O Honda Fit foi um dos sucessos da marca, principalmente no Brasil. Quando a terceira geração chegou ao país, em 2014, encontrou um mercado em início de retração e, ainda assim, nadava contra a correnteza, vendendo bem enquanto todos os outros carros fechavam em queda. O tempo mudou e agora o queridinho da fabricante é o SUV compacto HR-V . E vai perder mais espaço, com a chegada de sua versão aventureira, o WR-V . Com tantas opções, ainda vale a pena comprar um Fit ?
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Não é um carro barato. A versão mais em conta do Honda Fit sai por R$ 57.700 e vai subindo até os R$ 78.900 do modelo topo de linha. Esses valores devem mudar um pouco para acomodar o WR-V sem que roube demais as vendas um do outro, já que o modelo mostrado no Salão do Automóvel precisa fica abaixo dos R$ 79.000 do HR-V mais em conta. Além do mais, o próprio WR-V pode ocupar o papel de opção mais completa do Fit , da mesma forma que a Fiat faz com as versões Way .
Seu bom resultado desde o lançamento é, em parte, por causa dos donos da geração anterior trocando pela nova. Quem tem um Fit dificilmente vai trocá-lo, por gostar do conforto, o ótimo espaço interno e o bom motor. Na terceira geração, o hatchback não só manteve esses atributos como ainda melhorou em alguns pontos, como na adição do sistema de bancos modulares, permitindo mover os assentos para aumentar o espaço de carga de uma forma única.
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O conjunto mecânico é bem conhecido. Conta com o motor 1.5 i-VTEC 16V flex, de 116 cv e 15,3 kgfm a 4.800 rpm, com etanol. Pode ser combinado ao câmbio manual de cinco marchas ou automático CVT (que equipava o modelo testado). Ajuda a deixar o hatch econômico, fazendo até 14,1 km/l no ciclo rodoviário e 12,3 km/l no urbano, com gasolina. Se abastecer com etanol, faz 9,9 km/l e 8,3 km/l, respectivamente.
Mas há uma questão no uso do CVT: o motor 1.5 é interessante, mas é anestesiado pelo câmbio, mais voltado para economia do que para desempenho. Notamos isso em ultrapassagens, pela demora para desenvolver velocidade. Trocar do modo D para o S ajuda a mitigar esse problema, porém continua a impressão de que o Fit não está dando tudo de si. Considerando que sentimos a mesma coisa na nova geração do Honda Civic , é sinal de que precisam reajustar essa transmissão.
Macio e barulhento
Rodar com o Honda Fit é agradável na maior parte do tempo, quando estamos com velocidade constante ou acelerando devagar. O conjunto de suspensão (McPherson na frente e eixo de torção atrás) melhorou muito em relação à geração passada, embora ainda incomode um pouco em pistas mais irregulares. O que estraga o conforto é o nível de ruído causado pelo câmbio CVT. Caixas desse tipo são mais barulhentas e o zunido em altas rotações é um tanto alto demais.
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A cabine é bem confortável e de boa visibilidade. Os cinco passageiros conseguem se acomodar com facilidade, sem passar por apertos. Poderia ter um acabamento um pouco mais requintado, nem que fosse com o uso de materiais diferentes, para justificar o preço. A ergonomia é um ponto muito forte, pelo fácil acesso a todos os comandos e funções do veículo – ou seja, nada daquele duto estranho que esconde a entrada USB e 12V no HR-V. Uma ótima sacada é o porta-copos na altura do volante do lado esquerdo, perfeito para colocar um celular rodando um GPS.
Uma das novidades da linha 2017 foi a chegada da central multimídia com tela sensível ao toque, de 7 polegadas e com navegador por GPS integrado, disponível apenas na versão topo de linha. É o mesmo sistema usado no HR-V e que é bem melhor do que o rádio anterior. Não é uma tecnologia ruim, mas está um pouco defasada em comparação com outros sistemas, sem espelhamento de celulares. Merece uma central mais atualizada, que deve aparecer só quando passar por retoques no desenho.
Vem de série com ar-condicionado, direção elétrica, volante com ajuste de altura e profundidade, retrovisores com ajuste elétrico, rádio com função Bluetooth e USB, e travas e vidros elétricos. Na versão LX, adiciona volante multifuncional, banco do motorista com ajuste de altura, vidro do motorista com função "um toque", bancos modulares, alarme e rodas de liga leve de 15 polegdas. O Fit EX recebe central multimídia com tela de 5 polegadas, câmera de ré, piloto automático, computador de bordo, setas integradas nos espelhos laterais, rodas de liga leve 16” e faróis de neblina. No topo da linha, a configuração EXL tem airbags laterais e de cortina, a central multimídia com tela de 7 polegadas e GPS, e bancos de couro
Compro ou não?
O Honda Fit é um bom carro, isso é inegável. O problema está no preço. A versão de entrada vem simples demais para um carro beirando os R$ 60 mil, e o alto valor de R$ 78.900 esbarra na versão de entrada do HR-V que, mesmo menos equipada, tem mais espaço e um motor melhor. E ainda tem o WR-V para complicar ainda mais a situação sobre seu posicionamento. Se encontrar em promoção, ou um bom usado, vá em frente que não irá se arrepender. Agora, se pretende comprar um 0 km, é melhor que espere pelo lançamento do WR-V e ver como sua chegada irá mexer nos preços do Fit.
Ficha Técnica
Preço: R$ 57.700 a R$78.900
Motor: 1.5, 16V, quatro cilindros
Potência: 116 cv a 6.000 rpm
Torque: 15,3 kgfm a 4.800 rpm
Transmissão: Manual, cinco marchas ou automática tipo CVT, tração dianteira
Suspensão: McPherson (dianteira) / Eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / tambores (traseiros)
Pneus: 185/60 R15 (DX) 185/55 R16 (demais versões)
Dimensões: 3,99 m (comprimento) / 1,69 m (largura) / 1,53 m (altura), 2,53 m (entre-eixos)
Porta-malas : 363 litros