
Uma semana após sua eleição, o Papa Leão XIV demonstrou continuidade na política ambiental do Vaticano ao optar por um veículo híbrido para seus deslocamentos oficiais. Durante visita surpresa a irmãos agostinianos em Roma, o pontífice utilizou, pela segunda vez, um Volkswagen Tiguan híbrido plug-in.
O modelo escolhido é o Tiguan Edition Plus, versão que na Itália tem preço inicial de 50.300 euros, aproximadamente R$ 316 mil na conversão direta. Além do SUV, o novo líder da Igreja Católica também já foi visto utilizando a Multivan, equivalente contemporâneo da tradicional Kombi.

A utilização de veículos eletrificados pelo novo papa integra um plano mais amplo do Vaticano, que busca se tornar um Estado com emissão neutra de carbono até o final desta década. A iniciativa, denominada "Conversão Ecológica 2030", foi estabelecida durante o pontificado de Francisco.
Parceria com a Volkswagen
O acordo entre a Santa Sé e a montadora alemã foi firmado em 2024, ainda sob a liderança do Papa Francisco. A parceria prevê o fornecimento de veículos eletrificados ao Vaticano em regime de aluguel de médio ou longo prazo, sem valores divulgados publicamente.

Segundo informações da própria Volkswagen, cerca de 40 veículos foram disponibilizados para a Santa Sé, grande parte pertencente à linha ID., totalmente elétrica. A maioria desses automóveis é utilizada por funcionários do Vaticano em atividades administrativas cotidianas e no comboio que acompanha o pontífice em suas viagens.
A motivação para essa parceria está fundamentada em dois importantes documentos escritos pelo Papa Francisco: a exortação apostólica Laudate Deum e a encíclica Laudato Si'. Ambos os textos defendem que a preservação do meio ambiente é indissociável dos valores cristãos.
Nos documentos, Francisco faz um apelo pela transição global para fontes não fósseis ou não poluentes de energia. O plano de neutralidade de carbono do Vaticano também inclui a instalação de carregadores elétricos no território do Estado e na Itália.
Outro componente da iniciativa é a certificação de que toda a eletricidade que abastece a sede da Igreja Católica seja proveniente exclusivamente de fontes limpas e renováveis, reforçando o compromisso ambiental da instituição.
Continuidade na política ambiental
Nascido em 1955, 19 anos após seu antecessor, o Papa Leão XIV já havia manifestado apoio à visão ecológica de Francisco antes mesmo de sua eleição ao trono de São Pedro. No final do ano passado, quando ainda era cardeal, defendeu posições ambientalistas.

Na ocasião, o então cardeal peruano argumentou que a Igreja Católica precisava passar "das palavras para a ação" nas questões ambientais. Também advogou por iniciativas concretas que valorizassem uma relação "recíproca" com a natureza.
Entre as medidas práticas sugeridas por Leão XIV antes de sua eleição estavam a instalação de painéis solares em propriedades da Igreja e a transição para veículos elétricos, demonstrando alinhamento com a política que agora implementa como pontífice.
O posicionamento ambiental do novo papa já repercute positivamente entre autoridades do setor. A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, manifestou-se nas redes sociais e convidou Leão XIV para a conferência climática que acontecerá em novembro em Belém, no Pará.
"É muito esperançoso saber que o papa Leão XIV parece estar alinhado com o papa Francisco sobre a urgência do combate às mudanças climáticas", declarou Ana Toni, que também ocupa o cargo de secretária nacional de Mudança do Clima no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.