Quando falamos em picapes médias, a Toyota Hilux reina soberana nas vendas, até o momento dessa matéria. No entanto, os números de emplacamentos nem sempre refletem a qualidade real de um veículo. É comum que muitos se deixem levar pelas mais populares, mas a verdadeira excelência vai além das estatísticas de mercado.
Ao avaliar o conjunto completo, a Ford Ranger lidera como a picape imbatível entre suas concorrentes. Testamos a versão topo de linha da Ranger , a Limited , equipada com um pacote adicional que eleva seu preço em R$ 30 mil , chegando aos R$ 349.990 (sem o pacote custa R$ 319.990 ).
Entre as rivais, a Ranger Limited só é mais barata que a Toyota Hilux GR . Sem o pacote adicional, a Amarok Extreme ainda é mais cara. A Ranger oferece o melhor pacote de recursos, motor V6 com câmbio do Mustang , ótima calibração de suspensão, e muito mais.
VISUAL E DIMENSÕES
O visual da nova geração da Ranger está mais arrojado e agressivo em comparação com a quinta geração. As linhas mais imponentes lembram a irmã F-150 e apresentam uma estética mais robusta. A dianteira foi mais elevada, destacando-se pelos faróis full LED em formato ‘’C’’ e uma grade dianteira com uma ‘’régua’’ cromada que se estende pela peça.
Nas laterais, destacam-se os vincos marcados nas portas, emprestados da Maverick e novamente da F-150 . Na versão testada, as exclusivas rodas aro 20” (pneus 255/55) dão um visual imponente. Já a versão sem o pacote adicional, dá outros calçados a Ranger : rodas aro 18” (pneus 265/55). Embora o aro maior torne a picape um pouco mais rígida ao passar por buracos, em contrapartida, oferece uma leve vantagem ao realizar curvas em altas velocidades.
Na traseira, novas lanternas em LED com máscara negra e o nome do veículo gravado na carroceria adicionam um toque de charme. Os detalhes funcionais também são marcantes na picape, como o degrau nas laterais para facilitar o acesso à caçamba e fios vermelhos para garantir segurança para quem estiver em cima da carroceria não tropeçar. Há também uma régua na tampa que pode ser útil para aqueles que vivem medindo coisas. Pena que a tampa da caçamba não cai devagar ao soltá-la.
No entanto, o engate de reboque já está integrado na Ranger Limited , incluindo o plug das lanternas, o que mostra um pensamento além do comum no mercado brasileiro. Além que, na central multimídia, o condutor conta com um assistente de reboque que ajusta o comprimento e a largura para otimizar a condução dos assistentes de condução, compensando a oscilação e para os sensores de ponto cego se adaptarem.
Em termos de dimensões, a Ranger apresenta 5,37 m de comprimento , 2,20 m de largura (incluindo os espelhos), 1,88 m de altura e um entre-eixos de 3,27 m. Sua caçamba comporta 1.250 litros , sendo a segunda maior do segmento, ficando atrás apenas da Volkswagen Amarok , que oferece 1.280 litros. A carga útil é de 1.023 kg, enquanto sua capacidade de reboque fica atrás de algumas concorrentes com 3,1 toneladas .
Por outro lado, a picape se destaca por sua elevada capacidade de imersão , alcançando 800 mm , enquanto outras concorrentes não divulgam essa informação, exceto a Amarok , que registra 500 mm. Os ângulos de entrada e saída são de 30° e 26º, respectivamente, enquanto o tanque de combustível comporta 80 litros. Por fim, entre as picapes, a Ranger é a mais pesada, totalizando 2.357 kg.
MOTORIZAÇÃO E SENSAÇÃO
A Ranger traz grandes novidades no conjunto, trazendo o mesmo motor da F-150 de 2018. Seu motor é um V6 3.0 turbodiesel de 250 cv e 61,2 kgfm de torque, números excelentes em comparação com os concorrentes. No teste, alcançou os 100 km/h em 9,2 segundos , seguindo a divulgação da Ford , sendo apenas superada pela Amarok , que alcança a marca em 7,4 segundos.
O destaque fica para o câmbio de dez velocidades, o mesmo do Mustang , o que oferece uma ampla gama de marchas para otimizar o desempenho em diferentes situações. Na cidade, a Ranger se mostrou ágil, com apenas um pequeno atraso na resposta ao acelerador, enquanto em velocidades mais altas demonstrou excelente resposta e fortes retomadas, mantendo as rotações em torno de 1.700 rpm a 120 km/h.
Em nenhum momento senti qualquer instabilidade em altas velocidades - a Ranger se mostrou firme. O destaque vai para o volante com assistência elétrica, o que levou uma condução mais suave e equilibrada do que as demais picapes em viagens longas. Mesmo em curvas de alta velocidade, a Ranger se manteve firme e precisa, sem apresentar oscilações ou tendências a sair da trajetória.
Quanto à suspensão, a Ranger oferece uma excelente maciez ao passar por buracos, sem comprometer a rigidez necessária para uma picape. A calibração precisa absorve os solavancos com eficiência, graças à ótima calibração da suspensão independente na dianteira e ao eixo rígido na traseira, além dos amortecedores que estão pra fora das longarinas. Já o isolamento acústico é algo de impressionar, especialmente considerando se tratar de uma picape a diesel.
