O Uno estava precisando mesmo de mudanças para voltar a ocupar um lugar de destaque entre os carros mais vendidos. De acordo com os números da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos), o hatch foi apenas o 19° modelo mais vendido do País em outubro, com 2.327 unidades, e o 16° no acumulado dos dez primeiros meses do ano, com 28.060. Mas, pelo o que deu para notar depois de alguns dias com a versão Way 1.3 Dualogic , vai ser difícil reverter esse quadro se depender apenas das novidades que o carro recebeu na linha 2017.
LEIA MAIS: Novo Fiat Uno ganha cara renovada e novos motores 1.0 e 1.3 FireFly
A principal delas fica por conta do motor 1.3 FireFly , bem mais moderno e eficiente que o antiquado FireEvo 1.4 . Rende até 109 cv com etanol e tem uma razoável dose de força a partir dos 2.000 rpm até 3.500 rpm, quando aparecem os 14,2 kgfm de torque máximo. Como vem com duas válvulas por cilindro, tem certo fôlego em rotações mais baixas, o que é bom para o uso no dia a dia na cidade. Além disso, o novo motor do Fiat Uno consegue ter menores índices de vibração e ser mais eficiente na questão do consumo. Faz 13,1 km/l na cidade e 15,1 km/l na estrada, com gasolina, de acordo com o Inmetro.
O problema é que o atrapalhado câmbio automatizado Dualogic acaba escondendo um pouco do brilho do novo motor. Quem já andou no Uno com o antigo 1.4 Evo consegue notar as diferenças positivas do atual 1.3 FireFly , mas o ideal seria que o carro tivesse caixa manual para ficar mais clara a evolução. Com Dualogic, o jeito foi ter paciência com os trancos entre as trocas de marcha e a hesitação em por o carro em movimento em subidas. Até que, depois de tantos solavancos, encontramos uma salvação no botão S, que deixa as trocas mais ágeis e suaves e faz até reduções antes de curvas de esquina, facilitando as retomadas.
Pois é, ainda falta um pouco mais de refinamento à caixa automatizada da Fiat, que já melhorou em relação à primeira versão lançada. Entre as melhorias, está o efeito conhecido como “creeping”, que movimenta o carro bem devagar na posição Drive sem precisar pisar no acelerador, mais ou menos como acontece nos carros com câmbio automático de verdade. Isso acaba facilitando as manobras de estacionamento. Além disso, as hastes atrás do volante podem acabar com a indecisão do sistema em fazer uma troca ou não, já que basta tocar na que fica do lado direito para passar uma marcha adiante.
LEIA MAIS: Veja 5 hatches com apelo aventureiro mais baratos do Brasil
Como deu para notar, ficou mais difícil perceber o melhor rendimento do novo 1.3 FireFly por causa do câmbio Dualogic, que é o mesmo do Uno anterior às mudanças da linha 2017. Nessa versão Way , com pneus de uso misto, deve-se ter um pouco mais de cautela nas curvas e em pista molhada por causa da aderência ligeiramente menor da banda de rodagem no asfalto, que também acaba fazendo um pouco mais de ruído ao rodar que a dos pneus convencionais.
Na linha 2017, o carro ganhou, como opcional do pacote Tech (R$ 4.050), itens como controles eletrônicos de estabilidade e tração, além de assistente de partida em rampa, o que contribui com a segurança ativa, aquela de evita que um acidente aconteça. Mas,o comportamento dinâmico do Uno pouco mudou, permitindo inclinação da carroceria acima do ideal nas curvas.
Por dentro, quase nada mudou
Se tivemos que fazer um esforço para perceber as novidades na parte mecânica, por dentro, nossa vida ficou ainda mais difícil. Além do tal câmbio automatizado, que troca a tradicional alavanca pelos botões, não encontramos nada mais que pudesse fazer alguma diferença gritante. Pior, exceto pelo botão que torna a direção mais leve, o que é bom para manobras na cidade, o carro continua com os mesmos defeitos no interior.
O primeiro deles, e o que mais incomoda, é a falta de porta-objetos que sejam práticos e de fácil acesso. Para levar o celular, há duas opções: usar a prateleira embutida no painel, em frente ao banco do passageiro (o que faz o aparelho ir de um lado para o outro nas curvas, com sério risco de cair), ou no guarda-copos da porta do motorista, o que está longe do ideal, mas é o mais recomendável.
O que também poderia mudar no interior do Uno é a maneira como que as informações do visor de 3,5 polegadas são visualizadas. Os destaques são para itens de menos importância, como tempo que o motor está ligado, econômetro e temperatura externa. Outro ponto a ser revisto é o sistema de som apenas com Bluetooth e entradas USB e auxiliar, que poderia ser substituída por uma central multimídia mais completa e prática, oferecida apenas como acessório.
LEIA MAIS: Flagra! Fiat testa novo motor 1.0, de três cilindros, no Mobi
O espaço interno continua adequado à proposta do carro. Pode levar até quatro adultos sem aperto, assim como suas respectivas bagagens no porta-malas de 280 litros. Além disso, as grandes saídas do ar condicionado também fazem parte dos pontos positivos do carro, já que o interior atinge rapidamente a temperatura desejada. Em contrapartida, os comandos do volante requerem um certo tempo de adaptação para serem manuseados sem confusão. Ou seja, faltou uma lógica mais intuitiva.
Entre pros e contras, o Uno Way 2017 evoluiu, mas não o suficiente para voltar às primeiras posições no ranking dos carros maios vendidos do País pelo o que deu para notar na unidade avaliada, com motor 1.3 e câmbio automatizado Dualogic. Entretanto, ainda há tempo para a Fiat adotar mais algumas mudanças e aumentar o apelo do carro diante dos fortes concorrentes, como os modelos Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka.
Ficha técnica
Preço: R$ 51.990
Motor: 1.3, quatro cilindros, flex
Potência: 109 cv a 5.750 rpm
Torque: 14,2 kgfm a 3.500 rpm
Transmissão: Automatizado, quatro marchas, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) / eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus: 175/70 R14
Dimensões: 3,82 m (comprimento) / 1,65 m (largura) / 1,56 m (altura), 2,38 m (entre-eixos)
Tanque : 48 litros
Consumo: 13,1 km/l (cidade) /15,1 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 9,8 segundos
Vel. Max: 177 km/h