Cada vez mais que ando em uma perua, menos entendo, do fundo do coração, o que o mercado tem contra elas, por mais que saiba das razões para isso. Se comparadas aos SUVs — segmento que tomou proporções epidêmicas com sua participação de 25% do mercado — as peruas podem até não ter a posição de dirigir elevada dos SUVs, ou a capacidade de passar por obstáculos com facilidade, mas na questão do desempenho são imbatíveis. Eu sei que todos estamos cansados de falar desse assunto, mas o Volvo V60 é um carro que traz esse tema de volta.
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No caso do Volvo V60 (R$ 199.950), se comparado a rivais como o Audi A4 Avant (R$ 178.215) e o Mercedes-Benz C300 Estate (R$ 230.232), o modelo sueco é, de fato, vencedor quando o assunto é custo-benefício — algo que, inclusive, rendeu o prêmio de Carro de Família do Ano na Europa. Adiantando um pouco das impressões, o Audi pode até ser mais em conta e econômico, e o Mercedes o mais confortável e esportivo, mas além de também ser tudo isso, o V60 acrescenta mais espaço interno para os ocupantes e para as malas, bem como todos os recursos do modo de condução semi-autônomo, que proporcionam uma experiência diferenciada ao volante, e mais segurança, pelos sistemas de pré-colisão que falarei mais adiante.
Impressões do novo Volvo V60
Para quem procura um carro que tem de tudo, mas que também seja prático, espaçoso e prazeroso ao dirigir em todos os sentidos, o Volvo V60 é a pedida. Logo ao entrar no carro já se percebe a facilidade para se acomodar. Os assentos são confortáveis e envolventes, bem como o próprio campo de visão é outro aspecto que agrada. Isso sem falar no design do interior, muito bem acabado e sofisticado, com console e painéis em couro macio, frisos cromados e bastante black piano . Enfim, seu interior é um lugar agradável de se estar.
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Se o cluster multifuncional com tela digital em TFT de 12,3 polegadas fosse totalmente customizável como o do Audi A4, e se a sua central multimídia vertical de 9 polegadas com recurso Apple Car Play e Android Auto fosse intuitiva desde os primeiros contatos, não haveria qualquer aspecto a melhorar entre os equipamentos de conectividade. Apesar disso, combina navegação, serviços conectados e aplicativos de entretenimento, bem como customização individual de layouts dos equipamentos e funções do carro. Vale lembrar que a plataforma de navegação da Volvo é de sua própria autoria, e funciona mesmo quando não há sinal de internet.
Ao volante, a dinâmica ágil é o que mais surpreende. Apesar da traseira comprida — que poderia gerar uma rolagem lateral de carroceria durante as curvas e até transmitir uma sensação extra de peso ao volante — se mantém plantada no asfalto e contorna curvas como qualquer sedã médio mais atrevido a esportivo. Segundo a Volvo, isto se deve a um tipo diferente de suspensão traseira, que apesar de utilizar o sistema multilink, conta com molas menores e braços que mantém a inclinação das rodas (cambagem) no melhor posicionamento possível durante as curvas.
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E não podemos esquecer da sua maior atratividade: o sistema de condução semi-autônomo. Seja de dia ou de noite, o pacote traz a mitigação de colisões frontais e a “Mitigação de Pista Oposta” (primeira do mundo, segundo a fabricante), capaz de evitar batidas frontais entre 60 km/h e 140 km/h. Outras tecnologias incluem controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e Pilot Assist, que controla sozinho a direção, aceleração e frenagem até 130 km/h, em função do que está adiante na via.
Como se não bastasse, ainda conta com um sistema ativo de permanência em faixa, que opera entre 65 km/h até 200 km/h. O recurso pode esterçar o volante automaticamente se detectar que o motorista deixou a faixa de trânsito e ainda alertar sonoramente de que não está em boas condições para dirigir. O último dos pacotes de segurança é o recurso City Safety, que aplica frenagem de emergência, pré-tensiona os cintos de segurança e esterça o volante para evitar colisões contra veículos, ciclistas, pedestres e animais de grande porte.
Quanto ao seu conjunto mecânico, traz um motor turbo de 2 litros que desenvolve 254 cv e 35,7 kgfm, além do câmbio automático de 8 marchas com uma embreagem, que transmite o movimento às rodas dianteiras. Durante os testes deu para sentir que a sua aceleração não é brutal, mas é consistente, o que permite um bom desenvolvimento da velocidade em todas as faixas de rotação — ainda mais se selecionar o modo de condução esportivo “Dynamic”. As mudanças de marcha não são tão imediatas quanto nos câmbios de dupla embreagem, mas por serem suaves, se a proposta for conservar um certo conforto mesmo ao pisar fundo no acelerador, está de bom tamanho.
A maior mudança na nova geração da perua média é seu maior porte. Agora, são 4,76 metros de comprimento, 1,85 m de largura e 1,42 m de altura. O seu visual também foi renovado, mas segue com estilo imponente, sem deixar os ares clássicos e conservadores de lado.
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Na dianteira, o destaque fica para os faróis de LED, com design que lembra o “martelo de Thor”, além da grade dianteira trapezoidal. Os componentes de iluminação contam com funções de acendimento e nivelamento automático, além de luzes de rodagem diurna (DRL). Atrás, o destaque fica para as lanternas verticais, com feixes de LED, que avançam sobre a tampa do porta-malas.
Nas laterais, as dimensões compridas do novo Volvo V60 não abandonam a sutileza, uma vez que sua carroceria esculpida, com acabamento em alumínio nas barras de teto e frisos dos vidros laterais, fazem a função de gerar uma impressão mais de sofisticação do que brutalidade e robustez — apesar de utilizar a mesma plataforma modular SPA do SUV XC60 e outros da linha 90. Entretanto, o elemento mais mais entrega as intenções da equipe de design da Volvo são as rodas de liga leve de 18 polegadas.
A equipe de produto da Volvo tem razão quando diz que não vê peruas como o V60 como carros de nicho, uma vez que, tal como foi testado, entrega um nível de praticidade igual — ou maior — que o de muitos SUVs. Leve em conta o próprio Volvo XC40 Momentum, versão com preço próximo ao do V60. Custa R$ 5 mil a menos e ainda é um belo carro, mas seu porta malas é 69 litros menor, o espaço interno também fica devendo levemente para a perua e, pelo que já senti deste SUV ao volante, também não é tão divertido quanto.
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Se estiver convencido sobre o poder das peruas, mas não sabe alguns detalhes das rivais, veja alguns dados a seguir. O Audi A4 Avant sai por R$ 178.215 e traz 505 litros de malas, aceleração até 100 km/h em 7,5 segundos e consumo urbano de 10,5 km/l e rodoviário de 13,5 km/l (segundo Inmetro). Enquanto isso, o Mercedes C300 Estate custa R$ 230.232 e oferece 490 litros para as bagagens, aceleração até 100 km/h em 6,1 segundos e faz 9,2 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada (segundo Inmetro). E por fim o Volvo V60 , que por R$ 199.950 abriga 529 litros no espaço de malas, vai de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos e consome 10,5 km/l na cidade e 12,6 km/l na rodovia (segundo o Inmetro).