Imagino que não deve ter sido fácil para o pessoal da Mercedes ter mudado tudo no Classe C, o carro mais vendido da marca. Mas não é que acertaram? O carro ficou bem ajustado e com uma dose de sofisticação para ninguém encontrar defeito, a menos que você seja um purista que não esteja acostumado com tanta tecnologia.
Na versão C300 AMG Line (R$ 399.900) há uma infinidade de recursos para quem pode pagar o preço de um apartamento pela novíssima geração do sedã rival de BMW Série 3 , Audi A4 , Volvo S60 e companhia. Além dos comandos por voz MBUX aperfeiçoados, há tela de 11,9 polegadas no console central e nada menos que 300 combinações possíveis de luz ambiente.
Logo que fui ajustar a posição de dirigir já deu para notar que agora aqueles tradicionais botões dos bancos que ficam na porta passaram a ser sensíveis ao toque. Basta encostar o dedo e pronto, tudo começa a funcionar. Dê a partida, conecte o celular à central multimídia sem precisar de fios, fale o endereço para onde quer ir e o sistema de navegação vai te orientando com perfeição com informações projetadas no para-brisa.
É como se você estivesse no filme "Tron", cuja versão original dirigida por Steven Lisberger está prestes a completar 40 anos. Quem diria, que um dia iria ver ao vivo e em cores algo parecido com o que assisti no cinema quando era apenas um garoto. Porém, até por uma questão de ergonomia, alguns pontos importantes do Classe C continuam no mesmo lugar, como é o caso do seletor do modo de condução. São cinco ao todo: Eco, Comfort, Sport, Sport+ e Individual.
Vamos no segundo deles, afinal, o asfalto em São Paulo está cada vez mais deteriorado e, apesar de belas, aquelas rodas de aro 19 montadas em pneus de perfil baixo 225/40R não me pareceram que iriam gostar muito (nem eu) de sofrerem com uma pressão maior dos amortecedores contra o chão. Mesmo assim, pegamos uma estrada rumo ao litoral sul e o carro sempre se mostrou bem estável e com aquela dupla personalidade que muita gente gosta.
Se pisar de leve no acelerador, todo o silêncio a bordo se mantém, com suavidade de um sedã de luxo . Porém, caso resolva colocar à prova os 257 cv e nada desprezíveis 40,7 kgfm de torque do motor 2.0 turbo, a voz do C300 engrossa e a paisagem lá fora de torna um borrão ao acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 6 segundos, conforme a fabricante. O câmbio é automático, de 9 marchas, com hastes atrás do volante para trocas sequenciais, sempre rápidas e precisas.
Bons sinais de evolução
A solidez da carroceria e a precisão com que o carro responde aos comandos de direção, freios e do acelerador também foram pontos que causaram uma boa impressão. Inclusive, nas medições do nosso colunista Renato Maia, do canal Falando de Carro, o Mercedes C300 AMG Line conseguiu frear de 100 km/h a 0 km/h em pouco mais de 36 metros, uma ótima marca e que mostra o quanto esse sedã é seguro.
Indo para a parte de consumo, de acordo com os dados fornecidos pelo Inmetro, com ajuda do motor elétrico que faz pare do sistema EQ Boost , o Mercedes C300 AMG Line faz 9,6 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada com gasolina, já que o carro deixou de ser fabricado no Brasil e agora é importado, primeiramente da Alemanha e, depois, da África do Sul.
Com um tanque de razoáveis 50 litros, ainda segundo a mesma fonte, é possível rodar 480 km em trechos urbanos e 635 km em rodoviários.
Como vem com tração traseira , o túnel do eixo cardã acaba atrapalhando quem for sentado no meio do banco traseiro, mas os demais ocupantes viajam com bastante conforto, desfrutando do acabamento caprichado que combina principalmente couro com alumínio.
Achei bastante práticas e estilosas as saídas de ar com botão central para regular o fluxo com rapidez. Mas confesso que preferia um comando giratório para regular o volume do som e para trocar a estação de rádio, o que ajudaria no ajuste mais fino do que ter que deslizar o dedo na tela ou no volante bem sensível ao toque. Em contrapartida, o porta-malas de 455 litros consegue levar a bagagem de cinco ocupantes sem muito aperto.
Conclusão
Leia Também
Leia Também
Não resta dúvida de que o Classe C evoluiu bastante em relação à geração anterior, mas se comparado aos principais rivais, mas mesma faixa de preço, faltou um nível de eletrificação maior que contribuísse tanto com a redução do consumo quanto com o desempenho. A Mercedes optou por um sistema mild hybrid , que dá apenas um impulso ao carro.
Leia Também
Leia Também
No caso do BMW 330e MSport , o motor elétrico traciona e o carro ainda é plug-in, ou seja, pode ser ligado na tomada, assim como o o Volvo S60 T8 Polestar , dois modelos que também tivemos a oportunidade de avaliar com mais detalhes.
Ficha técnica
Motor: 2.0, turbo, quadro cilindros em linha, auxiliado por outro elétrico
Potência: 258 cv a 5.800 rpm e 27 cv do motor elétrico
Torque: 40,8 kgfm a 2.000 rpm e 20,4 kgfm do motor elétrico
Câmbio: Automático, 9 marchas, tração traseira
Freios: discos ventilados na dianteira e na traseira
Dimensões: 4,75 m de comprimento, 1,44 m de altura, 1,82 m de largura e 2,87 m de entre-eixos
Porta-malas: 455 litros
Consumo: 9,6 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada
0 a 100 km/h: 6 segundos
Vel. Max: 250 km/h