O VW Up! evoluiu no design e ficou um pouco mais equipado, mas ficou devendo alguns itens oferecidos na Europa
Nicolas Tavares/iG Carros
O VW Up! evoluiu no design e ficou um pouco mais equipado, mas ficou devendo alguns itens oferecidos na Europa

Emplacar um carro urbano no Brasil é difícil. O gosto do brasileiro pede justamente o contrário da proposta de um citycar : Espaço. São pequenos para serem mais fáceis de estacionar, econômicos e ocupar menos no trânsito, exatamente como é o VW Up!, o subcompacto da Volkswagen. Teve vendas mornas desde o lançamento no País e ainda é visto com certo preconceito. Será que renovar o design será o suficiente para aumentar sua procura?

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É uma pergunta difícil de responder. Porém, pelo contato que tivemos com o carro, a resposta é que sim. O VW Up! está mais equipado, arrumaram sua linha para ter menos versões e pacotes de equipamentos e seu design ficou mais agradável com as mudanças que, à primeira vista, parecem sutis. Não irá vender como os hatches campeões de venda, ficando apenas mais competitivo para bater o Fiat Mobi.

Do lado esquerdo, o VW Up! renovado. Repare no novo desenho do  para-choque e na entrada de ar do capô
Divulgação/Volkswagen
Do lado esquerdo, o VW Up! renovado. Repare no novo desenho do para-choque e na entrada de ar do capô

Se não olharmos para o Up! lado a lado com o anterior, a renovação do design pode passar despercebida. Veja a imagem acima. A entrada de ar do capô está mais larga e recebeu um filete na parte de baixo, pintado de vermelho nas versões Move e High, e cromado no aventureiro Cross. É algo bem sutil, mas que faz muita diferença na expressão do subcompacto. O para-choque dianteiro tem duas grades, divididas por uma peça sólida que atravessa toda a frente e liga os faróis de neblina. Ajuda a dar a impressão de que o Up! é mais robusto.

Na traseira, o Up! ganhou um para-choque (do lado esquerdo) que conversa melhor com as linhas gerais do carro
Divulgação/Volkswagen
Na traseira, o Up! ganhou um para-choque (do lado esquerdo) que conversa melhor com as linhas gerais do carro

A traseira também pode enganar. A mudança mais óbvia é o friso cromado na parte de baixo da tampa do porta-malas. Logo depois notamos as lanternas, com novo desenho interno. Para fechar, temos o para-choque traseiro, desenvolvido de forma que os arcos que formam a área da placa apontem para as rodas. Segundo José Carlos Pavone, o designer responsável pelo Up!, as novas linhas transmitem uma sensação de fluidez e esportividade.

Retocaram também a cabine. A parte central do painel, onde ficam os comandos do ar-condicionado e o rádio, logo destaca aos olhos. Não mudou realmente, é apenas um efeito causado pelo uso de acabamento preto brilhante (antes parecia um plástico barato). Trocaram o volante pelo mesmo do resto da linha, vindo do Golf, mais fino e de melhor pegada. O cluster de instrumentos agora utiliza três grandes contadores (velocímetro, conta-giros e combustível), com uma tela de 3,5 polegadas monocromática que mostra as informações do computador de bordo.

Equipado, mas não tanto

O Up! deu mais um passo e aposta em ser um carro um pouco mais completo do que o esperado para o segmento – mesmo que isso signifique cobrar mais. A versão Take, por R$ 37.990, ainda é bem pelado a ponto de não ter ar-condicionado, travas e vidros elétricos e nem rádio, que podem ser adicionados com o pacote Take Completo, por mais R$ 5.250

Porém, a partir do Move, por R$ 48.290, começa a ficar interessante, com faróis de neblina, espelho lateral direito com tilt-down, direção elétrica, travas e vidros dianteiros elétricos, rádio Composition, sensor de estacionamento traseiro e espelhos com setas integradas. Seus opcionais são o sistema de som Composition Phone e o pacote Connect com pintura exclusiva. O mais completo é o High, com sensor de chuva e crepuscular, faróis de neblina com luz de conversão estática (que se move em até 40° para iluminar uma curva) e Coming Home (os faróis continuam acesos por 30 segundos depois de travar o carro).

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Poderia ser um pouco melhor. Na Europa, a Volkswagen oferece start-stop nas versões Bluemotion, melhorando ainda mais seu rendimento. Além do mais, como segue as regras por lá, tem airbags de cortina, bancos dianteiros aquecidos, controle eletrônico de estabilidade e tração, iluminação diurna em LED, assistente de partida em rampas e espelhos laterais com aquecimento. E tem bons opcionais, como câmera de ré, ar-condicionado digital, controle de cruzeiro e até teto solar panorâmico. Poderiam, pelo menos, ter equipado o Up! nacional com start-stop , LED de iluminação diurna e o módulo eletrônico de controle de estabilidade, tração e partida em rampas.

