Aconteceu de novo. A primeira vez foi com o Toyota Etios Platinum , um sedã compacto que foi equipado até os dentes e beirou os R$ 70 mil. Agora, com o Honda City, conseguiram romper as barreira dos R$ 80 mil (R$ 81.400). Pois é, algumas fabricantes ainda insistem em achar que vale a pena tentar dar um ar sofisticado para um carro que foi concebido para ser simples, o que acaba ficando fora de propósito. No caso do sedãzinho da marca japonesa, o valor do carro fica praticamente o mesmo de modelos médios bem mais sofisticados, seguros, potentes e confortáveis.
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Tudo bem, o City EXL vem com 6 air bags, sistema multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas com GPS embutido, bancos e volante revestidos de couro, ar-condicionado digital, entre outros itens. Mas acelere e terá a resposta de um compacto modesto, com motor 1.5 que funciona com um pacato câmbio CVT, sem nenhuma pretensão esportiva. O isolamento acústico é o mesmo das demais versões e começa a incomodar assim que o contagiros passa dos 3.000 rpm. E o nível de sofisticação não convence.
Claro, o City EXL tem seus méritos. Apesar do acabamento não ter nada de muito especial, tudo está bem encaixado, sem rebarbas e combinando, mostrando certo bom gosto. Além disso a direção tem assistência elétrica, o volante muktifuncional tem ajuste de altura e profundidade e o espaço interno é bom, inclusive no cavernoso porta-malas de 536 litros. E como tudo isso já faz parte do repertório do modelo desde a versão básica DX (R$ 66.400 com câmbio CVT), não faz muito sentido pagar o preço de um sedã médio num compacto que faz bem o seu papel dentro do patamar anterior aos R$ 70 mil.
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Será que o City EXL vale mesmo a pena?
Ok, o interior do City EXL pode agradar, mas não se iluda. Por um pouco mais de R$ 80 mil é possível comprar um sedã médio com uma dose extra de conforto, como Ford Focus Fastback SE ( R$ 82.690) , Citroën C4 Origine THP (R$ 82.490) e Nissan Sentra S (81.400). Aliás, um dos itens que a Honda destaca é a central multimídia. No uso no dia a dia, o equipamento mostrou que está longe de estar entre os melhores do mercado, seja pela velocidade de processamento, pela resolução da tela ou ainda por causa da praticidade, já que poderia ter funcionamento mais intuitivo.
O ar-condicionado é digital, comandado por leves toques nos botões, mas poderia ter regulagens independentes, de meio em meio grau, para motorista a passageiro. E não adianta querer forçar muito a barra com o conjunto mecânico ao selecionar o modo sequencial do câmbio CVT. O 1.5 flex, de 116 cv não empolga, mesmo porque seu torque máximo de razoáveis 15,3 kgfm é atingido em apenas altos R$ 4.800 rpm, o que exige acelerar para conseguir alguma disposição para ultrapassagens. De acordo com números da fabricante, o City EXL com câmbio automático CVT acelera de 0 a 100 km/h em longos 11,2 segundos e pode atingir 175 km/h.
Por outro lado, a suspensão está bem ajustada, tanto para manter boa estabilidade nas curvas (mesmo com relativamente estreitos pneus 185/55R 16) quanto para absorver as irregularidades do piso. Os freios também são eficientes, embora o eixo traseiro conte apenas com tambores em vez de discos, assim como o rival Ford Fiesta Sedan . Entretanto, o concorrente oferece um nível mais elevado de segurança ao vir com controles de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa por bem menos (R$ 66.090 na versão SE AT).
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Apesar de bem equipado, o City EXL ultrapassa o limite que poderia ser pago por um sedã compacto, mesmo considerando o nível de itens de série. Portanto, se procura por um City, vale a pena ficar com as versões mais em conta. Se fizer questão de sofisticação e estiver disposto de arcar com mais de R$ 80 mil, é melhor partir logo para um modelo médio. Por tudo isso, o compacto da Honda precisa receber novidades para continuar com apelo no mercado.
Ao menos no Japão, o City está prestes a receber mudanças, inclusive no desenho. Existe também a possibilidade de receber um novo motor 1.0, turbo, de três cilindros, capaz de gerar em torno de 130 cv. Poderá funcionar, inclusive, com câmbio automático de seis marchas no lugar do CVT. Seriam duas boas novidades para dar mais apelo ao compacto da Honda no Brasil, principalmente nas versões mais caras.
Ficha Técnica
Preço: R$ 81.400
Motor: 1.5, quatro cilindros, turbo, flex
Potência: 116 cv a 6.000 rpm
Torque: 15,3 kgfm a 4.800 rpm
Transmissão: Automático, CVT, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira) / eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus: 185/55 R16
Dimensões: 4,46 m (comprimento) / 1,70 m (largura) / 1,49 m (altura), 2,60 m (entre-eixos)
Tanque : 46 litros
Consumo: 14,5 km/l (cidade) /12,6 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 11,3 segundos
Vel. Max: 175 km/h