Dê mais uma olhada no carro acima. Ele, com certeza, já apareceu em suas conversas de bar, ou despertou a curiosidade ao ponto de dar uma olhadinha rápida no catálogo do site da Toyota. Quem sabe, o preço tenha até surpreendido. Trata-se do Prius, o carro híbrido mais vendido do mundo. Você pode até ter vontade de conhecê-lo, apostar na tecnologia do futuro e rodar no carro mais econômico e ecológico que o dinheiro pode comprar no Brasil. Todavia, nunca sentiu segurança de levar a ideia dos híbridos pra frente. Mas saiba que ser dono de um Toyota Prius 2018 não é algo de outro mundo como aparenta ser, e tem praticamente o mesmo custo de um Corolla.
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É difícil não chamar atenção com o design futurista adotado pela Toyota. O Prius realmente parece ter saído de alguma série de tokusatsu - os famosos heróis mascarados japoneses - que passava na Rede Manchete nos anos 90. Seu design dianteiro é completamente desconexo, onde os faróis simulam algum tipo de pintura expressionista. O símbolo da Toyota aparece envolvido por acabamento azul, que reforça as características ecológicas do Prius. A silhueta, com a traseira bem mais alta que a frente, dá ao híbrido o estranho caráter robusto de um monovolume com crise de identidade. A grande diferença do modelo em relação a qualquer outro carro está na traseira. À primeira vista, não é difícil confundir o Toyota Prius com um sedã de cintura alta.
Desbravar o Prius é uma das coisas mais legais da experiência ao volante. O habitáculo mantém o mesmo design de megazord , causando uma curiosidade bem proposital. O câmbio automático se transforma em um joystick azul acoplado ao meio do painel. No lugar do porta-trecos do console, um carregador de celular sem fio. Velocímetro e informações de bordo aparecem no painel de instrumentos central, o que lembra um filme de ficção científica. Nele, o Prius sugere a maneira mais econômica para se dirigir, e mostra tudo que está acontecendo com o veículo instantaneamente. Atuação dos motores elétrico e a combustão, recomposição de carga da bateria e econômetro completam o pacote tecnológico. Há também um projetor de velocidade e contagiros que surge no parabrisa como um holograma. Aliado ao som agudo do motor elétrico durante as acelerações, a impressão é de que o Prius pode revelar asas, propulsores e turbinas, e sair voando para se acoplar na cabeça de um robô gigante.
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Em contraste, a Toyota instalou exatamente o mesmo sistema de entretenimento do Corolla. A central multimídia é lenta, e dispensa comandos giratórios. No lugar deles, botões de mais e menos para controlar o volume. Trocar de estação no sistema de entretenimento pouco intuitivo da Toyota é complicado. O jeito é salvar suas rádios favoritas para evitar as trocas manuais cansativas. O GPS também não é dos mais intuitivos, mas cumpre bem sua função, e sugere rotas inteligentes.
Apesar da pouca variedade nos materiais, o Prius tem ótimo acabamento. A posição de dirigir é um pouco mais alta que o normal, e olhar pelo retrovisor pode causar certa estranheza nas primeiras vezes por conta da traseira heterogênea. Quem se beneficia do design parrudo e encorpado é o interior. Há espaço suficiente para quatro heróis coloridos defenderem a cidade de monstros gigantes com conforto. O quinto passageiro que vai sentado no meio do banco traseiro, entretanto, vai sofrer com a altura do assento. O porta-malas é largo, porém raso, por causa das baterias colocadas abaixo dele. São 412 litros de capacidade.
As armas secretas desta invenção japonesa maluca estão escondidas abaixo do capô e do banco traseiro. O motor 1.8 a combustão trabalha em conjunto com uma unidade elétrica. Ambos funcionam com câmbio automático CVT. Juntos, rendem 98 cv de potência e 14,2 kgfm de torque. Para garantir o baixo consumo de combustível, a taxa de compressão é alta (13:1). A grande sacada da Toyota para melhorar o consumo é o reaproveitamento de energia que o motor elétrico é capaz de fazer através das frenagens e da cinética que seria perdida. Com isso, ele dispensa tomadas para recarga. Se a bateria, por acaso, chegar a um estado crítico, o motor a combustão será acionado para recarregá-la e garantir mais alguns bons quilômetros de autonomia.
