Renault Kwid Zen
Cauê Lira
Renault Kwid Zen

“Ele é pequeno, só tem mais espaço em relação ao chão” , comenta um rapaz que andava pela rua enquanto eu tirava fotos do Renault Kwid, em um parque na zona norte de São Paulo. E de fato, durante o meu fim de semana com o novo compacto da Renault,  as perguntas mais frequentes eram em relação ao tamanho. Na propaganda estrelada pela atriz global Marina Ruy Barbosa, o Kwid surge como o SUV dos compactos, e gerou muita curiosidade pelo design fortemente inspirado no Captur.

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Em nossa avaliação, o modelo topo de linha Intense se saiu bem quando comparado ao Fiat Mobi. Mas será que a versão intermediária Zen, que carrega o maior volume de vendas do Renault Kwid , vale mesmo os R$ 34.990 que a marca francesa pede? 

O Kwid tem vocação para a cidade. Ele foi concebido para aqueles que buscam por algo prático, mas com um bom número de equipamentos. O acabamento é bem simples, mas os encaixes não demonstram fragilidade. Há uma mínima variedade de materiais, com plástico em tonalidade diferente revestindo detalhes no volante e nas saídas de ar. Os botões de abertura dos vidros dianteiros foram parar no painel central para economizar fios, reduzindo seu funcionalismo. Na segurança, todos os Kwid vendidos no Brasil trazem quatro airbags de série e ancoragem ISOFIX para as cadeirinhas de bebê.

Renault Kwid Zen
Divulgação
Renault Kwid Zen

Essa versão intermediária traz rádio simples com conectividade auxiliar, USB e Bluetooth - que adiciona R$ 400 ao valor final do compacto. Direção elétrica, ar-condicionado, sensor de estacionamento traseiro e travas com acionamento elétrico completam o pacote conforto. Não há conta-giros no cluster bem simplificado. Mas, ao menos, existe um indicador de troca de marcha que sugere o melhor momento para fazer os engates.

Os bancos dianteiros vêm com encosto de cabeça integrados à estrutura e um pouco desconfortáveis na região cervical. No Volkswagen Up!, que traz o mesmo padrão nos assentos, há um bom contato nas costas.  E com o banco dianteiro ajustado para mim - do alto de meus 1,84 m - me acomodei bem na parte de trás. Destaco o espaço para a cabeça, que costuma ser bem incômodo em outros hatches até mais caros. Para ir sentado no meio, entretanto, só uma criança. Apesar de compacto, com 3,68 comprimento, por 1,47 m de altura e 1,57 m de largura, a Renault tomou o cuidado e oferecer um espaço no porta-malas, com 290 litros de capacidade, ante 215 litros do Fiat Mobi.  

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Devo dizer que gostei bastante da dinâmica de condução do Renault Kwid. A posição de dirigir me agradou bem mais que a do Fiat Mobi, talvez por conta do design. O carro se mostra bem ágil na cidade com o 1.0, de três cilindros, que está sob o capô. São apenas 66 cv de potência e 9,8 kgfm de torque com gasolina no tanque. Pode parecer pouco, mas para um compacto com menos de 800 kg, sobra fôlego.  Por uma questão de redução de custo, na comparação com o 1.0 de Sandero e Logan, no Kwid o comando de válvulas é simples, não tem variador de fase e a partida a frio ainda funciona com injeção de gasolina vinda de um pequeno reservatório no motor.

Pisando fundo, o Kwid acelera de 0 a 100 km/h em 14,7 segundos, antes de atingir os 156 km/h de velocidade máxima.  Se você curte viajar, fique atento: na estrada, o hatch sofre com os ventos laterais. mostrando certa instabilidade enquanto roda a mais de 100 km/h. Em altas rotações, o motor grita mais que o ideal, mas acaba ficando dentro dos parâmetros do segmento.

No limite

Renault Kwid Zen
Cauê Lira
Renault Kwid Zen

A escalonagem da transmissão também é outro ponto forte. A embreagem macia combinada aos engates curtos e articulação da alavanca deixam a condução bem mais confortável. Manobrar o Kwid é fácil não apenas pelo tamanho, mas também pelo raio de giro estreito que facilita as manobras. Como foi muito bem observado pelo rapaz que praticava corrida na manhã de domingo, há um bom vão livre do solo. São 18 cm que ajudam a superar obstáculos urbanos com facilidade. Mas pegue leve nas curvas, pois o centro de gravidade não ajuda. Fica devendo controle de estabilidade e tração, mas é claro que um carro feito no limite ficaria caro com esse tipo de gerenciamento. 

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Bons também são os números de consumo deste tricilíndrico. De acordo com o Inmetro, o Kwid faz 14,9 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada com gasolina. Com combustível vegetal, os números vão para 10,3 km/l e 10,8 km/l respectivamente. 

De acordo com os valores de revisão com preço fechado da Renault, até os 60 mil km, você gastará R$ 2.449 com as revisões. E para cobrir os 3 anos de garantia, são três revisões de R$ 388, uma a cada 10 mil km. O preço do seguro, por outro lado, chega a assustar. Nossa cotação mais em conta para um homem de 35 anos sem filhos, com garagem, ficou na casa dos R$ 2.800. Neste quesito, ponto para o Fiat Mobi, que cobra apenas R$ 1.600 pela mesma cobertura. 

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Econômico, dinâmico e confortável, o Renault Kwid é sim uma boa aposta para quem procura um hatch honesto, com R$ 35 mil no bolso. Principalmente pelo bom espaço interno e de carga. Você só terá que explicar aos seus amigos que ele não é um SUV com espírito de hatch, como diz a propaganda da Renault. O contrário faz muito mais sentido.

Ficha Técnica - Renault Kwid Zen 1.0

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Preço: R$ 35.390 (com opcionais)

Motor:  1.0, três cilindros, flex

Potência:  70 cv (E) / 66 cv (G) a 5.500 rpm

Torque:  9,8 kgfm (E) / 9,4 kgfm (G) a 4.250 rpm

Transmissão:  Manual, cinco marchas, tração dianteira

Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / Eixo de torção (traseira)

Freios:  Discos ventilados (dianteiros) / Tambores (traseiros)

Pneus:  165/70 R14

Dimensões: 3,68 m (comprimento) / 1,58 m (largura) / 1,47 m (altura), 2,42 m (entre-eixos)

Tanque: 38 litros

Porta-malas: 290 litros

Consumo etanol: 10,3 km/l (cidade) / 10,8 km/l (estrada)

Consumo gasolina: 14,9 km/l (cidade) / 15,6 km/l (estrada)

0 a 100 km/h: 14,7 segundos

Velocidade máxima: 156 km/h  


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