Não resta dúvida de que Citroën acertou em cheio na plástica do Aircross . A renovação da parte da frente do carro ficou não apenas harmoniosa, mas também deu um aspecto mais sofisticado ao modelo. Mas apesar de ter evoluído neste aspecto, ainda não chegou no ponto ideal para começar a incomodar os principais concorrentes, as versões com apelo aventureiro Hyundai HB20X , Volkswagen CrossFox e Renault Sandero Stepway.
A frente ficou legal, mas o estepe na traseira ainda continua pouco prático, sujando as mãos alheias e exigindo não apenas uma ginástica para abrir a tampa do porta-malas (já que agora a roda sobressalente é de aço e a estrutura do sistema é pesada), mas também uma boa distância de qualquer obstáculo atrás. Para as sempre apertadas vagas de condomínios e shoppings, isso acaba sendo um transtorno.
Em contrapartida, na lista de novidades temos a central multimídia oferecida como um opcional de R$ 1.400. Vem com tela sensível ao toque. bem integrada ao painel e se conecta ao celular com facilidade. Entre outros recursos, permite fazer ligações usando o teclado na tela. Ou espelhar a tela de aparelhos modernos Samsung Galaxy S5 em diante e a partir do iPhone 5).
Mesmo comparado aos hatches com apelo aventureiro, o Aircross avaliado tem preço competitivo. Sai a partir de R$ 59.990, ante R$ 66.850 do Volkswagen CrossFox , R$ 57.245 do Hyundai HB20 X e R$ 57.090 do Renault Sandero Stepway . Se for partir para os SUVs compactos, os preços sobem bastante. Um Ford EcoSport básico, SE, parte de R$ 68.490 e o Renault Duster mais em conta custa R$ 66.490.
Mas as vantagens do Citroën quase param na questão do preço. Ok, é preciso considerar também que a direção elétrica facilita as manobras e contibui com o consumo e o motor 1.6 FlexStart tem boas qualidades. Além de dispensar o famoso tanquinho de partida a frio, gera bons 122 cv com apenas etanol no tanque e funciona com suavidade.
A caixa de cinco marchas tem relações um pouco longas (a 100 km/h, em quinta, o contagiros fica em torno dos 2.800 rpm), o que obriga a fazer reduções de vez em quando, mas carro se sai bem no dia a dia e mostra fôlego razoável nas ultrapassagens.
O problema é que, no caso das versões equipadas com câmbio manual, a alavanca fica numa posição muito baixa, obrigando a trocar as marchas com as pontas dos dedos na maioria da vezes, mesmo com o banco do motorista na posição mais baixa possível. Alcançar o freio de estacionamento então, só mesmo inclinando o corpo em direção à alavanca para "pescá-la".
Com 1.308 kg de peso, o Aircross manual não é um exemplo de leveza sobre quatro rodas. E isso acaba influenciando no comportamento dinâmico. Portanto, vale ter cautela nas frenagens e nas curvas, também por causa da boa distância livre do solo (o que influi no centro de gravidade). Com freios a tambor no eixo traseiro, aumentam as chances de fadiga em condições severas, como em descidas de serra. Porém, o carro cumpre o papel de modelo familiar, sem pretensões esportivas. O consumo, porém, continua abaixo do ideal, com uma média de 6 km/l de etanol na cidade e 7,5 km/l na estrada.
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O acabamento da parte interna é aceitável, com destaque para os bancos, parcialmente revestidos de couro e para o volante de base achatada com aplique de alumínio, material também usado nos pedais e nas molduras das nada discretas saídas de ar no painel. O interior também tem bom espaço para uma família de quatro pessoas. E o porta-malas de 403 litros tem espaço plausível para levar a bagagem de uma família de quatro pessoas.
Embora tenha preço interessante, ainda faltam uma série de ajustes no projeto do Aircross para o carro passar a incomodar a concorrência. Melhor ergonomia, comportamento dinâmico um pouco mais voltado à esportividade e detalhes que o tornem mais prático no dia a dia são os principais pontos a serem levados em conta. Não é à toa que, de acordo com os números de venda da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos), o Aircross está com apenas 1.926 unidades vendidas nos quatro primeiros meses de 2016, bem atrás até dos SUVs mais em conta, como o EcoSport (8.364 unidades) e Duster (7.161).
Ficha técnica
Motor: 1.6, flex,4 cilindros Comprimento: 4,28 m
Potência: 122 cv a 5.8000 rpm Largura: 1,72 m
Torque: 16,4 kgfm a 4.000 rpm Altura: 1,70 m
Câmbio: Manual, 5 marchas, tração dianteira Entre-eixos: 2,54 m
Peso: 1.308 kg Porta-malas: 403 litros