 Integração com o celular via aplicativo, descarta a necessidade de um sistema próprio mais robusto
Nicolas Tavares/iG Carros
Integração com o celular via aplicativo, descarta a necessidade de um sistema próprio mais robusto

A principal novidade, que foi muito destacada pela Volkswagen na apresentação, é o Composition Phone, sistema que integra a central do carro com o celular através de um aplicativo. Todas as versões do Up! vem com uma base para smartphones com entrada USB. Colocamos o equipamento ali, baixamos o aplicativo Maps + More no iTunes ou Google Play e conectamos via Bluetooth. Assim, o aparelho pode ser controlado pelo volante multifuncional ou pelos botões no painel central, mostrando se estamos conduzindo de modo eficiente e dados do computador de bordo, além de tocar músicas e ter um navegador por GPS.

É curioso como Volkswagen e Fiat encontraram a mesma solução para evitar equipar seus subcompactos com sistemas multimídia mais robustos – antes que digam que a Fiat copiou a Volks, o app da marca alemã já havia sido mostrado no Salão de Genebra (Suíça), em março do ano passado. O Live On da Fiat chegou às lojas apenas em novembro de 2016, após um atraso de quase seis meses.

Poderia ser melhor

Continua divertido de dirigir, principalmente com o motor 1.0 TSI de 105 cv
Nicolas Tavares/iG Carros
Continua divertido de dirigir, principalmente com o motor 1.0 TSI de 105 cv

Todas essas mudanças do Up! são tão sutis que o resultado não poderia ser outro. Melhorou, mas de forma quase imperceptível. Sua mecânica não teve qualquer alteração, exceto pela adição de pneus verdes aos modelos com rodas de 14 polegadas. Reduziu o consumo destes modelos, de forma a fazer até 16,3 km/l na estrada, com gasolina – e recuperando o título de 1.0 mais econômico do Brasil das mãos do Fiat Mobi GSR.

O subcompacto, principalmente na versão TSI, é o tipo de carro que serve para mostrar como os motores 1.0 evoluíram muito nos últimos cinco anos. A versão aspirada, capaz de gerar 82 cv e 10,4 kgfm (com etanol), foi um dos primeiros três-cilindros a chegarem ao País e impressionava pelo rendimento. O motor turbo, de 105 cv e 16,8 kgfm de torque com etanol, dá um passo acima por acelerar forte – 0 a 100 km/h em 9,3 segundos, com etanol. Basta a turbina encher que é só alegria.

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Guiei o compacto de São Paulo até a pequena cidade de Cabreúva, passando pela Estrada dos Romeiros. Quem já passou por lá sabe como é divertida para guiar, com sequências de curvas fechadas. O Up! devorava cada uma delas com vontade e, o mais importante, mantendo a carroceria estável o tempo todo, sem balançar demais. Isso só melhora a sensação de segurança, de estar em um carro que recebeu nota máxima em testes de colisão tanto no Brasil quanto na Europa.

Só que o anterior também era assim. Por mexer apenas no design, a dinâmica não mudou nada, então encontramos apenas um Up! mais bonito. Perderam a chance de adicionar itens que poderiam conquistar o cliente, mesmo se fossem oferecidos como opcionais, como o start-stop. Além disso, poderiam ter se adiantado à lei e adicionar o controle de estabilidade, dando um tampa também no Fiat Uno – o equipamento deve tornar-se obrigatório no Brasil em 2020.

Falta também uma opção automática para o motor 1.0 TSI. O câmbio automatizado I-Motion ainda é oferecido para a versão aspirada (apenas na configuração Move), só que ele não aguenta o torque maior do turbo. A solução seria colocar uma caixa automática de modelos mais caros ou desenvolver uma nova transmissão. Quem sabe isso não aconteça agora que o Up! também é oferecido na Europa com motor turbo.

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Por mexer pouco no visual, ainda irá escutar muitas das reclamações do modelo anterior. Muita gente critica o acabamento das portas, que deixa parte da lateria aparecendo – algo pessoal, pois eu acho melhor do que cobrir com um plástico de baixa qualidade. Falta mais uma entrada USB, já que a única fica na base do suporte para smartphones. Não tem vidros elétricos traseiros, usando manivelas.

Para quem gosta de conectividade, a verdade é que o Mobi se saiu melhor. O Live On é um sistema mais rápido, mais fácil de usar e que nos deixa escolher qual navegador queremos usar. O Maps + More da Volks usa um navegador TomTom. Tem a vantagem de funcionar offline, mas que come 2GB de espaço no smartphone para os arquivos de mapas, é pouco intuitivo e parou de dar instruções três vezes durante o test-drive.

No final das contas, o VW Up! acaba cobrando pouco mais de R$ 1 mil para ter um design melhor e uma diferença leve nos equipamentos. Tinha mais promessa, de ser mais equipado e tornar-se ainda mais econômico, algo que só foi cumprido na Europa. Pode ser o suficiente para bater o Fiat Mobi, mas dificilmente irá calar as críticas e vender mais do que os hatches maiores (inclusive o Gol). 

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