Jaguar I-Pace 2020: SUV elétrico de personalidade forte
Por Caue Lira
23/08/2019 12:26:00Cheio de tecnologia, modelo inglês pode acelerar de 0 a 100 km/h em 4,8 s. Confira as impressões sobre o utilitário esportivo de R$ 452 mil no dia a dia
Após certo tempo de carreira, poucos carros realmente surpreendem os jornalistas especializados à décima potência. Ainda que seja um esportivo com 450 cv na faixa dos R$ 600 mil, sempre temos outros modelos como referência; e a partir deles, moldamos nossas expectativas. Mas o Jaguar I-Pace, primeiro SUV elétrico do Brasil, entra para o “hall” dos carros que me conquistaram na primeira acelerada, justamente por não saber o que esperar.
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Ainda lembro do nosso primeiro contato. Tive direito a duas voltas no Autódromo Velo Città, no interior de São Paulo. A entrega instantânea do torque, as costas grudando no assento e o zunido agudo enquanto o SUV chega aos 180 km/h pouco depois da metade da reta principal foram emoções que ficaram na minha cabeça por dias. Três meses depois da experiência, finalmente teria o SUV na minha garagem.
Nos primeiros minutos com o Jaguar I-Pace na cidade, percebo que a Jaguar esqueceu de incluir ajuste de lombar para o motorista, carregadores por indução e comandos elétricos para altura e profundidade do volante. Não são itens que fazem uma grande diferença, mas um carro de quase meio milhão poderia ser mais requintado. O acabamento é muito primoroso, com materiais de qualidade e um jogo de texturas interessante.
Moro a 24 quilômetros de distância da sede da JLR, onde retirei o I-Pace. Mesmo com o ar-condicionado ligado e sistema de mídia funcionando durante todo o percurso, o SUV chegou ao destino com 96% de carga, e 370 km de autonomia. Garanto que é mais econômico que um iPhone.
Minha casa não chega a ser tão antiga, mas também não conta com tomadas aterradas. Se fossem, poderia carregar o I-Pace durante a noite e repôr 80% de sua bateria em dez horas, gastando menos de R$ 70. Nas unidades de recarga rápida, esse tempo pode baixar para 40 minutos.
Durante o fim de semana, fiquei à vontade para andar com o I-Pace. Não é um carro que chama a atenção de todos, apesar do design de hatch bombado e as rodas aro 21. Além disso, tinha em mente que um atacadista nas proximidades do meu bairro contava com unidades de recarga para carros elétricos
e também poderia recorrer às concessionárias da Jaguar Land Rover da região, totalmente na faixa.
Andando nas nuvens
O I-Pace é extremamente confortável. A ausência das vibrações de um motor a combustão faz com que o SUV seja suave como uma pluma. Nas palavras da minha namorada, é como se rodasse sobre as nuvens. A suspensão independente nos dois eixos lê as imperfeições do solo, mas não chega a incomodar em uma cidade esburacada como São Paulo.
Ainda estamos falando de um Jag - ou seja, um veículo com DNA esportivo. O I-Pace é meio-urbano, meio-performance; o tipo de carro que não se importa em ser duro nos buracos e valetas, mas que também enfrenta qualquer tipo de curva com voracidade.
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O centro de gravidade é baixo para um SUV - 13 cm menor que o F-Pace - e como as baterias estão escondidas abaixo do assoalho, a rolagem da carroceria é amenizada revelando um utilitário muito direto e divertido. Ademais, o desenho arrojado permite o bom coeficiente aerodinâmico de 0,29, o melhor da categoria.
As acelerações são vigorosas, chegando aos 100 km/h em míseros 4,8 segundos e ignorando o corpanzil de 2,2 toneladas. Mais impressionante que pisar fundo é fazer uma retomada, onde o I-Pace tem força total para grudar as costas de todos os ocupantes no banco. São 400 cavalos puro-sangue de potência e 70 kgfm de torque.
Bastou chegar no shopping para enfrentar os primeiros empecilhos. Com 4,68 metros de comprimento e 2 m de largura, o I-Pace é requer certo cuidado para estacionar em vagas apertadas. Por sorte, os sensores de aproximação dianteiro e traseiro ajudam no trabalho difícil. O porta-malas com abertura e fechamento automático tem 656 litros, mas preferi utilizar o bagageiro abaixo do capô para matar a saudade da VW Brasília que meu tio vendeu em 1999.
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Ao lado de Porsche Macan GTS, Audi Q8 e Peugeot 3008, o novo Jaguar I-Pace entra para a lista dos SUVs que eu teria. Num mundo cada vez mais chato, é bom ter um crossover anabolizado e cheio de energia. É realmente uma pena que a brincadeira custe R$ 452.200. Abaixo disso, chegarão outros SUVs elétricos ao Brasil, o Audi E-tron e o Volvo XC40.
Jaguar I-Pace
Motor: EV400 SE, elétrico
Potência: 200 cv (motor dianteiro), 200 cv (traseiro)
Torque combinado: 70 kgfm
Transmissão: automática, 1 marcha, tração integral permanente
Suspensão: braços sobrepostos (dianteira e traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira e traseira)
Pneus: 255/60
Dimensões: 4,6 m (comprimento), 2,01 m (largura), 1,56 m (altura), 2,99 m (entre-eixos)
Porta-malas: 565 litros
0 a 100 km/h: 4,8 s
Vel. Máx: 200 km/h