Quando chegou ao Brasil no fim de 2011, o Range Rover Evoque virou um sucesso e vendeu bem – isso para um carro na casa dos R$ 200 mil. A Jaguar Land Rover sabia que tinha bom produto nas mãos e que precisava capitalizar de qualquer maneira. Começaram levando parte do design do Evoque para outros modelos, enquanto trabalhavam em um novo SUV, que seria seu modelo de entrada. Surgia o Land Rover Discovery Sport, que logo tornou-se o veículo mais vendido da marca no País. Agora feito no Brasil e com o novo motor diesel da linha Ingenium, o SUV mostra que ainda tem muito fôlego para continuar vendendo bem.
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Como é um carro “de entrada”, era de se esperar que o Land Rover Discovery Sport fosse um pouco menos capaz do que outros modelos da marca. O pacote de equipamentos podemos relevar, mas o problema era o desempenho do motor 2.2 diesel, feito pela Ford, com um nível de consumo alto para um veículo abastecido com esse combustível – segundo o Conpet-Inmetro, rendia 9,3 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada.
Já queriam se separar desse laço com a Ford, resquício da época em que a marca americana foi dona da JLR. Começaram a linha Ingenium de motores pela versão a diesel, que chegou ao Discovery Sport e ao Evoque em dezembro de 2016. O 2.0 Ingenium conta com 180 cv de potência e 43,8 kgfm de torque a 1.750 rpm, uma diferença de 10 cv a menos e 1 kgfm a mais em comparação com o 2.2 Duratorq da Ford.
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Sim, a diferença no desempenho é muito pequena e, na prática, não é sentida. O ganho está no rendimento energético. Pulou de 9,3 km/l na cidade para 11 km/l, praticamente o mesmo que o Discovery Sport 2.2 fazia na estrada. No ciclo rodoviário, foi de 11,4 km/l para 13,2 km/l. Sempre combinado ao câmbio automático ZF de nove marchas – a marca escolheu não trabalhar com a versão manual de seis marchas no Brasil.
Luxo básico
Comprar um Land Rover Discovery Sport, ainda mais com o estado atual da economia, é para poucos. A versão mais em conta custa R$ 203.196, com o motor 2.0 a gasolina. Com o novo 2.0 Ingenium a diesel, custa R$ 226.796 na configuração TD4 SE, a menos equipada. A topo de linha pula para R$ 273.196 – a marca faz uma promoção para limpar os estoques das versões 2016 tanto do Discovery Sport quanto do Evoque, com descontos entre R$ 9.100 e R$ 23.900.
Mesmo o modelo básico não deve muito na lista de equipamentos. Vem com assentos com ajustes elétricos, rodas de liga leve de 18 polegadas, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, faróis de neblina, faróis de xênon com LED de iluminação diurna e central multimídia InControl Touch com tela de 8 polegadas. Fica mais interessante nas versões acima, quando recebe o teto panorâmico, sistema InControl Touch com tela de 10 polegadas e navegação por GPS, e bancos de couro premium.
E isso tudo é básico? Sim, se considerar que o Evoque oferece mais. O acabamento do Discovery Sport é bom, com couro em todo o painel e nas portas, mas passa uma sensação de ser mais simples do que o Evoque. Culpa do desenho mais simples. O console central, por exemplo, tem um formato mais tradicional, ao contrário do desenho mais moderno do SUV mais caro.
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Uma das vantagens do Discovery Sport é seu espaço. Com 4,59 metros de comprimento, 29 cm a mais do que o Evoque, ganhou em área para os passageiros e porta-malas. Tem capacidade para 454 litros (o Evoque tem 420 l), além de contar com uma terceira fileira de bancos. É um espaço apertado para pernas e mais indicado para crianças. Adultos, só em caso de viagens curtas. Pelo menos não vão passar calor, já que há saídas do ar-condicionado e até tomada 12V.
Britânico aventureiro
Marcas com pedigree off-road se orgulham de que todos os seus carros são capazes de enfrentar trilhas. A Land Rover está entre elas. O Discovery Sport conta com o sistema Terrain Response , que altera a tração nas quatro rodas de acordo com o tipo de terreno. A estrada até o sítio virou lama depois do temporal? Mude para o modo Lama/Buracos e vá em frente. Vai até a construção da nova casa e o piso é só cascalho? Ajuste a tração e fique tranquilo.
Para ajudar, a partir da versão SE, o SUV conta com a função All Terrain Progress Control . Ao ser ativada, o SUV irá se ocupar do trabalho de acelerar e frear o carro, mantendo velocidade constante (entre 1,8 e 30 km/h), deixando o motorista apenas com o trabalho de controlar o volante. Assim, qualquer um consegue sair de uma situação ruim para dirigir causada por um imprevisto.
Poderia até dizer que o Discovery Sport é cauteloso, devido ao lag do motor. Ao sair com o carro, leva alguns segundos para o turbo encher e os 43,8 kgfm de torque começarem a fazer efeito. Isso acontece a 1.750 rpm, porém passa a sensação de demorar mais devido ao tamanho e peso do SUV. Atrapalha um pouco caso precise de uma saída mais rápida em momentos específicos, como na hora de entrar em uma via expressa.
Passados os primeiros segundos, o SUV ganha valentia. O alto torque mantem o carro em movimento com muito mais facilidade. A fabricante declara que a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 8,9 segundos, com velocidade máxima limitada em 188 km/h. Ultrapassar é fácil, mesmo com o câmbio no modo normal. Se precisar de mais pique, mude para o S e a transmissão irá demorar mais para trocar as marchas, para aproveitar ao máximo a potência e torque.
Outro orgulho da marca é sua capacidade de manter o conforto a bordo mesmo com o veículo em estradas ruins. Os bancos são confortáveis e a suspensão, de alumínio e aço leve, é calibrada para suavizar ao máximo as ondulações do piso. O nível de ruído que chega à cabine é baixo, deixando que o sistema de som Meridian (disponível nas versões mais caras) trabalhe bem sem a necessidade de aumentar demais o volume.
O Land Rover Discovery Sport tem bons atributos para quem quer um SUV bem equipado, confortável e realmente capaz de andar fora do asfalto. Com o novo motor 2.0 Ingenium, ficou bem mais econômico, a ponto de dar pena de quem tinha o SUV com o antigo 2.2 Duratorq da Ford. É um carro muito mais família do que o Evoque, por seu espaço interno e capacidade de carga.
Ficha Técnica
Preço: a partir de R$ 226.796
Motor: 2.0, 16V, quatro cilindros em linha, turbodiesel
Potência: 180 cv a 4.000 rpm
Torque: 43,8 kgfm a 1.500 rpm
Transmissão: Automático, de nove marchas, tração integral
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira)/ multibraço (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / discos sólidos (traseiros)
Pneus: 235/60 R18
Dimensões: 5,59 m (comprimento) / 2,00 m (largura) / 1,72 m (altura), 2,74 m (entre-eixos)
Tanque : 65 litros
Porta-malas: 454 litros
Consumo : 11 km/l (cidade) / 13,2 km/l (estrada)