Segundo carro da Jeep feito no Brasil, na fábrica em Goiana (PE), o Jeep Compass foi apresentado primeiro nas versões com o motor 2.0 turbodiesel, com preços a partir de R$ 132.990. Gostei muito do SUV com essa motorização, mas criou uma preocupação sobre o modelo flex. Seria ele tão bom quanto o diesel ou tão decepcionante quanto o Renegade 1.8 flex? Finalmente tive a resposta.
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A expectativa é grande. Para a fabricante, o Jeep Compass flex será o mais procurado nas concessionárias, correspondendo a 70% das vendas, sendo 30% da configuração intermediária Longitude (R$ 106.990). Tanto a versão de entrada Sport ( R$ 99.990) e a topo de linha Limited (R$ 124.990) devem representar 20%, e os modelos com motor diesel completam os 30% restantes do mix.
Por R$ 99.990, o utilitário esportivo vem bem equipado. De série desde a versão Sport , vem com um sistema eletrônico que concede ao Compass controle de estabilidade, de tração, assistente de frenagem de emergência, controle eletrônico anti-capotamento e Hill Assist, que segura o veículo no lugar por alguns segundos em aclives. A Jeep diz que todos os carros dessa categoria deveriam vir com esses itens. Pena que ficaram devendo nos airbags, apenas dois na versão de entrada. Seu porta-malas tem capacidade para 410 litros, chegando a 1.191 l com os bancos traseiros rebatidos.
Além dos itens de segurança, conta também com computador de bordo com tela TFT de 3,5 polegadas, volante multifuncional, central multimídia com tela sensível ao toque de 5” e com entrada USB e conexão Bluetooth, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, navegador por GPS, rodas de liga leve 17”, iluminação diurna em LED e sistema ISOFIX para assentos infantis.
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A configuração Longitude troca as rodas de liga leve para 18” e adiciona ar-condicionado de duas zonas, piloto automático, retrovisores elétricos com repetidor de seta, trocas manuais de marchas através de hastes atrás do volante e luz ambiente. A central multimídia ganha uma tela de 8,4 polegadas. O modelo mais caro é o Limited , com sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois de cortina e um de joelho para o motorista), faróis de xenônio, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e detector de pontos cegos.
Ao volante
Quando andei no Jeep Compass pela primeira vez, fiquei impressionado pela estética do carro. Sérgio Ferreira, diretor da Jeep América Latina, revelou que uma das metas era que o Compass foi bem bonito, pois “brasileiro não quer carro feio”. Conseguiram deixar o modelo bem agradável aos olhos, mas totalmente reconhecível, mantendo o DNA de design da marca. É um belo carro.
O interior recebeu o mesmo cuidado. Não há fendas entre os painéis e com um acabamento macio ao toque. Quem entrar no carro pela primeira vez vai achar que é um automóvel de segmento superior. Com o uso da tela TFT no painel de instrumentos e a central multimídia, parece te dizer que também é um geek , antenado nas novas tecnologias e que não vai faltar nenhum recurso digital.
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Sob o capô, está o 2.0 TigerShark . Com quatro cilindros, gera 166 cavalos de potência a 6.200 rpm e 20,5 kgfm de torque a 4.000 rotações. É consideravelmente mais potente do que os 132 cv gerados pelo 1.8 E.torQ do Renegade , e com um torque maior do que os 19,1 do SUV menor. A mágica que deixa o Compass mais esperto nas ruas é o fato de pesar 1.527 kg, apenas 87 kg a mais do que seu irmão menor. Sempre é combinado com o câmbio automático de seis marchas e apenas tração dianteira – se quiser um 4x4, tem que pegar a versão diesel.
Com um test-drive muito curto, de quase 55 km, entre a praia do Guarujá e a Riviera de São Lourenço, no litoral de São Paulo, usando a Rodovia Rio-Santos. Não foi a melhor das escolhas da marca, já que foi um trajeto curto, com muitos trechos tem apenas uma pista, frequentado por uma quantidade razoável de caminhões e, na ocasião, com obras na pista. Para compensar, tem uma pista bem ondulada, boa para ver como a suspensão se comporta.
Logo ao acelerar, percebemos um dos atributos do Jeep Compass com o motor 2.0 TigerShark . É muito silencioso, com um baixo nível de ruído. Isso porque foi desenvolvido para ter o mínimo possível de vibrações, desde o uso de eixos balanceadores até o sistema de acionamento dos comandos de válvulas. Na prática, o utilitário é muito quieto em velocidade de cruzeiro.
Piso fundo para ouvir o ronco do motor e conferir o torque. Demora um pouco para ganhar velocidade, principalmente nas retomadas – a marca diz que ele acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos. É uma melhora considerável se compararmos com o 1.8 do Renegade e boa para um carro deste tamanho, mas não espere que consiga se comportar como se fosse um esportivo ou que tenha a agilidade da versão diesel.
Seu consumo não é dos melhores. O dado oficial pelo Inmetro diz que o Jeep Compass flex faz 10,5 km/l na estrada e 8,1 km/l na cidade, com gasolina. Se abastecido com etanol, o rendimento passa para 7,2 km/l e 5,2 km/l, respectivamente. Mesmo com um câmbio automático, de seis marchas, e pesando pouco menos, seu rival Honda CR-V faz 11,5 km/l na estrada e 9,2 km/l na cidade, enquanto o Hyundai ix35 marca 10,3 km/l e 8,7 km/l.
Outra decepção foi com a suspensão. Quando andei na versão Trailhawk, achei que estava muito firme, mas não tinha problema, já que era um modelo preparado para trilhas. No entanto, ao dirigir a configuração Limited flex, encontrei o mesmo defeito. Em algumas lombadas, ficava claro como o curso da suspensão era curto. Não chegou a dar aquela batida seca, mas também não foi suave. O lado bom é ser extremamente estável nas curvas.
Assim como o modelo diesel, o Jeep Compass flex mostra que tem capacidade para repetir o sucesso do Renegade em um segmento mais acima. É bem equipado, é gostoso de dirigir e o preço salta aos olhos quando comparado com a concorrência. Perde um pouco no desempenho quando comparado com o diesel, já que não tem o mesmo torque, embora não seja uma combinação ruim como no caso do Renegade . Para quem quer um SUV com motor flex, vale guardar o dinheiro para fugir do Renegade e ir direto para o Compass.