Cybercops
Aprender a dirigir o Prius da forma mais eficiente possível pode levar alguns minutos, mas o resultado final vale a pena. De acordo com a Toyota, o híbrido faz 18 km/l na cidade e 17 km/l na estrada, mas é possível elevar os números com um melhor entendimento do motor. Circulando na cidade, você poderá rodar, teoricamente, por 774 km sem abastecer
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A aceleração deve ser progressiva, evitando pisadas que não vão favorecer o consumo. Em descidas, o melhor caminho é apenas administrar a velocidade na frenagem, pois a energia cinética será reaproveitada para carregar a bateria que abastece o motor elétrico. Não há necessidade de afundar o pé no acelerador como se estivesse em um esportivo. Afinal, os 12,1 segundos que ele leva para chegar aos 100 km/h não enganam ninguém.
Após o último parágrafo, você deve estar pensando que o Prius não tem boa dinâmica de condução. Mas podemos afirmar que o bom trabalho feito pela Toyota no sedã Corolla se repete por aqui. Ele é macio e não passa irregularidades do solo para a cabine. Andar nas esburacadas ruas brasileiras também não será uma tortura por conta da suspensão McPherson na dianteira, e braços duplos na traseira. É como se o Prius fosse um carro menor, e não um hatchback japonês de linhas robustas.
Jaspion
Ok, tudo soa bem até aqui: um híbrido futurista bom de guiar, cheio de tecnologia e que faz 18 km/l na cidade. Mas como é ser proprietário de um Toyota Prius no mundo real? O modelo custa R$ 126.600, sendo R$ 10 mil mais cara que a versão topo de linha do Corolla. O custo das revisões, entretanto, está no mesmo patamar do sedã. A primeira revisão, dos 10 mil km, custa R$ 237,79. Com seis anos de uso, ou 60 mil km rodados, você terá pago R$ 4 mil cravados. Já o sistema híbrido conta com a garantia estendida de oito anos. Compreendem este sistema a bateria híbrida, sua unidade de controle, a unidade de controle de gerenciamento de energia e o motor elétrico. Convidativo, não? E se você morar em São Paulo, ainda ficará isento do rodízio municipal.
O seguro está nos padrões do irmão Corolla. Em nossa simulação, o melhor valor é o da Seguradora Mitsui, com R$ 3.747 por doze meses contra colisão, incêndio e roubo. Consideramos um homem na casa dos trinta anos que guarda o carro na garagem, tanto em casa quanto no trabalho.
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Coloque todos os valores na ponta do lápis, incluindo a economia de combustível e o preço para manter o carro, e o Toyota Prius aparecerá como uma boa opção acima do Corolla Altis. E o melhor de tudo: com o compacto híbrido, você vai pegar confiança com a nova tecnologia para dar uma olhada no SUV híbrido CH-R, que chega no ano que vem para brigar com Honda HR-V, Jeep Renegade e companhia. O preço não deve ficar muito distante do Prius.
O modelo chegará ao Brasil importado da Turquia, apostando no programa que vai suceder o Inovar-Auto. A chamada Rota 2030 terá foco em eficiência energética, redução de impostos e simplificação de cobranças. Com isso, elétricos e híbridos serão favorecidos no mercado brasileiro. Portanto, vá se acostumando com a ideia de ver um carro híbrido ou elétrico na sua garagem nos próximos anos. Além do seu bolso, o meio-ambiente também irá agradecer.
Toyota Prius 2018
Preço: R$ 126.600
Motor: 1.8 híbrido
Potência: 98 cv a 5.200 rpm
Torque: 14,2 kgfm a 3.600
Transmissão: CVT
Suspensão: McPherson na dianteira, e Double Wishbone na traseira
Freios: Discos ventilados na dianteira, sólidos na traseira
Pneus:195/65 R15
Dimensões: 4.5 metros (comprimento), 1,7 m (largura), 1,5 m (altura)
Tanque: 43 litros
Consumo: 18 km/l (cidade), 17 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 12,1