E FORA DE ESTRADA?
Assim como no on-road, a Ranger mostra sua robustez e versatilidade fora delas. Bom, potência ela tem, mas mais do que isso, ela oferece uma gama de modos de condução projetados para enfrentar uma variedade de obstáculos. Com seis modos de condução (Normal, Eco, Escorregadio, Rebocar/Transportar, Lama/Terra e Areia) a Ranger ajusta diversos parâmetros para enfrentar qualquer terreno. Os modos são alterados pelo seletor central no console.
Durante os testes, enfrentei uma variedade de terrenos bem diferentes, onde a Ranger se saiu incrivelmente bem, mesmo no modo "Normal" com apenas o 4X4 ativado. Em situações mais exigentes, utilizei o 4X4 com diferencial, e o desempenho foi excelente. A suspensão macia oferece uma condução suave, mesmo em terrenos irregulares, garantindo estabilidade em subidas e descidas, mesmo conduzindo um pouco mais forte.
Além disso, o pacote adicional mencionado no começo inclui quatro câmeras de alta resolução, que fornecem uma visão em 360°, facilitando a navegação em terrenos de visibilidade reduzida. Através da central multimídia, também é possível travar o diferencial traseiro e acionar o assistente de descida, que é um anjo nas horas de descidas mais íngremes. Além disso, o sistema fornece informações detalhadas, como a pressão dos pneus e os ângulos de inclinação do veículo. Resumindo, o pacote off-road é extremamente completo.
INTERIOR E TECNOLOGIA
Os bancos, com ajustes elétricos disponíveis apenas para o motorista em oito posições, oferecem um bom conforto e boa empunhadura nas laterais . O destaque fica aos materiais, que sobressaem entre as picapes médias, com toques suaves nas portas e um pouco no painel, enquanto os plásticos restantes são de boa qualidade. O volante oferece ótima empunhadura e conforto, além de permitir ajustes de altura e profundidade.
O painel de instrumentos de 12,4”, parte do pacote opcional (sendo 8’’ sem o pacote), apresenta uma interface interativa e intuitiva, oferecendo diversas informações do veículo. O pacote opcional inclui o controle automático adaptativo stop & go, que é bem calibrado por sinal, evitando freadas bruscas em situações de um veículo entrar na frente em um espaço relativamente grande.
Além disso, oferece outros itens de segurança indispensáveis, como monitoramento de ponto cego com cobertura de reboque, assistente autônomo de frenagem e alerta de tráfego cruzado em marcha a ré, assistente de manobras evasivas, assistente de permanência e centralização em faixa, assistente de cruzamentos, e as já citadas câmeras 360°.
A central multimídia SYNC 4 , na vertical de 12”, apresenta uma excelente resolução e foi estrategicamente posicionada de acordo com as preferências dos usuários de picapes. A interface é rápida e de fácil navegação, permitindo ao condutor modificar diversas configurações do veículo e emparelhar o celular ao Android Auto ou Apple Carplay sem fio. No entanto, as funções o ar-condicionado pelo multimídia ocupam espaço desnecessário.
Falando nele, o ar-condicionado é de duas zonas e oferece ventilação nos bancos traseiros, porém algumas opções ficam ocultas no multimídia, o que pode ser bem chato. Quanto ao sistema de áudio, a qualidade dos graves e médios são excelentes quando reproduzidos pelos seis alto-falantes.
Em termos de conectividade, o veículo possui quatro saídas de carregador USB-C e USB-A, juntamente com um carregador por indução bem posicionado, embora pudesse ter uma ventilação para não esquentar o smartphone. Por fim, há uma tomada de 12V na caçamba.
SEGURANÇA
Em termos de segurança, não há reclamações. A Ranger é uma picape completa nesse quesito também. Ela possui acendimento automático dos faróis com comutação, sensor de chuva, sete airbags ( frontais, laterais, cortinas e joelho para o motorista) alerta de colisão com frenagem automática com detecção de pedestre, caso o condutor não freie a tempo, assistente de partida em rampas, auto hold, assistente de permanência em faixa com centralização, muito boa por sinal, limitador de velocidade, sensores dianteiros e traseiros, reconhecimento de placas, além dos outros já citados.
RESUMO DA ÓPERA
Atualmente, sem sombras de dúvida, hoje em dia a Ford Ranger é a picape mais completa e tecnológica do mercado . O motor responde muito bem em diversas situações, além de ser agradável ao dirigir. O acabamento supera o de outras picapes médias do segmento, assim como o espaço. A Ranger certamente está à frente de suas concorrentes.
Mas temos que lembrar que a picape da Ford é a primeira entre as picapes a apresentar a nova geração. Por exemplo, a Hilux passará por uma nova geração nos próximos anos, inspirada na Tacoma vendida nos EUA, enquanto a Chevrolet S10 recebeu apenas um facelift inspirado na Colorado e que está bem mais completa. Quanto à Amarok , virá apenas de um facelift bem grande com o mesmo motor potente, e resta saber se será suficiente para competir. Mas, hoje em dia, a Ranger continua sendo a picape a ser superada.