Tesla perde espaço nos EUA e vê participação cair a 38%

Concorrência amplia ofertas e pressiona montadora

Tesla Cybertruck
Foto: Divulgação
Tesla Cybertruck

A Tesla registrou em agosto sua menor fatia no mercado de veículos elétricos dos Estados Unidos em quase oito anos, ao cair para 38% de participação, segundo dados da Cox Automotive.

O recuo reflete a pressão de concorrentes que ampliaram lançamentos e incentivos para atrair consumidores.

Em julho, a fatia da Tesla já havia caído de 48,7% para 42%, a maior queda mensal desde 2021.

Analistas projetam que o impulso nas vendas de elétricos deve continuar até setembro, quando expira o crédito fiscal federal de US$ 7.500 (R$ 41 mil).

Avanço da concorrência

A Tesla, que chegou a dominar mais de 80% do mercado, não ficava abaixo de 40% desde outubro de 2017, quando acelerava a produção do Model 3.

Agora, vê rivais como Hyundai, Honda, Kia e Toyota aumentarem vendas entre 60% e 120% em julho, enquanto a Volkswagen elevou em 450% as entregas do ID.4, concorrente direto do Model Y.

Nas concessionárias, consumidores relatam ofertas agressivas, como entrada zero, financiamento sem juros e bônus de recarga gratuita.

Um comprador de 41 anos da Califórnia, de acordo com a Reuters, trocou a ideia de adquirir um Toyota Camry pelo ID.4, atraído por leasing mais barato e carregamento rápido incluso.

Pressão sobre Musk

O último modelo lançado pela Tesla foi a picape Cybertruck, em 2023, que não repetiu o desempenho do Model 3 e do Model Y.

A atualização do SUV tampouco sustentou as vendas, e a empresa caminha para o segundo ano consecutivo de queda.

Sem novos veículos de massa no horizonte, Elon Musk tem priorizado projetos de robótica e robotáxis, adiando modelos mais baratos.

A estratégia sustenta parte da avaliação bilionária da companhia, mas amplia dúvidas sobre sua capacidade de competir no curto prazo.

O conselho propôs ainda um pacote salarial inédito de US$ 1 trilhão (R$ 5,5 trilhões) para Musk, vinculado à meta de elevar o valor da Tesla a US$ 8,5 trilhões em dez anos.

Lucros em risco

Durante anos, a Tesla liderou o setor com forte demanda e preços premium.

Nos últimos dois anos, porém, foi obrigada a reduzir valores para manter ritmo de vendas, comprimindo margens e preocupando investidores.

As vendas da Tesla cresceram 7% em julho, para 53.816 unidades, mas ficaram abaixo do avanço geral de 24% no mercado, que somou 128.268 elétricos. Em agosto, o crescimento desacelerou para 3,1%, frente a 14% da indústria.

Segundo a Reuters, para especialistas, a montadora enfrenta um dilema: oferecer mais incentivos e reduzir lucros ou preservar rentabilidade e abrir mão de mercado.

Imagem em disputa

Além das dificuldades comerciais, a imagem de Musk também pesa. Sua aproximação com Donald Trump e posterior rompimento em 2024 geraram críticas de consumidores e afetaram a marca.

Pesquisas internas indicam que posicionamentos políticos do empresário têm influenciado a percepção de parte do público.

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