Pequenos conversíveis costumam ser garantia de diversão ao volante. Uns mais, outros menos. E a nova geração do Porsche Boxster S está no primeiro grupo. Bastaram algumas voltas com a capota abaixada, que soaram como puro rock and roll, para chegar à essa conclusão. Tudo começou com o teste do controle de largada, feito com o pé esquerdo no freio e o direito pisando fundo no acelerador para um tiro certeiro, capaz de fazer você ficar mudo e sem fôlego por 4,4 segundos, tempo que o carro leva para ir de 0 a 100 km/h.
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Desde que a Porsche anunciou que iria trocar o motor de seis cilindros do Boxster S por outro de quatro, os puristas torceram o nariz, achando que tirariam uma boa parcela do prazer ao dirigir a versão mais saborosa do cardápio. Ledo engano, o novo 2.5, turbo, de 350 cv beira a perfeição, assim como todo o conjunto mecânico e da estrutura da novidade que leva os números do lendário 718 no nome, roadster vencedor de corridas memoráveis em Sebring, Targa Florio, entre outros circuitos famosos da história do automobilismo.
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A ideia da Porsche era mesmo suscitar um ritmo de heavy metal durante a avaliação em pista fechada dentro de um condomínio de luxo no interior de São Paulo. O caminho era um pouco estreito, mas o asfalto estava perfeito e o instrutor da marca não fez nenhuma cerimônia em esquentar os freios do Cayenne Turbo que seguia à frente. Então, dá-lhe primeira, segunda, terceira, quarta, curva para direita, esquerda, freio, olho no contagiros, velocímetro e tudo isso de novo a cada volta.
Logo ficou provado que nessa tocada alucinante o 718 Boxster S se saiu bem, melhor que o antecessor, apesar de ter ganho 25 kg de peso por conta de todo o sistema de sobrealimentação entre outros componentes que deixaram o carro mais potente (350 cv ante 315 cv do Boxster S anterior). Agora o motor funciona com injeção direta de gasolina, com uma pressão de 120 bar, comandos de válvulas com variadores de fase tanto na admissão quanto na exaustão, lubrificacão por cárter seco, paredes dos cilindros de alumínio com uma camada de ferro, entre outros detalhes dignos de prêmio de engenharia.
Na prática, o resultado de toda essa parafernalia, somado ao fato do motor ser boxer (de cilindros contrapostos) e de estar em posição central, é que o 718 Boxster entra para o primeiro grupo dos roadsters divertidos com louvor. É um carro que faz curvas como poucos, ajudado pela suspensão controlada eletronicamente, pelo centro de gravidade dois centímetros mais baixo que o do Boxster anterior e pelos pneus 235/40R 19 na dianteira e 265/40R na traseira. Some a isso também a direção 10% mais direta, vinda do 911 Turbo e terá um prato cheio se está buscando um esportivo de verdade com capota retrátil.
Se quiser ouvir apenas a trilha sonora que sai pelas duas saídas de escapamento não vai se decepcionar. O ronco borbulhante entre as trocas de marcha vai mudando de timbre conforme o contagiros vai chegando próximo da faixa vermelha, na marca dos 7.400 rpm. Aliás, se estiver disposto a pagar pelo sistema de escape com flaps, o ronco do motor pode ser ajustado por um comando no painel. Senão, pode fechar a capota de tecido, o que leva em torno de 12 segundos, e curtir o sistema de som com tela sensível ao toque compatível com Apple Car Play.
Por dentro, o volante é o mesmo do 918 Spyder , o superesportivo híbrido que deixou de ser fabricado em setembro do ano passado, mas continuou como recordista do mítico circuito alemão em Nurburgring, também conhecido como “ Inferno Verde”. Partida tradicional do lado esquerdo, acabamento discreto e de bom gosto (que inclui revestimento de couro e alumínio escovado) e bancos com bom apoios laterais para segurar o corpo nas curvas. Como nos roadsters ingleses, há como combinar as cores da carroceria com a do interior. E, ao todo, tem-se nada menos que 220 códigos de opcionais como itens de personalização.
Mas todo esse repertório bem sucedido do 718 Boxster tem seu preço: R$ 466 mil, valor que cai para R$ 368 mil na versão mais mansa, com motor 2.0 de 300 cv. Entre os principais rivais, há o Jaguar F-Type V6 , de 340 cv (R$ 528.782) e o novo Mercedes-Benz SLC 43 AMG , de 367 cv (R$ 399.900 mil).
Ficha técnica
Preço: R$ 466 mil
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Motor: 2.5, quatro cilindros, turbo
Potência: 350 cv a 6.500 rpm
Torque: 42,8 kgfm a partir de 1.900 rpm
Transmissão: Automatizado, sete marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente (dianteira) / independente (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e na traseira
Pneus: 235/40 R19 (dianteiro) e 265/40R 19
Dimensões: 4,38 m (comprimento) / 1,80 m (largura) / 1,28 m (altura), 2,48 m (entre-eixos)
Tanque : 64 litros
Consumo: 9 km/l (cidade) /12 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 4,4 segundos
Vel. Max: 285 km/h
* Viagem feita a convite da Porsche do Brasil