foi um presente de Deus que os modelos de veículos elétricos “mais acessíveis” foram lançados na época que eu estava buscando uma solução para o rodízio veicular.
Tantos outros como eu acabaram aderindo à mobilidade elétrica por conveniência, outros foram levados por motivos mais nobres como a consciência ambiental. Existe ainda um outro perfil de entusiasta, que chamaria de profissional. Os profissionais englobam técnicos, engenheiros, empresários, gestores entre tantos outros que, por conta de pesquisas e estudos em suas áreas de conhecimento, levaram à mesma conclusão que eu cheguei quando conheci o carro elétrico.
Veja como exemplo os fundadores da Tupinambá Energia que, após uma pesquisa de mercado, eles mesmos se surpreenderam com o tamanho do potencial da mobilidade elétrica no Brasil.
Ainda falando sobre o perfil do entusiasta profissional, muitos já se dedicavam em falar da mobilidade elétrica antes mesmo de colocar um carro elétrico em suas garagens. Mas se eles acreditavam tanto na mobilidade elétrica, por que já não usavam um veículo elétrico? Ora, pelo mesmo motivo que a maioria dos proprietários não tinha um veículo antes de 2019: falta de opção ou condições.
Faço um desafio: converse com qualquer engenheiro eletricista ou mecânico, gestor de frotas e até mesmo pilotos de teste e pergunte o que eles acham sobre a eficiência dos veículos elétricos. Independentemente da resposta, questione quanto tempo ele se dedicou ao assunto para embasar a opinião. Verá que, da mesma forma que eu, muitos outros profissionais (ouso dizer especialistas) fazem a defesa e pregam a difusão de mobilidade elétrica.
Somos apaixonados, mas não cegos aos pontos que precisam melhorar. Rotineiramente surgem anúncios e notícias sobre avanços em relação a baterias, infraestrutura de carregamento, geração de energia sustentável, oferta de novos modelos de veículos e incentivos governamentais. Estamos apenas no início do desenvolvimento da mobilidade elétrica nos veículos modernos. Ainda tem muita coisa para melhorar.
Por que tem tanta gente que aposta no Etanol como o combustível do futuro? Bem, aí vale uma ótima discussão. A maioria dos defensores do Etanol assumem que o motor elétrico é mais eficiente. Outro ponto interessante é que só vejo a defesa do Etanol como célula de combustível para o Brasil. Por que nenhum outro país pensa nessa opção para aplicação em seu próprio território?
Agora, para a manutenção dos motores a combustão, só vejo dois argumentos utilizados: já temos postos de gasolina por todo o Brasil e pobre nunca terá dinheiro para comprar carro elétrico.
Pois para esses, eu deixo duas respostas: já temos tomadas em todos os postos e em muitos outros lugares, e pobre até pode até ter dinheiro para comprar um carrinho usado, mas será que tem dinheiro para abastecer? E se for para andar de ônibus, que seja um ônibus elétrico, que terá muito menos chance de parar no meio do caminho com problemas mecânicos.
Não quero que fiquem pensando que uso a coluna para desabafar. A intenção é deixar bem claro o quão apaixonante é ver as inúmeras vantagens que a mobilidade elétrica traz e que, mesmo assim, há muitas pessoas que precisam ser devidamente informadas sobre o assunto.
Então, meu caro amigo, para se apaixonar sobre a mobilidade elétrica você precisa saber pelo menos um pouco sobre o assunto; para convencer as pessoas você precisa saber muito. Mas para falar mal basta não saber nada.
Até mais.