O mercado de veículos elétricos nos Estados Unidos, impulsionado por políticas democráticas, enfrenta incertezas após a eleição de Donald Trump. Especialistas ouvidos por The New York Times, no entanto, acreditam que a transição para carros elétricos continuará, mesmo que em ritmo mais lento.
Trump e republicanos no Congresso planejam eliminar a maioria dos subsídios federais para carros elétricos e reverter regulamentações de emissões. Essa postura levanta dúvidas sobre o futuro desses veículos e os bilhões de dólares investidos pelas montadoras em seu desenvolvimento.
Apesar das ameaças políticas, fatores de mercado e avanços tecnológicos devem sustentar a transição para veículos elétricos a longo prazo. Os preços das baterias, componente mais caro, estão caindo rapidamente, tornando os carros elétricos mais competitivos em relação aos modelos a combustão.
A tecnologia também está evoluindo. As baterias estão ficando mais leves e menores, permitindo carregamento mais rápido e maior autonomia. Em 2024, foram adicionados mais de 12 mil carregadores públicos de alta voltagem nos EUA, um aumento de 33% em relação ao ano anterior.
Compromisso das montadoras
As montadoras mantêm seu compromisso com a eletrificação, independentemente de quem ocupa a Casa Branca. Randy Parker, CEO da Hyundai Motor America, afirmou que a empresa está comprometida com a eletrificação, apesar de possíveis mudanças políticas.
A Hyundai recentemente iniciou a produção do Ioniq 5 em uma nova fábrica de US$ 7,6 bilhões perto de Savannah, Geórgia. O complexo empregará 8.500 pessoas quando atingir a capacidade total, exemplificando os empregos e investimentos gerados pelos veículos elétricos.
A indústria de veículos elétricos criou aproximadamente 143 mil empregos nos EUA nos últimos cinco anos. Projeções indicam que o setor pode gerar até 1,5 milhão de novos empregos até 2035, à medida que a demanda cresce e mais investimentos são realizados.
Analistas alertam que as vendas de carros elétricos, geralmente mais caros que os modelos a gasolina, sofrerão impacto se os republicanos revogarem a Lei de Redução da Inflação, que inclui o crédito fiscal de US$ 7.500 e subsídios para fabricação de baterias.
O representante Mike Johnson, republicano da Luisiana, reiterou a ameaça após sua reeleição como presidente da Câmara. "Vamos salvar os empregos de nossos fabricantes de automóveis, e faremos isso acabando com os ridículos mandatos de veículos elétricos", declarou.
Especialistas citam o exemplo da Alemanha, onde as vendas de veículos elétricos caíram 27% no ano passado após o governo reduzir os incentivos para os compradores. Nos EUA, a eliminação dos créditos poderia reduzir as vendas anuais em mais de 300 mil unidades.
Apesar dos desafios, muitos especialistas acreditam que forças de mercado e progresso tecnológico impulsionarão a transição para veículos elétricos a longo prazo. A expectativa é que os carros elétricos custem o mesmo ou menos que os veículos a combustão até o final da década.
Várias montadoras estão lançando modelos mais acessíveis. A General Motors vende um Chevrolet Equinox elétrico por cerca de US$ 35.000 e planeja relançar o Chevrolet Bolt este ano a um preço menor. A Honda começará a produzir carros elétricos em Ohio ainda este ano.
A Tesla anunciou que começará a vender um veículo mais barato até meados do ano, embora não tenha fornecido detalhes. A Volvo planeja lançar uma versão do EX30 com preço esperado abaixo de US$ 37.000 ainda este ano.
Muitos estados, incluindo Colorado, Nova York e Washington, mantêm subsídios para veículos elétricos. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, afirmou que o estado reativará seus incentivos se os créditos fiscais federais forem revogados.
Na China, as vendas de veículos elétricos dispararam quando os preços caíram para o mesmo nível ou até abaixo dos carros a gasolina. Metade de todos os novos carros vendidos na China são elétricos ou híbridos plug-in, comparado a cerca de 10% nos Estados Unidos.